“Luís Villas-Boas – O pai do Jazz em Portugal”, do divulgador e investigador João Moreira dos Santos, é “um gesto de gratidão” para com o homem que foi pioneiro em tudo o que está relacionado com aquele género musical em Portugal.

“É a pessoa que permite que nós hoje estejamos aqui sentados, numa parte de um edifício desenhado pelo arquiteto Cottinelli Telmo que está consagrado ao Jazz, onde estudam cerca de 300 alunos”, disse à Lusa, durante uma entrevista em Lisboa, que decorreu na escola de Jazz Luís Villas-Boas (Hot Clube de Portugal), enquanto a orquestra do Hot Clube de Portugal ensaiava para o espetáculo “Tudo isto é Jazz!”, que se estreia na sexta-feira no Centro Cultural de Belém.

João Moreira dos Santos considera que, sem Luís Villas-Boas “se calhar o Jazz já tinha desaparecido” de Portugal, “porque ele é que lançou os alicerces”.

“Ele funda o Hot Clube [de Portugal, em 1948, na Praça da Alegria, em Lisboa], que é o primeiro clube de Jazz em Portugal [e o mais antigo da Europa em atividade], tem um dos primeiros programas de rádio [emitido entre 1945 e 1969], o primeiro clube comercial de jazz, que era o Louisiana em Cascais, está nos primeiros programas de televisão, está na fundação das escolas de jazz”, recordou.

João Moreira dos Santos acredita que as pessoas que hoje se dedicam ao Jazz em Portugal são “uma continuação, não só do Villas-Boas, mas em grande parte do Villas-Boas, mas também da geração que estava com ele”, que inclui, por exemplo, os irmãos Ivo e Augusto Mayer, o primeiro pianista e o segundo fotógrafo.

“Este livro é uma vontade minha de não perdermos esta memória de onde é que vimos e porque é que estamos onde estamos”, disse.

O investigador já tinha publicado em 2007 um livro dedicado a Luís Villas-Boas, “O Jazz segundo Villas-Boas”, uma biografia “por tópicos, datas”.

“Luís Villas-Boas – O pai do Jazz em Portugal” é “uma história”. “Lê-se ‘de fio a pavio’ e há uma história que nos é contada”, referiu.

O livro inclui também uma coletânea de 70 entrevistas, dadas por Luís Villas-Boas entre 1948 e 1994, em imprensa, televisão e rádio.

“Achei que neste centenário o que era interessante era dar-lhe voz, deixá-lo falar, deixá-lo contar as suas histórias”, afirmou.

“Ouvir as histórias deste homem, e as lutas dele, o que passou, as dificuldades que teve que vencer para implantar o jazz, o que é que pensava do jazz, quais eram os seus sonhos, ambições dele, está tudo aí”, disse.

“Luís Villas-Boas – O pai do Jazz em Portugal” é apresentado na sexta-feira, no Centro Cultural de Belém, no âmbito da programação que celebra o centenário do divulgador e os 100 anos de Jazz em Portugal.