A mostra reúne vários trabalhos executados em tempo real durante os espetáculos, que tiveram lugar de 2013 a 2018, e revela uma evolução entre os primeiros desenhos, efetuados a caneta sobre papel A5 ou A4, e obras posteriores, já delineadas em ‘tablet’ e com coloração digital.

Em todos esses casos, Joel Faria procurou captar a ambiência específica de cada concerto, do que resultaram desenhos mais ou menos figurativos consoante a iluminação da sala, as reações do público ou os próprios comentários dos artistas em palco – cujos comentários perante a plateia por vezes ilustram as obras em exposição.

“É incrível ver no final o resultado dos desenhos e perceber a reação dos músicos no momento em que os observam pela primeira vez”, declara André Gomes, um dos programadores do Auditório de Espinho, entidade que tomou a iniciativa de organizar a mostra.

“A exposição tornou-se natural depois de percebermos a quantidade de concertos que o Joel já tinha desenhado e é muito simbólica para nós por ser quase um registo paralelo às fotografias e às gravações vídeo que temos dos espetáculos – por ser, digamos, um registo mais poético”, realça esse responsável à Lusa.

Joel Faria revela que esta sua experiência gráfica teve início em 2012, quando, no contexto de um curso de desenho frequentado no Porto, um dos seus trabalhos de campo foi capturar em papel os traços de um concerto de Minta & The Brook Trout no bar Café au Lait.

“Depois o gosto foi-se desenvolvendo e cheguei a desenhar 13 concertos numa só noite, no [evento] ‘O Salgado Faz Anos Fest'”, explica. “Mas é sempre uma coisa muito pessoal, que depende muito do momento e do que se passa realmente em cada espetáculo”, admite.

Um dos concertos de cujo registo gráfico Joel Faria retirou maior satisfação foi o do americano Dorian Wood, cuja impressionante presença em palco criou na sala “uma atmosfera muito diferente, que se reflete no desenho”.

“Mas isso não quer dizer que no papel só apareçam coisas que estavam efetivamente na sala”, nota o autor. “Às vezes há aspetos subjetivos, que não são físicos, que acabam por fazer a diferença e essas coisas também se desenham”, conclui.

A mostra “Entre Linhas – Desenhos de Joel Faria” estará patente no ‘foyer’ do Auditório de Espinho até 16 de junho. Entre os desenhos expostos incluem-se também os de espetáculos por Aquilo Que Vocês Quiserem, Castello Branco, Caxade, Devendra Banhart & Andy Cabic, Hannah Epperson, Joan Shelley, Júlio Pereira, Ólöf Arnalds, a Orquestra Clássica de Espinho e a Orquestra de Jazz de Espinho.

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