“Desde que o mundo é mundo, há erotismo. Nada é mais intemporal. Ciente disso, o professor e investigador Victor Correia, doutorado em Filosofia Política e Jurídica pela Universidade de Sorbonne, em Paris, reuniu um conjunto de poemas eróticos dos cancioneiros medievais galego-portugueses e traduziu-os para linguagem atual, numa obra inédita”, revelou a editora, que contou com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores.
Ao longo dos séculos, a poesia medieval tem chegado aos leitores com “candura, cantigas de amigo, cantigas de amor e bailes à sombra das árvores em flor”, uma “arcádia onde não sobra espaço ao pecado”, ocultando, sob um “manto de santidade”, a devassa, o adultério, a prostituição ou o incesto.
“Nos últimos anos, têm sido feitas edições das cantigas de amigo e das cantigas de amor, umas em língua original, outras traduzidas para português. No entanto, as cantigas satíricas e principalmente os textos eróticos têm continuado na sombra”, diz Victor Correia, que partiu de uma lacuna na organização, tradução e divulgação histórica de poemas eróticos do cancioneiro galego-português, para compilar e traduzir para o português contemporâneo, “numa antologia inédita”, algumas das 1.680 composições eróticas medievais documentadas.
Os poemas que constam da obra foram escritos entre os séculos XII e XIV, em Portugal, Galiza, Leão e Castela, regiões situadas na área geográfica da atual Península Ibérica, em galego-português ou galaico-português.
“Poemas Eróticos dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses” resulta de uma investigação rigorosa a partir da consulta de manuscritos originais, ou de monges copistas, cuidadosamente conservados nos cancioneiros da Biblioteca Nacional, da Biblioteca da Ajuda e da Biblioteca Vaticana, adianta a Guerra e Paz.
Distinguida e apoiada pelo Fundo Cultural da Sociedade Portuguesa de Autores, esta é uma obra que apresenta textos de valor histórico inestimável, publicados agora numa versão traduzida que democratiza o seu acesso, prossegue a editora.
A sessão de lançamento irá decorrer no próximo dia 15 de janeiro, com apresentação de Graça Videira Lopes, investigadora integrada do Instituto de Estudos Medievais (IEM) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
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