Em nota de imprensa, o diretor, José Manuel Costa, explica que a Cinemateca decidiu abrir “uma nova frente de contacto com o seu público”, através da página oficial da instituição, reforçando a presença de conteúdos de obras cinematográficas e relacionados com a história do cinema.
“Num período em que, para o bem de todos e de cada um, devemos manter-nos nas nossas casas, esta é a nossa forma de levar um pouco mais do que somos e do que fazemos aos que nos procuram”, afirma José Manuel Costa.
O diretor esclarece que este reforço da vertente digital da Cinemateca “é uma vontade complementar, que não preenche a lacuna gerada pelo silêncio das salas, que é no fundo a da plena experiência do cinema”.
Esta “nova frente de contacto” com os espectadores é uma resposta da Cinemateca ao encerramento de todas as salas de cinema, tanto da rede comercial como da exibição independente, por causa do estado de emergência declarado para conter a pandemia do novo coronavírus.
Entre as propostas a colocar ‘online’ está a exibição, por tempo limitado, de longas-metragens do cinema português, preservadas e digitalizadas em alta definição, a começar na segunda-feira pelas obras “Lisboa, crónica anedótica” (1930), de João Leitão de Barros, e “Os verdes anos” (1963), de Paulo Rocha.
Sobre as semanas seguintes, a Cinemateca apenas indica que exibirá filmes dedicados especificamente à revolução de 25 de Abril de 1974, incluindo a obra coletiva “As armas e o povo”.
Em tempo de isolamento, e em articulação com a Cinemateca Júnior, a Cinemateca pensou em conteúdos para os mais novos, como por exemplo a exibição do registo de um dos espetáculos de ‘Lanterna Mágica’ e a divulgação de objetos pré-cinema, que fazem parte da coleção da instituição.
A tudo isto, junta-se ainda a divulgação de “reflexões suscitadas por itens do acervo do Centro de Documentação e Informação”.
Pelo menos desde 2011 que a Cinemateca tem vindo a reforçar a vertente digital, sendo possível pesquisar, consultar e visualizar cerca de 170 filmes “da produção portuguesa de não-ficção do período 1896-1931″, além de fotografias, cartazes e textos de época.
Também a Cinemateca Portuguesa fechou portas ao público e suspendeu a programação desde meados de março por causa da covid-19, garantindo que não desistirá de retomar o que já tinha planeado para os meses seguintes, nomeadamente a retrospetiva integral dedicada a Federico Fellini, um ciclo dedicado ao cineasta Raoul Ruiz e uma homenagem ao músico José Mário Branco.
Para José Manuel Costa, “este apagamento” das salas de cinema acontece “numa época histórica que se segue ao que foi uma destruição da rede de salas de cinema ainda maior do que em muitos outros países”, com a massificação da exibição de cinema em pequenos ecrãs e através de plataformas de ‘streaming’.
“O ‘cinema em casa’, sendo muito bem-vindo nestas circunstâncias, não deve assim suspender a nossa atenção a esse problema de fundo, que não é menos de que uma questão essencial tanto para o futuro do cinema entre nós como para a variedade e riqueza da nossa vida social”, sublinhou.
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