No álbum de estreia, editado em 2021, Bárbara Tinoco partilhava as páginas do diário, coisas que ia escrevendo, de si para si. Em entrevista à agência Lusa, a cantora contou que em “Bichinho”, a ser editado na sexta-feira, quis escrever sobre coisas que ainda não tinha escrito e “emoldurar”.
“Como se fosse um álbum de fotografias auditivas, em que fui guardando pequenos momentos, pequenas inseguranças, e que tem músicas que me representam — de onde é que eu vim, quem sou hoje, o que já fui –, e depois tem as canções de amor, que são inevitáveis, porque ainda ninguém inventou uma coisa mais bonita para escrever do que o amor”, contou.
Bárbara Tinoco decidiu chamar “Bichinho” ao álbum, porque “reúne dois universos: o da tristeza e o de estar apaixonada e feliz”.
Entre as dez canções incluídas no álbum, há uma para um “Querido ex-namorado” e outra, “Bichinho”, que ofereceu ao atual, o músico e compositor Feodor Bivol.
Bárbara Tinoco partilhou que os dois universos cruzam-se na palavra ‘bichinho’ por ter sido esse o nome com que batizou os três gatos que adotou quando se separou, e o nome pelo qual começou a tratar Feodor Bivol, quando começaram a viver juntos.
Bárbara e Feodor compuseram o álbum “quase todo juntos”. “E ele produziu algumas faixas também. Só não fazemos estrada juntos, para não ser tudo, se não daqui a um bocado já não nos podemos ver”, disse.
“Bichinho” é também “um bocado a prova” de que a cantora gosta “de experimentar tudo”, como aconteceu este ano no Festival da Canção em que apresentou pela primeira vez um tema cantado em inglês.
“[Em ‘Bichinho’], sonicamente explorei muitas coisas que nunca tinha feito, estou a ‘rappar’, [algo] que nunca tinha feito. Tenho as minhas músicas acústicas na mesma, que são parte da minha identidade e costumo dizer que é a minha música meio seca, mas que eu adoro e que não vão deixar de ser eu. Mas tentei sair um bocado da caixa em todos os aspetos neste disco. Na escolha dos instrumentos, na escolha das produções”, explicou.
No futuro quer tentar escrever em russo, língua que começou a aprender quando começou a namorar com Feodor, que nasceu na Rússia. “Ainda não falo russo o suficiente para escrever uma canção, mas gostava imenso de um dia escrever nessa língua”, contou.
Por causa de Feodor começou “não só a aprender a língua, mas também as comidas típicas, como é que se fazem, a saber as tradições, a saber as festas, e a fazer parte da cultura”.
“Ele aprendeu as coisas da minha família e eu aprendi as coisas da família dele”, contou.
Além de compor e produzir no álbum, Feodor é também convidado enquanto cantor, que não é, em “Quero”.
“Acho ‘super bonito’ ouvir pessoas que não são cantores a cantar melodias meio ‘lullaby’ [música de embalar]. Então pedi-lhe para cantar assim. Gosto mesmo da coisa trapalhona de uma pessoa, que não é cantor, não estar a cantar perfeitinho, mas estar a cantar de uma forma bonita, que até faz chorar”, disse, partilhando que “ninguém gostava muito dessa canção”, só mesmo ela, e por isso é a “canção egoísta” de “Bichinho”.
O álbum é editado na sexta-feira, e no dia seguinte Bárbara Tinoco apresenta-se ao vivo no Campo Pequeno, em Lisboa, num concerto que está “completamente esgotado”.
Bárbara Tinoco, uma autodidata, tornou-se conhecida do público em 2018, quando entrou na fase de ‘provas cegas’ do programa de talentos “The Voice Portugal” da RTP. Não foi selecionada, mas teve a oportunidade de apresentar um tema original – “Antes d’ela dizer que sim”.
Seis anos depois, em 12 outubro de 2024, vai atuar na maior sala de espetáculos do país: a Altice Arena, em Lisboa. Os bilhetes, que custam entre os 17,50 e os 80 euros, já estão à venda.
“Sempre anunciámos os grandes concertos com muita antecedência”, disse à Lusa, partilhando que já teve “muitas ideias” do que gostava de fazer em palco nesse dia, “mas ainda há muito trabalho pela frente”.
Uma coisa é certa, o concerto na Altice Arena será “completamente diferente” do que apresenta no sábado no Campo Pequeno e que mostrou no final de março na Super Bock Arena — Pavilhão Rosa Mota, no Porto.
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