De acordo com a curadora e conservadora do museu Maria de Aires Silveira, que tem acompanhado o processo, o conteúdo da casa de família do artista foi deixado em testamento, pela neta, Conceição Veloso Salgado, após a sua morte, há cinco anos.
Através da investigação já iniciada ao espólio, Maria de Aires Silveira descobriu cartas e desenhos que estabeleceram uma ligação a outros artistas, quando Veloso Salgado viveu em França, com uma bolsa de estudo, e daí surgiram pistas para encontrar duas pinturas inéditas que estarão expostas até fevereiro de 2019 no Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado.
A casa de família do pintor está situada num prédio próximo da Assembleia da República, em Lisboa, e "o seu conteúdo é riquíssimo, porque se manteve praticamente inalterado desde o século XIX, e revela os ambientes dos salões da época".
"Só soubemos dessa intenção da neta do pintor de legar o espólio da casa através de um telefonema do testamenteiro", recordou, sobre o processo, que demorou algum tempo a concretizar-se devido aos trâmites legais.
Maria de Aires Silveira relatou que da inventariação do recheio da casa do artista foram descobertos núcleos importantes de fotografia, pintura, obras em papel, fotografia e arquivo documental que será agora estudado e parte dele exposto no museu.
"Através deste importante espólio será possível saber mais sobre a vida e obra de Veloso Salgado", um artista que deixou uma importante obra no retrato e paisagem.
Da pesquisa ao espólio existente na casa, foi descoberta correspondência entre Salgado Veloso e o casal de artistas Adrien Demont e Virginie Demont-Breton.
"Falei com as autoridades em França e depois com a família, o que possibilitou a descoberta de dois retratos inéditos extraordinários feitos pelo artista português ao casal", relatou.
Os dois "retratos excecionais", que dão outra perspetiva do percurso artístico de Veloso Salgado, encontram-se agora expostos no Museu do Chiado, na atual exposição permanente, "Arte Portuguesa - Razões e Emocões".
Quanto ao espólio da casa do pintor em Lisboa fica entregue ao museu, que está a desenvolver soluções para preservar o mobiliário da época.
Situado no centro histórico de Lisboa, o Museu do Chiado foi fundado em 1911, como Museu Nacional de Arte Contemporânea, e o seu acervo integra mais de 5.000 peças de arte, num percurso cronológico desde 1850 até à atualidade, incluindo pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo.
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