Uma equipa internacional de investigadores analisou o impacto humano sobre o habitat marinho, entre escoamentos e o aumento do transporte marítimo.
Os cientistas, liderados por Kendall Jones, da Universidade de Queensland, estabeleceram uma cartografia das zonas submarinas consideradas virgens e dos ecossistemas "essencialmente livres de perturbações humanas".
Segundo o seu estudo, publicado na revista científica Current Biology, a maioria destas zonas selvagens encontra-se nos oceanos Ártico e Antártico, assim como nas ilhas mais remotas do Pacífico. É nas zonas costeiras próximas à atividade humana que a vida marinha é menos florescente.
"As zonas marinhas que podem ser consideradas intactas são cada vez mais raras, à medida que as frotas mercantes e pesqueiras estendem o seu campo de ação a quase a totalidade dos oceanos do mundo e onde os escoamentos de sedimentos sepultam numerosas zonas costeiras", começa por explicar Jones.
"A evolução da tecnologia no transporte marítimo significa que as zonas mais afastadas e selvagens podem ser ameaçadas no futuro, incluindo as zonas outrora cobertas de gelo e agora acessíveis devido às mudanças climáticas", disse.
Segundo os investigadores, apenas 5% das zonas selvagens estão em zonas protegidas. O resto é mais vulnerável.
Os cientistas fazem um aquilo que é subentendido como um fortalecimento na cooperação internacional para proteger os oceanos, lutar contra a pesca excessiva, limitar as extrações mineiras submarinas e reduzir os escoamentos poluentes.
"As regiões marítimas selvagens são um habitat vital em níveis incomparáveis, com uma enorme abundância de espécies e de diversidade genética, o que lhes dá resistência ante ameaças como as mudanças climáticas", explicou James Watson, da Sociedade Australiana de Conservação da Vida Selvagem.
"Sabemos que estas zonas estão a diminuir de forma catastrófica. A sua proteção deve ser objeto de acordos ambientais multilaterais. Se não for feito esse acordo, correm o risco de desaparecer nos próximos 50 anos", acrescentou.
A ONU começou a trabalhar em 2016 num acordo internacional que regeria e protegeria as zonas de alto mar.
"Este acordo teria o poder de proteger amplos espaços em alto mar e pode vir a ser nossa melhor oportunidade para proteger a última vida selvagem", ressalva Jones.
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