Os investigadores Paul Dirks e Eric Roberts, da Universidade James Cook dataram o "homo naledi" no período entre há 236.000 e 335.000 anos, usando fósseis encontrados num sistema de cavernas.

"Quando identificámos os fósseis pela primeira vez, a maioria dos paleoantropólogos na investigação ficou convencida de que teriam um ou dois milhões de anos, mas são muito mais recentes. Isso quer dizer que um hominídeo primitivo persistiu em África por um período de tempo muito longo, muito para além do que se julgava possível", afirmou Dirks.

É a primeira vez que um membro afastado da árvore evolutiva humana é identificado num período em que os primeiros "homo sapiens" cruzavam o continente africano.

Paul Dirks considerou que a estrutura das mãos do “homo naledi” pode indicar que fabricava ferramentas, uma vez que no período em que viveu já existiam ferramentas em África.

Eric Roberts apontou a dificuldade de explorar as cavernas em que os fósseis foram encontrados, situadas no chamado Berço da Humanidade, um local perto da cidade de Magaliesburg, no nordeste do país.

Com passagens apertadas, é composto por duas câmaras, desconhecendo-se por enquanto por que razão os “homo naledi” ali foram acabar.

"Há um grande debate sobre se é um local funerário ou se ficaram ali presos. Podem ter sido perseguidos por leões ou até por outros humanos, podem não ter conseguido sair. Esta é uma região de grandes tempestades e há vestígios de impactos de meteoritos naquela altura. Pode especular-se o que se quiser, mas por agora subsiste a hipótese original de terem sido postos ali de propósito", afirmou John Hawks, da universidade de Wisconsin.

A ideia de o “homo naledi” colocar os mortos em câmaras subterrâneas de acesso difícil é comum em relação aos “neanderthal”, dos quais há prova de rituais funerários numa caverna profunda em Espanha, conhecida como Sima de los Huesos.

"A parte mais excitante do ‘homo naledi’ é que se tratava de criaturas com cérebros três vezes mais pequenos que os nossos", afirma Hawks, acrescentando que "não estamos a falar de um humano".

No entanto, parece partilhar um comportamento que reconhecemos, um cuidado pelos outros que continua após morrerem, salienta.

"Deslumbra-me pensar que podemos estar a testemunhar as raízes mais profundas das práticas culturais humanas", concluiu.

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