"Os três grandes dossiês de candidatura foram submetidos e, em 07 de novembro, a UNESCO [Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura] acusou a sua receção, inscrevendo-o entre o património que, em 2019, vai decidir", afirmou à agência Lusa Hélder Sousa Silva, presidente da câmara de Mafra, distrito de Lisboa.
Para a câmara municipal, que há mais de uma década persegue esse objetivo e liderou o processo, "é muito relevante, porque, se o palácio recebe hoje entre 300 mil a 400 mil visitantes [por ano], se viver a ter a designação, [será expectável] duplicar esse número", justificou o autarca.
A candidatura centra-se sobretudo na monumentalidade e unicidade do monumento. Além de ser o mais emblemático do barroco português, possui uma das bibliotecas mais ricas do mundo e ainda seis órgãos históricos e um conjunto sineiro, composto por dois carrilhões e 119 sinos, conjuntos únicos no mundo.
Desde que as comemorações do tricentenário, que encerram hoje, começaram em 17 de novembro de 2016, o palácio e a vila de Mafra têm vindo a receber mais turistas.
Em 2016, o palácio teve 327 mil visitantes e, este ano, até outubro, esse número já cresceu para 347 mil visitantes.
De acordo com Hélder Sousa Silva, esse acréscimo de turistas tem gerado mais receitas na economia local, e a capacidade que o Palácio Nacional de Mafra tem de atrair turistas tem aumentado os investimentos no concelho.
O autarca adiantou que estão em curso 20 novos projetos na área da hotelaria, que totalizam cerca de 30 milhões de euros de investimento, que vão aumentar em cerca de mil o número de camas no concelho, que hoje rondam as 4500.
A dinâmica económica está também a fixar população, a ponto de "o concelho não ter oferta para satisfazer a procura de habitação", uma vez que os imóveis que ficaram vazios com a crise da década de 2000 deixaram de existir.
O município recebeu este ano, até setembro, 550 processos de obra para a construção de habitação, enquanto em 2016 foram 400.
Desde 2004 que Mafra consta da lista bens patrimoniais portugueses a serem alvo de processo de classificação, proposta pela comissão nacional da UNESCO.
Em 2016, voltou a constar da listagem, depois de uma recomendação da UNESCO, em 2013, para que fossem atualizadas as listas dos Estados-membros, a cada dez anos, pré-requisito para a inscrição de bens na lista do património mundial.
O dossiê foi coordenado pelo município e pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), com a colaboração do Palácio Nacional de Mafra, Escola das Armas, Tapada Nacional e da paróquia de Mafra, assim como de diversos especialistas.
Datado do século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra, mandado construir por D. João V com a riqueza resultante do ouro vindo do Brasil, é um dos mais importantes monumentos representantivos do barroco em Portugal.
O património mais importante é constituído por dois carrilhões e 119 sinos, e pelos seis órgãos históricos existentes na basílica, além de esculturas e pinturas de mestres italianos e portugueses daquele período.
O palácio é ainda detentor de uma das mais ricas bibliotecas europeias, com um acervo documental de várias áreas de estudo do século XVIII.
Criada em 1747, a Tapada possui mais de 500 animais de 60 espécies diferentes, entre gamos, veados, javalis, aves como a águia de Bonelli ou o bufo real, répteis como salamandras, tritões e cobras, e uma floresta de 800 hectares.
Algumas das árvores são consideradas de interesse público, como o castanheiro-da-índia, a olaia e o sobreiro.
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