Esta mostra, que decorre no âmbito do protocolo celebrado em janeiro, entre a Casa da Arquitetura e a Assembleia da República, para o “Tratamento arquivístico dos projetos dos edifícios da Assembleia da República”, mostra a forma como se cruza a transformação arquitetónica do Palácio de São Bento e a evolução política de Portugal.
“Em vez de ser pensada cronologicamente, com apresentações de vários projetos de arquitetura relativos ao conjunto do edificado, a exposição pensa a Assembleia da República como objeto de ensaio sobre as relações entre espaço e poder”, disse hoje, à agência Lusa, a curadora, Susana Ventura.
Na Galeria da Casa da Arquitetura vão estar expostas fotografias de Paulo Catrica, que permitirão dar a conhecer espaços que normalmente permanecem “ocultos”, e aproximar as pessoas dos espaços comuns do chamado palácio de São Bento, ‘desconstruindo’ o edifício institucional e monumental, explicou.
Susana Ventura adiantou ainda que a mostra tem várias imagens históricas de alguns dos projetos mais significativos e que deram origem a espaços que ainda existem.
O objetivo é as pessoas entenderem como é que a evolução política “ocupou e transformou” os vários espaços da Assembleia da República, e como é que a arquitetura também condicionou ou foi um instrumento do sistema político, acrescentou.
O centro da galeria é ocupado por uma peça desenhada por Luísa Bebiano – espaço elíptico.
A curadora espera que esta produção “levante a ponta do véu” para futuras investigações.
A atual Assembleia da República, assento do Parlamento Português, foi cenário e palco de importantes movimentos sociais e regimes políticos: a Revolução Liberal de 1820, que dois anos depois deu origem à primeira Constituição Portuguesa, a abolição da Monarquia e consequente implantação da República, em 1910, a ditadura do Estado Novo e o seu fim, após a Revolução de 25 de Abril de 1974, com a restauração da Democracia.
O Palácio de São Bento tem as suas origens no primeiro mosteiro beneditino edificado em Lisboa, no século XVI, de acordo com a página do parlamento. O local definitivo, no entanto, foi escolhido já no século XVII, segundo projeto inicial de Baltazar Álvares, tendo sido continuado pelos frades Pedro Quaresma e João Turriano.
Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o edifício foi afeto à instalação das Cortes, ou parlamento.
Desde então, o palácio teve intervenções do arquiteto Possidónio da Silva, autor da primeira adaptação do espaço religioso à função laica, e de Jean François Colson, na segunda metade do século XIX.
Após o incêndio de 1895, o arquiteto Miguel Ventura Terra reformulou todo o projeto, estabelecendo as bases do palácio, como hoje é conhecido.
O novo edifício, que se estende pela praça de São Bento, em união com o edificado histórico, é um projeto de 1996 do arquiteto Fernando Távora.
A cerimónia de inauguração da mostra, no sábado, às 17:00, na Galeria da Casa da Arquitetura, conta com a presença do vice-presidente da Assembleia da República, Jorge Lacão, da presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, e do presidente da Casa da Arquitetura, José Manuel Dias da Fonseca.
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