Na sua 29.ª edição, o festival que toma o pulso ao cinema português apresenta “uma perspetiva de grande dificuldade” no setor, ao mesmo tempo que a programação assinala “este carrossel de crises que nunca mais acabam”, disse à agência Lusa Tiago Santos, da direção do Caminhos.
Na seleção principal, haverá a antestreia da primeira ficção de Leonor Teles, “Baan”, e serão exibidos filmes que exploram as dificuldades laborais, como “Great Yarmouth – Provisional Figures”, de Marco Martins”, ou “O Bêbado”, de André Marques, que estará em antestreia, referiu a organização.
As representações da mulher em “Rosinha e Outros Bichos do Mato”, de Marta Pessoa, a chegada à adolescência em “A Primeira Idade”, de Alexander David, e “Vadio”, de Simão Cayatte, são outros dos temas presentes na programação de um festival que conta com a exibição de 156 filmes (87 horas de projeção), selecionados entre mais de 700 candidatos.
O festival abre portas a 10 de novembro, às 21:30, no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), com uma cine-performance de Ana Lua Caiano, em que a compositora irá oferecer uma homenagem à cultura tradicional e popular portuguesa, enquanto são projetados quatro filmes em formato de curta documental e cinema doméstico dos anos 1920 e 1930, que foram recuperados.
Para além da secção principal de competição, o festival volta a acolher uma seleção dedicada às produções realizadas em contexto académico, na “Seleção Ensaios”.
O Caminhos acolhe ainda uma secção dedicada a um cinema mais experimental, outra centrada no terror e no erotismo, denominada “Turno da Noite”, e ainda um ciclo feito em parceria com o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, que aborda a violência sexual.
Nesta edição, o festival irá também estender a sua programação ao Cineteatro Messias, na Mealhada, e ao Auditório Municipal de Penacova, com uma seleção dos filmes em competição e um programa com filmes para crianças em idade escolar.
Segundo Tiago Santos, o objetivo do festival é alargar a sua programação a mais concelhos vizinhos no futuro, tendo isso em mente no projeto previsto para o Caminhos entre 2024 e 2026.
Em Coimbra, o festival estende-se por diversas salas, entre as quais o TAGV e a Casa do Cinema de Coimbra, espaço de programação regular de cinema independente.
“Há uma diferença substancial nesta edição, porque a estrutura, apesar de súper precária, é mais alargada e tem mais gente a trabalhar de forma profissional, face ao funcionamento da Casa do Cinema de Coimbra”, salientou.
O festival encerra no dia 18, com uma cerimónia na Antiga Igreja do Convento São Francisco, com a entrega de prémios e atuação do músico Hélder Bruno, num cine concerto com a curta-metragem “Outubro Acabou”, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes.
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