A proposta de aquisições foi hoje apresentada pela tutela no Museu Nacional do Azulejo, num encontro que assinala os cinco anos da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, e inclui dois debates sobre o trabalho da comissão de aquisições e sobre as coleções de arte institucionais no século XXI.

São 50 as obras de 35 artistas, provenientes de 12 galerias de arte, selecionadas pela Comissão para Aquisição de Arte Contemporânea 2023/2024, composta por Sandra Vieira Jürgens, coordenadora, David Teles Pereira, representante do Ministério da Cultura, Emília Tavares, representante da Secretária de Estado da Cultura, e ainda os artistas António Olaio, Fernanda Fragateiro e Luísa Abreu, e os curadores Luís Silva e Miguel von Hafe Pérez.

Entre os artistas de várias gerações das obras selecionadas estão Ana Jotta, Grada Kilomba, Hugo Canoilas, Luisa Cunha, Pedro Barateiro, Alexandre Estrela, Duarte Amaral Netto, Emily Wardill, Gabriel Abrantes, Ernesto de Sousa (1921-1988), Fernando José Pereira, Francisco Tropa, Rui Moreira e São Trindade.

Para a sustentação da escolha das obras em vídeo, colagem, pintura, desenho, instalação, objetos, escultura, 'mixed media', perfomance ou fotografia, o júri destacou motivos como a prática artística "de grande relevância no panorama artístico nacional e internacional" e o "percurso de grande consistência contando com um extenso currículo de exposições individuais e coletivas".
Outras razões prendem-se com o facto de o trabalho estar "imbuído de um importante olhar sobre a história e a cultura portuguesa", ou ainda a reflexão demonstrada, a expressão multidisciplinar, qualidades narrativas, coesão e consolidação.

Ana Cardoso, Armanda Duarte, Armando Azevedo, Avelino Sá, Bruno Zhu, Carla Filipe, Daniel Barroca, Helena Lapas, Hernâni Reis Baptista, Inês Zenha, Isaque Pinheiro, Jorge de Oliveira, Jorge Molder, José Manuel Rodrigues, Pedro Barateiro, Júlia Ventura, Pedro Valdez Cardoso, Pedro Letria, Sara Graça, Susanne Themlitz e XANA (Alexandre Alves Barata) também são autores de obras escolhidas.

Este ano, o orçamento da CACE dispõe de 800 mil euros para o programa anual de aquisições e 200 mil para o programa de circulação.

Em 2024, segundo a tutela, a CACE "vai continuar a sua aposta na descentralização em território nacional, com exposições previstas em Beja, Aveiro, Elvas e Tavira".

Entre 2019 e 2022, o programa de aquisições para a CACE recebeu 247 obras de 208 artistas, num investimento global de dois milhões e 250 mil euros.

De acordo com a proposta apresentada pela comissão, este ano, ao ministro da Cultura, deverá ser realizada uma exposição conjunta das obras adquiridas no biénio 2023/2024, com a duração de três meses, a ter lugar entre o último trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025.

A comissão propõe igualmente que, após o encerramento desta mostra, "as obras adquiridas sejam expostas em núcleos expositivos, numa lógica de dispersão territorial, permitindo a difusão das novas aquisições da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, sendo particularmente importante que isto aconteça em territórios de baixa densidade populacional".

O programa anual de aquisição de arte contemporânea, criado em 2019 através do Despacho n.º 5186/2019, “veio restabelecer uma política pública continuada de aquisições para a CACE, depois de quase duas décadas de interrupção”, sublinha o Ministério da Cultura.

Atualmente, está em curso uma estratégia de circulação, centrada na fruição pública, com a promoção de exposições descentralizadas a partir do acervo da CACE.

As exposições em Foz Côa e Castelo Branco, em 2023, contaram até agora com mais de 50 mil visitantes.

Na mesa-redonda sobre "O que significa uma coleção de arte institucional no século XXI?", dedicada à atualidade e futuro das coleções de arte e ao seu papel no panorama artístico e cultural, estarão presentes representantes de coleções institucionais, entidades associativas, artistas, galeristas, curadores e críticos de arte.