Segundo a organização desse evento no distrito de Aveiro, o cartaz competitivo de 2019 representa a seleção das melhores obras entre 1.367 candidaturas ao festival de cinema que é mais antigo do país e o terceiro do mundo com mais longevidade no segmento específico da animação.
"O Cinanima não se reduz a um concurso de filmes e muito menos a um mero conjunto de sessões de cinema de animação. Existe aqui uma clara preocupação em fomentar e divulgar o cinema de animação de autor e o interesse por esta arte, e a melhor forma de o fazer é apostar na componente formativa", declarou à Lusa o diretor do festival, António Cavacas.
Essa estratégia passa pela oferta de ‘masterclasses’ durante o certame, que este ano conta com o apoio da Fundação Altice para levar formação a Espinho, Porto, Matosinhos e Barcelos, e concretiza-se também durante o resto do ano, com programas educativos destinados a iniciar na Sétima Arte os alunos de várias escolas de Espinho e Ovar.
Outra vertente dessa política formativa é o próprio programa não-competitivo do Cinanima, que, entre 237 filmes, aposta em "sessões temáticas que foquem assuntos na ordem do dia" e este ano está, por isso, centrado na "problemática dos oceanos, como símbolos das alterações climáticas e da necessidade de lutar pela preservação do ambiente e do planeta".
António Cavacas realça, aliás, que da preocupação com os ‘habitats’ marinhos resultará uma mostra "variada e muito rica de diversos estilos e abordagens sobre o poder inspirador e a força dos oceanos, que é tema recorrente no cinema de animação de autor".
Quanto à mostra competitiva da 43.ª edição do festival, embora as candidaturas tenham diminuído de 1.508 para 1.367 entre 2018 e 2019, há este ano 113 obras em disputa face às 103 do ano passado. Aumentou agora a abrangência geográfica dessa seleção, já que os 43 países representados no evento no ano passado passaram na presente edição a 72.
O júri constituído por Margarida Madeira, Mário Gajo Carvalho e Regina Machado distribuiu da seguinte forma os 113 selecionados: 50 competem na secção de curtas-metragens, quatro na categoria de longas e 33 na de filmes dirigidos por estudantes, ao que se juntam ainda 16 candidatos ao Prémio Jovem Cineasta Português e 10 ao Prémio António Gaio.
Entre a totalidade dos filmes portugueses, há três que também competem pelo Grande Prémio Cinanima, que é a disputa geral entre curtas, longas e jovens realizadores. São eles "Tio Tomás - A contabilidade dos dias", de Regina Pessoa, "Purpleboy", de Alexandre Siqueira, e "A Mãe de Sangue", de Vier Nev.
Já a sessão de abertura do evento, por sua vez, caberá à longa-metragem "A Fantástica Viagem de Marona", que, realizada pela romena Anca Damian, terá a sua estreia em Portugal antes de chegar ao circuito de exibição mundial em janeiro de 2020.
Para António Cavacas, essa obra sobre um cão atropelado marca um ponto de viragem no estilo de Anca Damian, pois, ao contrário do que vinha sendo habitual na sua produção, o filme "não é inspirado numa personagem verídica nem construído como narrativa de documentário", embora mantenha a tendência da realizadora para "transpor histórias de vida para o ecrã, usando a animação e a sua diversidade gráfica e técnica como um recurso especial".
O festival Cinanima decorre em várias salas de Espinho e de outras cidades da região Norte, entre as quais a Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, onde a própria Anca Damian orientará uma ‘masterclass’ na segunda-feira de manhã. A sede do evento mantém-se, contudo, no Centro Multimeios de Espinho.
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