Graça Fonseca falava hoje, na Câmara de Lisboa, na apresentação do programa das comemorações oficiais do centenário do nascimento de Amália Rodrigues (1920-1999).
Segundo a ministra, foram já digitalizadas pela Cinemateca “um conjunto de 31 bobines, com um total de 240 minutos, de imagens inéditas gravadas na década de 1960, por César Seabra, marido de Amália, onde se encontram inéditos da rodagem do filme ‘Ilhas Encantadas’, bem como filmagens de digressões pela Europa” e África.
Segundo a ministra, as “fitas inéditas estavam na posse da Fundação Amália Rodrigues” e a Cinemateca Portuguesa vai ainda proceder “ao restauro e digitalização em alta definição de um conjunto significativo de filmes em que participou Amália Rodrigues”.
Amália Rodrigues estreou-se no cinema em 1947, sob a direção de Armando Miranda em “Capas Negras”, ao lado Alberto Ribeiro. Voltou nesse mesmo ano ao cinema com “Fado, História de uma cantadeira”, de Perdigão Queiroga com António Silva e Eugénio Salvador, entre outros.
Protagonizou “Vendaval Maravilhoso” (1949), de Leitão de Barros, “Les Amants du Tage” (1955), de Henri Verneuil, e ainda “Sangue Toureiro” (1958), de Augusto Fraga, com quem tinha gravado na década de 1940 uma série curtas-metragens de fados seus.
Participou ainda nos filmes “Fado Corrido” (1958), de Jorge Brum do Canto, “As Ilhas Encantadas” (1965), de Carlos Vilardebó, “Via Macao” (1964), de Jean Leduc, e em “Bis ans Ende der Welt” (“Até ao Fim do Mundo”) (1991), de Wim Wenders.
Graça Fonseca, no âmbito das iniciativas do centenário amaliano, destacou “o eixo da salvaguarda patrimonial”, e referiu “o projeto de inventariação, digitalização e catalogação do espólio museológico de Amália Rodrigues, nomeadamente do acervo de Amália na posse de instituições arquivísticas e museológicas e de colecionadores particulares e da sua sistematização em base de dados a disponibilizar ‘online’ em acesso livre”.
Um projeto que qualificou como “um passo fundamental na preservação, bem como no desenvolvimento novas linhas de investigação em torno do vastíssimo legado da artista”.
Amália Rodrigues, nascida há cem anos, em Lisboa, protagonizou a mais fulgurante carreira musical do século XX em Portugal, cujo passo decisivo foi a sua atuação, em 1956, no Olympia, em Paris.
“De Paris parti para o mundo”, afirmou Amália em várias entrevistas.
A fadista atuou em vários países em todos continentes, e além de fado gravou ‘rancheras’ mexicanas, coplas e canções flamencas, temas do “American Song Book”, canções brasileiras, francesas e italianas.
A ministra garantiu que “ainda que centrada na cidade de Lisboa, a comemoração do centenário, tal como Amália, terá dimensão nacional e internacional”.
Referindo-se à criadora de “Povo que Lavas no Rio”, a ministra declarou: “A voz de Amália é uma morada de Portugal. Onde quer que cada um de nós esteja no mundo, a voz de Amália faz-nos viajar no espaço até àquele lugar que todos reconhecemos como o nosso país. E a voz de Amália leva Portugal onde quer a oiçam. Neste centenário, é esta a nossa missão: levar Amália e, com ela, Portugal a todo o lado”.
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