A diretora da FBAUP, Lúcia Almeida Matos, disse à Lusa, enquanto exemplo dos empréstimos nacionais e internacionais solicitados à coleção de arte da faculdade, que o desenho de Leonardo Da Vinci está neste momento na Holanda e vai ser exibido, no outono, no Louvre.
A FBAUP confirmou assim que o desenho “Rapariga lavando os pés a uma criança” vai integrar a exposição, a inaugurar no outono de 2019, segundo a página do museu mais visitado do mundo.
A primeira atribuição a Leonardo Da Vinci do desenho que pertence ao acervo da FBAUP foi sugerida em 1965 pelo historiador de arte e curador britânico Philip Pouncey, que veio a ser confirmada em 1977, quando foi examinado o original, no Porto, segundo a descrição da proveniência do desenho patente no repositório temático da Universidade do Porto.
“Pouncey deu a conhecer a sua descoberta no ano seguinte, num pequeno artigo publicado na revista Apollo. Tendo em conta a estreita relação estilística entre o desenho do Porto e um grupo de desenhos para uma composição da Virgem e o Menino com o Gato existente no British Museum, (...) Pouncey considerava que o desenho recém-descoberto deveria datar de c. 1480, ano em que o artista vivia ainda em Florença”, pode ler-se no mesmo texto.
Mais tarde, o historiador de arte e perito em Da Vinci Carlo Pedretti “sugeriu que tanto o desenho do Porto como os desenhos com ele relacionados do British Museum [datavam] de c. 1483, pouco depois da transferência de Leonardo para Milão”.
“Uma exposição excecional de Leonardo Da Vinci vai ser apresentada no Museu do Louvre no outono de 2019. Um conjunto único de obras que só o Louvre poderia reunir, para além da sua excecional coleção de pinturas e desenhos pelo mestre italiano”, pode ler-se na página da instituição.
O Louvre recorda que Leonardo Da Vinci abandonou Itália após a morte do seu patrono, Giuliano de Medici, tendo chegado ao Castelo de Clos Lucé, em Ambroise, em novembro de 1516, onde permaneceu até à sua morte, três anos depois.
“É por isto que o Louvre detém quase um terço das suas pinturas: aquelas que ele trouxe para França foram adquiridas por François I e entraram para as coleções reais, que provavelmente já incluíam ‘A Virgem dos Rochedos’ e ‘La Belle Ferronnière’, adquiridas por Louis XII. Este excecional conjunto de pinturas, que constituiu o começo das coleções do Louvre foi suplementado por 22 dos desenhos do artista”, explica o museu.
Segundo o Louvre, a exposição vai incluir uma “grande seleção de desenhos e um pequeno, mas significativo, grupo de pinturas e esculturas que vão fornecer algum contexto tangível”.
Já este mês, o governo italiano anunciou que não iria autorizar o empréstimo de obras para a exposição, uma vez que, segundo a subsecretária de Estado da Cultura, Lucia Borgonzoni, citada pelo The Art Newspaper, “Leonardo era italiano, só morreu em França, pelo que dar ao Louvre todas essas pinturas seria colocar a Itália nas margens de um grande evento cultural”.
Por seu lado, o diretor das Galerias dos Ofícios, em Florença, afirmou, citado pelo mesmo órgão de comunicação, estar certo de que os seus colegas franceses no Louvre o iriam apoiar na decisão de aplicar as mesmas regras às suas pinturas de Leonardo que eles aplicam à “Mona Lisa”, ou seja, a política de não emprestar as obras em causa.
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