As salas de estar estão prestes a ultrapassar as salas de cinema. No Reino Unido, até 2020, as plataformas de streaming como a Netflix ou Amazon Prime devem conseguir mais receitas que as bilheteiras dos cinemas britânicos. O estudo é da consultora PwC e mostra também que a indústria do cinema vai continuar “bastante saudável”, apesar de prever um “colapso terminal” nas vendas de DVD e Blu-ray nos próximos anos.
O streaming é a transmissão de filmes e séries a partir de sites ou aplicações móveis. Os utilizadores não têm de descarregar os conteúdos para os computadores, nem de os deter fisicamente. Estes serviços são, normalmente, pagos com uma subscrição. Outros estão associados às operadoras de televisão. Outros ainda, ilegais, disponibilizam os filmes e séries gratuitamente, mas de forma pirateada.
O pagamento por conteúdos on-demand (a pedido, como os videoclubes das operadoras de televisão) deverá crescer mais de 30% até ao final da década no Reino Unido. Serão cerca de 1,42 mil milhões de libras (cerca de 1,61 mil milhões de euros) gastos em serviços on-demand até 2020, o suficiente para ultrapassar a receita das salas de cinema, que se deverá firmar nos 1,41 mil milhões de libras (1,60 mil milhões de euros), prevê a consultora.
“A procura por programas de vídeo na internet não mostra sinais de abrandamento”, diz Phil Stokes, responsável da PwC para entretenimento e media no Reino Unido, citado pelo The Guardian. Apesar disso, lembra Stokes, isto não significa que a web vai matar as estrelas de cinema: “Olhem para o desempenho de filmes como ‘Rogue One: Uma História de Star Wars’ ou ‘Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los’ para ver o entusiasmo significativo por blockbusters que existe”.
O relatório prevê que as salas de cinema no Reino Unido recebam cerca de 179 milhões de pessoas em 2021. Serão mais sete milhões de bilhetes que aqueles que os 172 milhões de britânicos que foram ao cinema no ano passado compraram. Também o número de salas de cinema deve aumentar, dos atuais 4.143 para 4.542, diz a mesma fonte.
A PwC prevê que daqui a três anos os serviços de streaming detenham cerca de dois terços do mercado de subscrições on-demand. A última fatia dos conteúdos audiovisuais será detida pelos utilizadores que pagam por programas emitidos apenas uma vez, transmissões de eventos desportivos ou filmes, através de serviços como o videoclube das operadoras ou lojas como o iTunes.
Com séries originais, a Netflix tem conquistado milhões de utilizadores no Reino Unido, como diz o Guardian. O mesmo, porém, não está a acontecer em Portugal, onde o serviço também está presente desde 2015. Um relatório da Anacom, publicado no final do ano passado, mostra que apenas 2% dos indivíduos com 10 ou mais anos subscreve o serviço da empresa norte-americana.
Outras duas plataformas de streaming pagas presentes no nosso país são a FOXPlay e a NPlay (da NOS), estas duas com apenas 1% de subscritores. Portugal está, assim, abaixo da média da União Europeia a 28 países, com apenas 9% dos utilizadores de internet a visualizar “conteúdos de vídeo a partir de serviços a pedido”, pode ler-se no relatório.
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