De olhos postos nos EUA

Talvez a melhor forma de arrancar 2021 seja mesmo através de dois dos seus protagonistas. Depois de Barack Obama encetar um dos grandes eventos literários do ano passado com o lançamento do primeiro volume da sua autobiografia (“Uma Terra Prometida”, Objetiva), desta vez o foco recai no seu antigo vice-presidente, Joe Biden, presidente eleito dos EUA.

“Joe Biden – Do Homem ao Presidente” foca-se tanto no percurso político do homem de Scranton — da sua vida enquanto senador à decisão de correr contra Donald Trump, passando pelos oito anos que esteve ao lado de Obama —, como nas várias perdas e desafios que enfrentou ao longo de sete décadas. Esta é uma obra de Evan Osnos, repórter de política da revista New Yorker e vencedor do National Book Award em 2014 em não-ficção e finalista do Pulitzer em 2015 — e é editada com o selo da ACTUAL.

Pela mesma editora será também publicado este mês “Kamala Harris – Uma Vida Americana”, focado na vida da primeira mulher a assumir a Vice-Presidência dos EUA. O livro percorre o percurso desta filha de emigrantes, desde que se tornou procuradora-geral do Ministério Público até à subida fulgurante na carreira política, de senadora a candidata presidencial frustrada a vice-presidente do homem que a derrotou. Este título é assinado por Dan Morain, jornalista veterano que passou pelo Los Angeles Times e o Sacramento Bee e que acompanhou de perto o percurso de Harris. Ambos os títulos serão publicados no dia 14.

2021 também é o ano de Gluck

A Relógio D’Água entrou neste ano com o mesmo sentido de missão que já tinha invocado em 2020: disponibilizar a poesia de Louise Glück em língua portuguesa. Depois de “Averno” e “A Íris Selvagem”, agora foi a vez de “Uma Vida de Aldeia” e “Noite Virtuosa e Fiel”, ambos em edição bilíngue —, o primeiro traduzido por Frederico Pedreira, o segundo por Margarida Vale de Gato — e ambos já disponíveis.

De “inconfundível voz poética que, com beleza austera, torna universal a existência individual”, foi como a academia sueca descreveu a poetisa norte-americana quando decidiu laureá-la com o Nobel da Literatura em 2020. Se “Uma Vida de Aldeia”, de 2009, mantém o estilo que a celebrizou, “Noite Virtuosa e Fiel”, originalmente editado em 2014, representa uma mudança, incluindo a adoção de um estilo mais em prosa. A alteração foi frutuosa, pelo menos aos olhos da National Book Foundation, que lhe deu o National Book Award de Poesia nesse mesmo ano.

Ainda na temática da poesia, destaque-se uma estreia e uma revisitação. No primeiro caso, trata-se de “Roupão Azul”, obra de Ana Paula Jardim, que sai hoje pela Guerra & Paz, sendo apadrinhada por José Luís Peixoto, que assina o seu prefácio, declarando-a este como uma obra de conforto, “um livro que podemos vestir, roupão de uma cor específica, exactamente como o roupão que recordamos, com o toque que conhecemos tão bem”. Já quanto ao segundo exemplo, “A Sombra que Ilumina” é lançado pela Tinta-da-China no dia 14, sendo este um ensaio do multipremiado professor, investigador e poeta Ricardo Gil Soeiro sobre a obra de um seu companheiro das letras, António Franco Alexandre.

Cães, leões, nórdicos, tambores e um futuro a conta-gotas

12 histórias interligadas em que cada uma não leva mais do que 15 minutos a ler. Esse foi desafio proposto ao escritor galês Cynan Jones. Desde projeto comissionado pela BBC Radio 4 para ser lido ao vivo resultou o romance “Estilicídio”. A palavra parece um neologismo, mas não, significa uma “queda de água em gotas” e o título cai que nem ginjas, porque a história centra-se justamente numa Grã-Bretanha já afetada pelas alterações climáticas, sujeita a ciclos de seca e cheias onde a água potável se tornou um luxo. Para amenizar a situação, há empresas privadas com o projeto de rebocar para terra enormes icebergs, um projeto que parece tão distópico quanto passível de acontecer num futuro não assim tão longínquo. O livro é editado pela Elsinore, que já lançou outras duas obras do mesmo autor.

A mesma editora traz-nos também “Despertar os Leões”, da escritora, psicóloga e argumentista israelita Ayelet Gundar-Goshen. Título que, menciona a Elsinore, já foi publicado em 12 línguas e encontra-se em vias de ser adaptado a série televisiva nos Estados Unidos. O seu mote é trágico: Eytan Grin, um médico neurocirurgião promissor, atropela fatalmente um refugiado eritreu. Apesar de ser um acidente, Grin foge do local, mas a mulher do defunto encontra-o para prestar contas. Do infeliz acontecimento surge uma meditação sobre a noção de choque cultural e os preconceitos que nutrimos pelo Outro. 

Falando de acontecimentos inesperados, o que acontece quando um nosso mentor e grande amigo tira a sua própria a vida e nos deixa como herança/responsabilidade o seu cão? Esse é o dilema da protagonista de “O Amigo”, uma escritora que passa a cuidar de um Dogue alemão e que entra numa espiral de dependência quanto ao animal à medida que lida com o seu luto através da escrita. Livro da norte-americana Sigrid Nunez — editado em Portugal pelo Clube do Autor —, no seu rol de louvores destaca-se o National Book Award de 2018, e tem edição marcada para dia 20.

Passando das novidades para as (re)descobertas, a Quetzal publica no dia 14 “Um Tambor Diferente”, portentoso romance que William Melvin Kelley escreveu quando tinha apenas 24 anos, em 1962. Abordando as tensões raciais sempiternas nos EUA, a história vira as regras ao contrário: retrata um cenário em que uma comunidade negra numa cidade ficcional no sul do país se farta de ser subjugada e abandona as suas terras em massa, ficando os habitantes brancos para contar a história. Se o nome do autor não lhe é familiar, é normal: a New Yorker chamou de “o gigante perdido da literatura americana”. A sua descoberta, porém, urge. Afinal de contas, este foi o homem que cunhou o termo “woke”.

Por fim, não nos esqueçamos dos nórdicos, sempre os nórdicos, com a sua especial apetência para o policial de devorar página a página em menos de nada. Este mês apresenta-nos como novidades “Femicídio”, do jornalista sueco Pascal Engman (sai dia 14 pela Saída de Emergência), sugerindo como trama um assassinato provocado por uma rede de homens “incel” unidos em reação contra os movimentos feministas. Outra sugestão passa por “A Estrada de Prata”, via que o protagonista Lennart percorre em busca de respostas à morte da sua filha. O livro, já lançado pela Editorial Presença, é da autoria de Stina Jackson e venceu o prémio de Livro do Ano na Suécia em 2019. Igualmente cativante promete ser “Beartown”, de Fredrik Backman, o mesmo autor de fenómenos como “Um Homem Chamado Ove” e “A minha avó pede desculpa”. Neste livro editado pela Porto Editora, uma pequena cidade é abalada por uma violação a uma jovem de 15 anos por parte de um jogador de hóquei, desporto que domina a comunidade local.

Em Português. Encontros e regressos durante a pandemia

Para quem se questionava quando é que a covid-19 começaria a ter reflexos na arte, aqui está um exemplo cristalino. “Em Todas as Ruas te Encontro”, assume-o sem complexos, é uma narrativa que resulta do choque entre os resquícios da crise económica de 2008 com a pandemia, com as suas personagens a procurar rumo (e amor) perante a atual situação. Editado pela Minotauro a 14 de janeiro, este é o mais recente romance do escritor, tradutor e cronista Paulo Faria, que começou a atrair atenções com “Estranha Guerra de Uso Comum” e “Gente Acenando para Alguém que Foge”.

Passando de encontros a regressos, Teolinda Gersão está de volta com mais uma obra, desta vez condensando três novelas num só livro, entrecruzando-se umas nas outras. “O regresso de Júlia Mann a Paraty” é o seu nome assume três perspetivas: a de Júlia, mãe do famoso escritor Thomas Mann, ela própria uma escriba filha de pai alemão e mãe brasileira, nascida, justamente, em Paraty; a do próprio Mann para com Sigmund Freud e a de Freud para com este. Esta obra da multi-premiada autora conimbricense, em celebração de 40 anos de vida literária, sai dia 14.

"É Desta Que Leio Isto"

"É Desta Que Leio Isto" é um grupo de leitura promovido pela MadreMedia. Lançado em maio de 2020, foi criado com o propósito de incentivar a leitura e a discussão à volta dos livros.

Já folheámos as páginas de livros de autores como Luís Sepúlveda, George Orwell, José Saramago, Dulce Maria Cardoso, Harper Lee, Valter Hugo Mãe, Gabriel García Marquez, Vladimir Nabokov, Afonso Reis Cabral, Philip Roth, Chimamanda Ngozi Adichie, Jonathan Franzen, Isabel Lucas, Milan Kundera, Joan Didion, Eça de Queiroz e Patricia Highsmith, sempre com a presença de convidados especiais que nos ajudam à discussão, interpretação, troca de ideias e, sobretudo, proporcionam boas conversas.

Ao longo da história do nosso clube, já tivemos o privilégio de contar nomes como Teolinda Gersão, Afonso Cruz, Tânia Ganho, Filipe Melo e Juan Cavia, Kalaf Epalanga, Maria do Rosário Pedreira, Inês Maria Meneses, José Luís Peixoto, João Tordo e Álvaro Laborinho Lúcio, que falaram sobre as suas ou outras obras.

Para além dos encontros mensais para discussão de obras literárias, o clube conta com um grupo no Facebook, com mais de 2500 membros, que visa fomentar a troca de ideias à volta dos livros, dos seus autores e da escrita e histórias que nos apaixonam.

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Mais para o fim do mês, no dia 26, Patrícia Reis regressa aos lançamentos com “Da Meia-Noite às Seis”. Depois de abordar os duros temas da  adoção e do abandono infantil “As Crianças Invisíveis”, a jornalista e escritora lança-se agora num novo romance pela Dom Quixote que, como o seu nome indica, tem a trama circunscrita a uma madrugada, decorrendo durante um programa de rádio, e cujas personagens também procuram lidar com a vida durante este atribulado período pandémico.

Os clássicos, de Alhandra a Oslo

Gaitinhas, Guedelhas, Gineto, Maquineta e Saguí. Quem já passou os olhos por pelos nomes destes “filhos dos homens que nunca foram meninos”, certamente não os terá esquecido. No aniversário dos 80 anos de “Esteiros”, a Quetzal reedita aquele que é simultaneamente o magnum-opus de Soeiro Pereira Gomes, um dos expoentes máximos do neo-realismo português e um quadro vívido da dureza do trabalho infantil — aqui decorrido às portas de Lisboa, na vila de Alhandra — durante o Estado Novo. Com prefácio de Francisco José Viegas,  lançamento está marcado para 21 de janeiro.

Antes, porém, façamos uma viagem até ao Grão-Ducado de Hesse, à cidade ficcional de “Roulettenbad”, onde se passa a ação de “O Jogador”, novela de Fiódor Dostoiévski e uma boa porta de entrada para a bibliografia do mestre russo. Já esgotada, a edição traduzida diretamente do russo por Nina e Filipe Guerra regressa através do prelo da Editorial Presença. Acompanhemos o jovem Aleksei Ivánovitch e a sua compulsão destrutiva pelo jogo, janela para a própria vida de Dostoiévski que, ironia das ironias, escreveu esta obra devido ao seu próprio vício pelos casinos, tendo sido forçado a escrevê-la em contra-relógio para pagar dívidas.

E já que referimos grandes escritores com percursos não tão imaculados quanto isso, paremos pelo caminho na Noruega, já que a Cavalo de Ferro está prestes a reeditar “Fome”, romance de Knut Hamsun. Celebrado por ser um dos grandes nomes do modernismo (laureado com um Nobel em 1920), vilificado pelo seu apoio à Alemanha na 2ª Guerra Mundial, o escritor norueguês iniciou aqui o seu percurso, com esta narrativa semi-autobiográfica que coloca um jovem escritor perdido em Kristania (a Oslo dos nosso dias), apenas acompanhado pela sua, lá está, fome.

Por fim, mudando para ares mais francófonos, a E-Primatur, projeto editorial de “crowdpublishing”, dedica-se este mês a recuperar uma beca parcela d’”A Comédia Humana”, a enorme obra de romances, contos e novelas que Honoré de Balzac dedicou a escrutinar a sociedade francesa do início do século XIX, assim como o ridículo da nossa condição. Este volume contém “O Ilustre Gaudissart” e “A Bolsa”: o primeiro retrata um caixeiro-viajante que finge ser o que não é para se elevar socialmente; o segundo tem como protagonista um pintor que se apaixona por uma vizinha.

Orwell, Orwell e mais Orwell

Entre as muitas datas da vida de George Orwell, 1984, título da sua seminal obra-prima distópica, é garantidamente a mais conhecida. Há outra, porém, que vale a pena mencionar: 2021, já que este foi o ano em que, passados mais de 70 anos da morte do escritor britânico, o seu corpus literário passou a fazer parte do domínio público. Isto significa que as suas obras podem ser  distribuídas e partilhadas gratuitamente pelo público mundial sem infringir qualquer lei e que as editoras podem publicá-las sem ter de adquirir direitos para tal.

Como consequência, a entrada neste ano vê uma enchente de títulos de Eric Arthur Blair, o nome verdadeiro deste eterno escritor e ensaísta britânico, nas livrarias nacionais, quando até ao final de 2020 eram um exclusivo da editora Antígona. Esta, por sinal, até lançou em dezembro uma nova edição de “A Quinta dos Animais”, contendo uma tradução revista, nova capa e dois prefácios da autoria de Orwell inéditos.

Quanto a esta fábula satírica que aborda a formação dos totalitarismos e o caráter corruptível dos homens — e que nos ensinou que “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros” —, haverá em janeiro uma série de edições para todos os gostos, com esse título — o original — ou o alternativo “O Triunfo dos Porcos”. O mesmo se vai passar com “Mil Novecentos e Oitenta e Quatro” (ou “1984”), a distopia que fez do “Big Brother” um termo comum e algo a temer, romance que coloca o seu protagonista Winston Smith numa Inglaterra totalitária de pesadelo. Orwelliana, aliás.

A Livros do Brasil vai adicionar os dois títulos à sua coleção Dois Mundos, sendo que “Quinta dos Animais” terá o bónus de contar com um prefácio da autoria do antigo Presidente da República Jorge Sampaio. Já a Porto Editora distingue-se por dar roupagens distintas às obras, inseridas na coleção Clássicos Hoje. Se “1984” vai contar com uma capa do artista urbano Vhils, “Quinta dos Animais” é adornada pelo seu colega de profissão GonçaloMAR. Estas edições já se encontram à venda.

Também disponível já se encontra a edição de “1984” do Clube do Autor, com um prefácio assinado pelo jornalista José Rodrigues dos Santos. A publicação saiu agora no início do ano, mas a sua data original de lançamento foi março de 2020. No entanto, como na altura a Antígona era a detentora dos direitos de publicação, interpôs uma providência cautelar e o livro foi retirado de circulação.

Mais tarde neste mês, no dia 14 sai uma edição “revivalista” de “O Triunfo dos Porcos” pela Bertrand Editora, fazendo uso da histórica capa originalmente publicada pela a editora Perspectivas & Realidades em 1976, pela mão de João Soares e Victor Cunha Rego. Uma semana, depois, é a Cultura Editora que publica semelhante título.

Para o fim do mês, a 26, ficam as edições da D. Quixote, destacando-se “1984”, que será publicado com tradução de Vasco Gato. Também em janeiro, mas sem data anunciada, saem estes mesmos títulos pela Relógio D’Água. “1984” terá consigo um prefácio de Gonçalo M. Tavares, ao passo que “A Quinta dos Animais” surge em versão de romance gráfico, adaptado e ilustrado pelo artista brasileiro Odyr.

Por fim, há que destacar à parte a única obra inédita de Orwell a sair este mês. As Edições 70 vão publicar “Ensaios”, que, como o nome indica, é uma coleção de escritos —alguns inéditos em Portugal — do britânico, organizada, prefaciada e traduzida por Jacinta Maria Matos, académica que também já assinou uma biografia sobre o escritor. Os temas abordados, do imperialismo à literatura infanto-juvenil, podem ser lidos a partir de 14 de janeiro.

Da flatulência à revolta. Livros para pensar

Pode o profano ato de expelir flatulência ser a base de um texto autorado por um dos grandes satiristas da história mundial? A Guerra & Paz demonstra-nos que sim, recuperando “Os Benefícios de Dar Peidos” de Jonathan Swift, o famoso escritor irlandês do Século XVIII conhecido pelas “Viagens de Gulliver” ou por “Uma Proposta Modesta”, ácido texto em que humoristicamente defendeu que as populações pobres na Irlanda podiam suavizar a sua condição se vendessem os filhos para ser a comida dos ricos. Desta feita, o tema não é o canibalismo utilitário, mas sim porque é que a flatulência é um tabu, entre outras explorações. Acompanham este texto um poema, “Cassino e Pedro”, traduzido originalmente por Jorge de Sena, e as “Resoluções para Quando Chegar a Velho”. Este título faz parte da nova coleção “Livros Negros” e já se encontra à venda.

Se o seu intuito, porém, passa por exercitar a reflexão com temas um pouco menos ligeiros, as Edições 70 continuam este mês a alargar a sua coleção de “elogios”, lançando “Elogio da Dúvida”, de Victoria Camps, professora, filósofa e ex-senadora catalã, a 14 de janeiro. Especialmente pertinente nesta fase em que, mais do que nunca, não há respostas exatas para os nossos problemas — e quem as propõe, recorrendo a populismos, deve ser merecedor de suspeita — Camps propõe-se a demonstrar as vantagens que duvidar antes de agir trouxeram à humanidade na história do pensamento.

Pela mesma editora é também lançado uma semana depois, a 21, “O Tempo da Revolta”, de Donatella Di Cesare. Editado poucos meses depois de “Vírus Soberano? - A asfixia capitalista” — em que abordou os condicionamentos à nossa liberdade, política e económica, pela covid-19 —, este livro da filósofa italiana, presença assídua nos jornais do seu país, analisa a “revolta” enquanto fenómeno político e filosófico, resgatando-o da marginalidade para explicar as suas causas.

De mencionar ainda a iniciativa da Bookbuilders de disponibilizar “Economia e Sociedade”, de Karl Polanyi. Economista, sociólogo, filósofo, cientista político… são várias as facetas do famoso intelectual austro-húngaro, um dos maiores pensadores do século XX. Nesta coletânea, é possível ter um vislumbre da sua vasta obra e do porquê de ser ainda tão influente, da sua explicação às origens históricas dos fascismos à oposição a uma economia tradicional ditada pelo mercado. A data de lançamento ainda não foi definida.

Incendiários e velocistas. Duas páginas da mesma folha 

Para quem gosta de ver o mundo aos quadradinhos com elevadas doses de corrosão, a editora independente Chili Com Carne lança este mês a antologia de banda desenhada “Querosene”. Tendo como mote a canção do conjunto de noise rock Big Black e, refere a editora, “e levando à letra a sugestão da banda para lidar com sítios onde nada acontece”, o espírito pirómano está bem presente nesta análise ao que é viver “nas pequenas cidades, vilas e aldeias de Portugal”. Esta edição inclui obras de ilustradores como André Pereira, Gonçalo Duarte, Ana Margarida Matos, Cláudia Sofia, Rodolfo Mariano e Rui Moura, entre outros.

No espectro oposto, tomando uma abordagem bastante mais tradicionalista ao médium, a Edições Asa lança “Duelos”, o nono volume da mais recente série de aventuras do famoso piloto de corridas Michel Vaillant. Criação de Jean Graton, atualmente continuada pelo seu filho, Philippe, o mais recente capítulo — ilustrado pelo trio Lapière, Beneteau e Dutreuil — coloca o veterano campeão em rota de colisão com o seu colega de equipa mais novo.

Mensagens de esperança, do Papa e do “homem mais feliz do mundo”

Termine-se com uma nota de esperança. Ou sonhe-se, como convida o Papa Francisco. Em “Sonhemos Juntos”, Sua Santidade junta-se a Austen Ivereigh, jornalista e um dos seus biógrafos oficiais, para refletir em como os momentos de crise podem anteceder períodos de crescimento pessoal. Para tal, são abordadas as grandes questões atuais — da pandemia e os seus efeitos nefastos à crise ambiental, o papel das mulheres na sociedade ou o movimento Black Lives Matter. O livro, lançado pela Editorial Planeta, foi hoje colocado à venda.

Por outro lado, se for preferível obter as fontes de inspiração de origens mais laicas, a Editora Objetiva dá a conhecer a história de Eddie Jaku, “O Homem Mais Feliz do Mundo”. Nascido em 1920 no seio de uma família judaica na Alemanha, Jaku foi sujeito ao holocausto nazi, mas, ao contrário de muitos amigos e familiares, sobreviveu para contar a história. Por isso mesmo, fez a promessa de sorrir todos os dias e dar graças pela vida. Hoje, com 100 anos, partilha o seu testemunho em livro.