“Queremos tentar resgatar a figura de Ingmar Bergman de um certo esquecimento ou secundarização que acabou por sofrer” e mostrar também “o Bergman desconhecido, menos visto”, explicou hoje à agência Lusa um dos organizadores, José Manuel Martins, da Universidade de Évora (UÉ).
As iniciativas são organizadas pela UÉ, através do Departamento de Filosofia e do grupo de estudos fílmicos Cinema-Fora-Dos Leões, e pela associação cultural Colecção B, em parceria com a Leopardo Filmes, Fundação Ingmar Bergman, Embaixada da Suécia em Portugal e Direção Regional de Cultura do Alentejo, com o apoio de outras entidades.
A conferência internacional “Tudo Representa: Nada é. Bergman Revisitado”, agendada para esta quinta, de tarde, e sexta-feira, durante todo o dia, é um dos destaques do programa, com especialistas nacionais e estrangeiros, segundo a organização.
Os trabalhos, disse à Lusa José Manuel Martins, incluem 14 comunicações na Sala dos Docentes do Colégio do Espírito Santo, principal edifício da UÉ, e duas conferências plenárias na Biblioteca Pública de Évora (BPE), assim como a projeção de dois filmes integrados no ciclo de cinema, no Auditório Soror Mariana.
“Vamos ter, de facto, uma grande estrela, que é a sueca Maaret Koskinen”, que vai dar uma das conferências na BPE, às 17:45 de quinta-feira, realçou o organizador, do Departamento de Filosofia da UÉ.
Segundo o professor, trata-se de “uma das principais especialistas vivas do estudo de Ingmar Bergman” e que “foi chamada pelo próprio Bergman, já no final da vida, para preparar o seu espólio com vista à criação da fundação” com o nome do cineasta.
Outro dos destaques no programa, que vai proferir a outra conferência na BPE, às 18:00 de sexta-feira, é o académico Thomas Elsaesser, “um dos nomes maiores da Teoria do Cinema”, realçou o organizador.
Esta celebração e homenagem em Évora ao realizador sueco arrancou já no início deste mês, no Auditório Soror Mariana, com o ciclo de cinema comentado “O outro Bergman”, com a projeção de cerca de 20 filmes, até 11 de janeiro de 2019.
“Tudo isto até começou com a ideia de comemorar Bergman através do ciclo de cinema, com uma retrospetiva parcial da sua obra, e, depois, juntámos-lhe o aspeto académico da conferência”, afirmou José Manuel Martins.
Nesta componente mais dedicada aos cinéfilos, assinalou, o público pode assistir, “não só aos grandes filmes” do cineasta sueco”, mas também a outras películas menos conhecidas ou acessíveis.
“Queremos não só recordar o Bergman dos grandes filmes, mas também mostrar aquele que é mais desconhecido, o dos primeiros filmes, do final da década de 40, e o que disse que deixou de fazer cinema, após filmar o famoso ‘Fanny e Alexander’, nos anos 80, mas que continuou a fazer telefilmes”, frisou.
No centenário do nascimento do cineasta, o objetivo da organização, assumiu José Manuel Martins, é “revisitar aquele que é um dos nomes incontornáveis do cinema”, mas contribuir, ao mesmo tempo, para que “seja conhecida uma outra parte de Bergman que ainda está por descobrir”.
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