"Andy" estreia-se na quinta-feira, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, no âmbito da Bienal de Artes Contemporâneas (BoCA), e é o resultado da primeira experiência de Gus Van Sant, 69 anos, na encenação e nas artes de palco.
"Eu tinha trabalhado durante algum tempo num projeto sobre Warhol, mas não tinha decidido completamente como é que seria, quando John Romão [diretor artístico da bienal] sugeriu que fizessemos isto. O musical surgiu porque percebemos que poderia ficar bem", afirmou Gus Van Sant aos jornalistas no final de um dos ensaios do espetáculo.
Em "Andy", Gus Van Sant assina o texto, a encenação, a música e as letras para um elenco de nove jovens atores portugueses, contando ainda com direção musical de Paulo Furtado (The Legendary Tigerman).
O artista plástico que surge retratado no espetáculo "é uma personagem muito estranha que não condiz muito com a imagem que temos do Andy Warhol", explica Gus Van Sant, mas a intenção foi "tentar juntar os melhores momentos da vida" dele "para explicar a ascensão no mundo da arte dos anos 1960".
Num dos ensaios, os atores representam simbolicamente o momento em que Andrew Warhola se transforma no carismático e influente nome da 'pop art' Andy Warhol, com a ajuda de uma peruca, uma das imagens iconográficas do artista, e da famosa representação da lata de sopa Campbell's.
No papel de Andy Warhol está o ator Diogo Fernandes, encabeçando um elenco que conta ainda com Martim Martins, Lucas Dutra, Valdemar Brito, Helena Caldeira, Carolina Amaral, Miguel Amorim, João Gouveia e Francisco Monteiro.
São todos jovens atores entre os 17 e os 23 anos, que interpretam figuras com as quais Andy Warhol conviveu e se cruzou, como o escritor Truman Capote, o poeta e fotógrafo Gerard Malanga, a cantora Nico e o galerista Leo Castelli.
"Sou muito inexperiente, estou no primeiro ano da Escola Superior de Teatro e Cinema", começa por dizer à agência Lusa o ator Diogo Fernandes, 23 anos, que interpreta Andy Warhol.
Sobre esta experiência de teatro com Gus Van Sant, Diogo Fernandes elogiou a "grande liberdade" no trabalho com o elenco: "Ele tinha a visão dele, mas dá-nos uma grande liberdade para trabalhar e aceita as nossas propostas e é uma simbiose e um trabalho de autor muito saudável".
Gus Van Sant chegou a equacionar fazer o musical em língua portuguesa, mas optou pelo inglês, porque "Andy" fará uma carreira internacional a partir de outubro até ao final de 2022.
"Os atores na peça são muito experientes, embora sejam muito novos, dos 17 aos 23 anos. Fiquei surpreendido que fossem tão bons (...) e falam muito bem inglês", disse o realizador.
Das datas já confirmadas, sabe-se que, depois de Lisboa, o musical será apresentado de 07 a 10 de outubro no festival Roma Europa, em Itália, no dia 16 no Teatro das Figuras, em Faro, e em novembro estreará em Amesterdão, nos Países Baixos, e Antuérpia, na Bélgica.
Em 2022 estará em Valladolid, Espanha, e em Reims, Toulouse e Paris, em França.
"Este momento vai ser marcante para as nossas vidas. Todos nós estamos numa fase de carreira muito fresquinha, muito verde. E o facto de estarmos a trabalhar no nosso próprio país – eu acho que isso ainda é o mais bonito – e um realizador norte-americano como o Gus Van Sant vir a Portugal e trabalhar com um elenco português, não parece verdade. Não parece!", exclamou Diogo Fernandes.
A terceira edição da BoCA - Bienal de Artes Contemporâneas começou a 3 de setembro em vários espaços culturais de Lisboa, Almada e Faro, com apresentações de artistas de diversas áreas como Grada Kilomba, Capicua, Luís Lázaro Matos e Agnieszka Polska.
A bienal, que coloca em diálogo as artes visuais, a 'performance', as artes cénicas e a música, decorre até 17 de outubro.
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