“‘Erva Daninha’ foi o filme que mais nos surpreendeu, ficámos fascinados e perturbados desde o início. Numa competição muito forte, soube comunicar verdadeiramente uma estranheza sobrenatural, e é um filme que nos dá a sensação de ser única e autenticamente português”, disse o júri, composto pelo músico Samuel Úria, o autor britânico Howard David Ingham e a realizadora Raquel Freire, citado num comunicado divulgado pela organização do festival de cinema.

O júri valorizou também as interpretações dos atores Daniel Viana e Isabel Costa, que foram “tremendas e sensíveis”.

O filme conta a história de um casal que cultiva um terreno aparentemente infértil e que um dia encontra na terra uma semente negra que começa a crescer e a influenciar os seus comportamentos.

Esta é a segunda vez que o realizador Guilherme Daniel conquista este prémio, depois de no ano passado ter vencido com “A Estranha Casa na Bruma”.

Guilherme Daniel ganhou assim 5 mil euros, “o maior prémio para curtas-metragens em Portugal”, tendo o “Erva Daninha” também ficado automaticamente selecionado para o prémio Méliès d’Or, que será atribuído pela Federação Europeia de Festivais de Cinema Fantástico, a 06 de outubro, numa cerimónia em Sitges, Espanha.

“O júri decidiu ainda atribuir uma menção especial a “Häuschen – A Herança”, de Paulo A. M. Oliveira e Pedro Martins, uma ‘versão moderna do clássico conto de fadas negro’”, lê-se no comunicado.

Na parte da competição internacional, criada em 2016, a vitória foi para a longa metragem ‘Why Don´t You Just Die!’, do russo Kirill Sokolov, com o prémio MOTELX – Melhor Longa de Terror Europeia/Méliès d’Argent 2019.

Neste caso, tratou-se de uma “decisão difícil” por parte do júri composto pelo realizador David Gregory, pelo realizador e argumentista Miguel Gonçalves Mendes e pela escultora e artista de efeitos protéticos Rita Anjos.

Na opinião do júri, este filme mereceu vencer pela “grande frescura e audácia” e pelos seus “múltiplos ‘twists’ e humor negro”.

Trata-se da primeira longa metragem do realizador russo e “tem feito sucesso no circuito internacional de festivais”, graças a “um jogo frenético de gato e rato entre um detetive e ‘pior pai do Mundo’, uma filha ressentida, o seu namorado, um polícia enganado e um bandido enraivecido que é também um comentário cáustico sobre as contradições da sociedade moderna russa”.

À semelhança do “Erva Daninha”, este filme fica também automaticamente nomeado para o prémio Méliès d’Or.

O júri atribuiu ainda uma Menção Especial ao filme “The Hole in the Ground”, do irlandês Lee Cronin, “pela precisão e controlo da atmosfera de suspense” e por “interpretações excecionais”.

Por último, o Prémio do Público foi para “Midsommar”, do realizador Ari Aster, “um dos filmes de terror mais aguardados do ano”, tendo sido o escolhido entre 26 filmes da secção Serviço de Quarto, e já com estreia marcada nas salas portuguesas em 26 de setembro.