Em declarações à agência Lusa, Sam the Kid, nome artístico de Samuel Mira, natural do bairro de Chelas, explicou que o projeto resultou “da união com alguns amigos, todos com a mesma paixão e na mesma fase da vida”.
“A nossa energia está direcionada para contribuir e dinamizar o nosso sítio geográfico e a nossa identidade que é Chelas. Temos uma grande vontade de concretizar muitos planos, metemos mãos à obra e reunimos pessoas de várias zonas de Chelas e cada um traz o seu ‘super’ poder”, contou.
A associação é composta por habitantes do bairro, tendo igualmente o apoio da junta de freguesia de Marvila, bem com da Câmara Municipal de Lisboa.
De acordo com Samuel Mira, cada pessoa irá ter uma área para contribuir, seja na cultura, no desporto, na música ou mais a nível social, consoante a sua experiência, de forma a unificar o trabalho conjunto da freguesia.
Uma das áreas de intervenção é, segundo Samuel Mira, a parte da sinalética no bairro, lembrando “algumas situações em que outras autarquias passadas tentaram apagar o nome de Chelas”.
“Agora isso já não é problema, vamos reverter e dar uma imagem justa a Chelas”, frisou, adiantando que vão ser espalhadas, além de placas com o nome de Chelas, também algumas que indicam serviços, como igreja, biblioteca, escolas “de modo a que, quem passa pelo bairro, saiba o que existe por aqui porque só há indicações para fora”.
Samuel Mira lembrou também que os nomes das zonas que eram letras, como I, J, N ou M, e que sempre foram a cara de Chelas, foram substituídos por nomes de bairros como Amendoeiras, Armador ou do Condado, que “em muitos casos acabaram por não colar”.
“Seremos inclusivos em manter esses nomes, mas queremos os nomes que continuamos a chamar desde sempre, como zona I ou J, e como os nossos filhos continuam a chamar, isso é muito importante. Temos de respeitar a identidade das pessoas, isso é muito importante não ver as coisas como uma marca”, explicou.
Para Samuel Mira, é importante fazer um trabalho que dê, em primeiro lugar “bastante orgulho” aos habitantes do bairro e depois, para aqueles que são de fora, “e que tenham algum preconceito, começarem a ter outra ideia, ver as coisas boas associadas à palavra Chelas”.
“É bom poder equilibrar alguma notícia menos boa que possa aparecer, com cinco notícias boas para dar”, exemplificou.
De acordo com Samuel Mira, o estigma social a que foi votado Chelas “é muito dado por pessoas de fora”, no entanto, reconhece que, depois, “algumas pessoas de dentro até podem ter algum tipo de preconceito”.
“É esse orgulho que queremos dar também às pessoas, a dizer não ‘tenhas medo’, se quiseres vender o teu carro e tiveres de meter um anúncio, não tenhas medo de dizer que estás em Chelas, ou numa cena de emprego”, acrescentou.
Segundo Samuel Mira, há pessoas do bairro que, em privado, “têm orgulho, mas ao mostrar para fora têm preconceitos ao pensar o que os outros pensam, que são julgadas pelos outros” por serem de Chelas.
“É tudo isto que nós estamos aqui a trabalhar, fazer coisas boas que deem bastante orgulho aos que são de cá”, frisou.
Juntamente com Samuel Mira (Sam the Kid), Ricardo Gomes (Masterfoot), Zé Silva (Chelas Cuts) são alguns dos nomes que fazem parte do coletivo que se apresentou hoje.
O artista Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, também se associou ao projeto, esculpindo o nome de Chelas numa pedra que ficará localizada num descampado junto a uma rotunda à entrada do bairro.
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