A entrega da distinção, pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, decorrerá no dia 3 de junho em Lisboa, numa sessão em que serão exibidos os filmes "Imagens de Portugal 148", de 1958, que revela a inauguração da Cinemateca, então no Palácio Foz, e "24 memórias por segundo" (2018), de Carlos Miranda, sobre o Arquivo Nacional das Imagens em Movimento.

A Cinemateca tem estado, desde setembro passado, a assinalar os 70 anos de existência, com um extenso programa de atividades, com ciclos de cinema, lançamento de livros, debates e um colóquio que contou com a presença do Presidente da República.

Entre as iniciativas já realizadas contam-se a exibição integral da obra de Manoel de Oliveira e a edição do primeiro de vários volumes com todos os textos que o cinéfilo João Bénard da Costa produziu no âmbito das atividades de programador e diretor da Cinemateca.

Apesar de existirem ainda ações que se estenderão para lá de junho, a Cinemateca encerra as comemorações dos 70 anos em junho com um ciclo de sete sessões de cinema "dedicado à interrogação sobre o próprio conceito de património e à sua perceção por parte das várias gerações do Cinema Português".

"Canção da terra" (1938), de Jorge Brum do Canto, "Ato da Primavera" (1962), de Manoel de Oliveira, e "Uma abelha na chuva" (1971), de Fernando Lopes, são alguns dos filmes a exibir, todos seguidos de um debate com realizadores, atores e críticos de cinema convidados.

Uma das ações programáticas da atual direção da Cinemateca - de José Manuel Costa e Rui Machado - é a classificação de alguns filmes da história do cinema português como tesouros nacionais.

Esse "projeto de classificação de suportes matriciais do cinema português como bens de interesse nacional" será feito de forma faseada, refere a Cinemateca na programação de junho, e em data a anunciar, até porque depende da "respetiva legislação de desenvolvimento".

Em setembro, quando arrancaram as celebrações do 70.º aniversário, o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, contou à agência Lusa que o objetivo é que as matrizes de determinados filmes ganhem o estatuto de "obra cultural de interesse nacional", que sejam tesouro nacional.

"A classificação tem um impacto simbólico e um impacto prático e implica uma responsabilidade acrescida do Estado", disse o diretor, sublinhando que está em causa um "testemunho absolutamente precioso e inestimável sobre a história e a vivência do século XX".

Em abril, a Cinemateca acolheu uma visita de deputados, tendo a direção revelado que vai criar um grupo de trabalho para "exaustivamente ver vários modelos de funcionamento da Cinemateca".

Há muito tempo que a atual direção tem alertado para a ineficácia do atual modelo de instituto público da Cinemateca, por "falta de flexibilidade administrativa" na gestão corrente, por "uma carga burocrática específica" e por constrangimentos legais, por exemplo, para a contratação de trabalhadores muito especializados.

A Cinemateca Portuguesa também criou um modelo de negócio para manter e rentabilizar o laboratório fílmico - o único na Península Ibérica -, localizado no Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM), em Bucelas, e que aguardava ainda confirmação do Ministério das Finanças.