Os Albaluna nasceram em 2010 e são uma banda de música do mundo com origem na cidade de Torres Vedras, no distrito de Lisboa. As influências têm sido várias ao longo dos anos: música tradicional portuguesa, sons medievais, rock progressivo, folk, música turca, árabe e afegã. Tudo o que tiver história e permitir explorar instrumentos tradicionais étnicos — ou adaptar os mais comuns e transversais a várias culturas.

Este mês, lançaram um novo single, Mercador de Ilusão, que "retrata uma discussão entre dois indivíduos completamente antagónicos", explica ao SAPO24 Ruben Monteiro, um dos elementos da banda.

"Um deles, o mais velho, personifica uma pessoa carregada de preconceitos e de certezas absolutas em relação àquilo que a sociedade deve ser. Nitidamente uma pessoa ultrapassada e sem capacidade de aceitação e convivência com conceitos que não sejam os dele. De outro lado, o mais novo, espelha uma personagem jovem, curioso, que busca o conhecimento global através da ciência, da leitura e da investigação. Uma pessoa com capacidade de argumentação e de aceitação muito grande que tenta, sem sucesso, fazer entender à personagem mais velha que a tolerância e o conhecimento fundamentado pela ciência são o caminho do futuro", acrescenta.

A história é perceptível no videoclipe que lançaram, no qual figuram outros elementos "que se deslocam, fazem o seu percurso até à mesa onde está a acontecer esta discussão".

"Isto porque a mesa significa a sociedade, onde toda a gente pertence e da qual todos merecem fazer parte. Assim temos pessoas que representam diferentes culturas, subculturas, formas de viver, opções de vida alternativas… todas querem e merecem fazer parte da sociedade", frisa, mas, "neste caso, a personagem mais velha, intitulada de falso Messias, não quer permitir tal coisa".

Ruben conta ainda que "daí surge o conceito do 'cavalo de Tróia', sendo o falso Messias traído por si mesmo". E da forma esperada: "deixando entrar na casa a personagem que ele pensava ser a que tinha o perfil ideal para se juntar à sua sociedade".

"Essa personagem, muito bem vestida e aperaltada, abre a porta a todos os outros que esperam na rua, sendo o agente que permite que todos façam parte da sociedade. O falso Messias não suporta aquela invasão e sai, evitando ainda que se sentem treze pessoas à mesma mesa", diz.

Assim, surge uma "crítica social baseada em conceitos que nos são familiares e com os quais nos revemos" — mas os Albaluna pretendem  que o seu caminho enquanto banda passe também "pela desconstrução de preconceitos e pelo apelo da igualdade e do respeito mútuo".

"A nossa música tem sempre um cariz interventivo e crítico em relação à sociedade em que nos inserimos. No processo de busca de tema para o novo disco criámos várias imagens e quadros mentais que nos inspiram na criação musical e poética. Neste caso queremos focar uma crítica social e foi fácil espelhar conceitos aos quais assistimos diariamente", frisa ainda.

Para Ruben Monteiro, este novo single "é uma síntese" do trabalho que a banda tem vindo a desenvolver nos últimos anos, "principalmente de 2019 até agora".

"Procuramos uma homogeneidade na nossa sonoridade e nas nossas composições, pelo que sentimos que este single representa a melhor e mais madura continuação daquilo a que chamamos o 'nosso' som, do estilo Albaluna, do nosso etno-progressivo", adianta.

"Heptad": Uma viagem pela rota da seda à boleia de sons ancestrais e rock progressivo. Eles são os Albaluna
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Por isso, os próximos temas vão seguir a mesma linha. "Continuamos com uma enorme influência da música e das culturas do mediterrâneo e do rock progressivo. Pode-se esperar muita fusão entre estes dois universos, algo que cada vez tentamos levar mais ao extremo. A poesia continuará a marcar uma presença muito forte, à semelhança do nosso último disco, Heptad, teremos a palavra portuguesa como um elemento-chave do que fazemos".

Para os Albaluna, a tour deste ano já começou — acabaram de chegar de uma série de concertos na Letónia — e há mais por acontecer. "Preparamo-nos para concertos na Suíça, Alemanha, Itália, Espanha, Marrocos, Egipto e também em Portugal", conclui Ruben.