Em declarações à Lusa, o cantor repetiu o argumento que gerou polémica em França nos últimos dias: em primeiro lugar, escolheu Portugal "por razões fiscais".

"Primeiro, foi por razões fiscais. Depois, a gente apercebe-se que o país é muito bonito, mas, ao princípio, as pessoas vão [para Portugal] porque ouvem falar de coisas que fiscalmente lhes interessam", explicou o cantor de "Savoir Aimer".

O regime fiscal para o residente não habitual em Portugal, criado em 2009, prevê a isenção de imposto sobre as "royalties" [direitos de autor] de fonte estrangeira, durante dez anos, algo que Florent Pagny vê como "uma prenda".

"Até agora todas as pessoas que vão [para Portugal] dizem que é porque é bonito, porque tem tanta cultura, porque é magnífico, por causa do clima, mas elas não se atrevem a dizer que, em primeiro lugar, vão é porque lhes dá jeito ao nível fiscal", resumiu o cantor.

Apesar da polémica que se gerou em França em torno da sua alegada fuga ao fisco, Florent Pagny sublinhou que vai continuar a pagar impostos em França.

"Toda a minha atividade, seja em palco ou no programa The Voice, é em França, e se é em França, vou ter de pagar impostos em França. Sempre paguei os meus impostos em França. As pessoas não o sabem e estou farto de o explicar", destacou um dos ‘mentores' da versão francesa do programa televisivo "The Voice".

Florent Pagny insistiu que não foge ao fisco em França, dias depois de a ministra das Forças Armadas francesa e antiga secretária de Estado do Orçamento Florence Parly, ter dito, na estação de rádio Franceinfo, que não queria comentar um "caso que considera um pouco indigno".

"Eu não fujo às regras fiscais porque pago os meus impostos em França. Quando se é artista ou desportista deve-se pagar as prestações que se fazem neste país. Claro que se puder sair, com leis como a dos ‘royalties’, e ter vantagens a duas horas de Paris, vale a pena aproveitar. Mas todos os anos passo um cheque de 300 mil a um milhão de euros de impostos porque sou muito produtivo", revelou.

O regime fiscal para residente não habitual prevê a isenção das ‘royalties' de fonte estrangeira, mas os rendimentos de trabalho dependente de fonte francesa são tributados em França, sendo eliminada a dupla tributação em Portugal e em França.

Caso existam rendimentos auferidos em Portugal, resultantes de atividades consideradas de "elevado valor acrescentado, com caráter artístico" - por exemplo, concertos - o artista será tributado à taxa especial de 20%.

Aos 55 anos, Pagny espera ter "tranquilidade" em Portugal - na casa até agora arrendada numa zona que prefere não revelar - e não tem agendadas colaborações com artistas portugueses, ainda que não saiba "o que o destino reserva".

O artista quer conhecer Portugal e até a música portuguesa, mas não está nos seus planos, a curto prazo, aprender a língua portuguesa que descreve como "muito complicada, muito difícil" e com "um sotaque que até parece russo".

Com Portugal na moda, o cantor teme que a calma que caracteriza o país possa vir a ser afetada, ainda que os portugueses lhe pareçam "muito simpáticos e até divertidos ao verem a quantidade de gente que chega".

"Eu adoro a natureza. A duas horas de Paris, consigo ir para um lugar onde as pessoas são simpáticas, onde a qualidade de vida é superior à média, onde se come bem, onde o clima é agradável e onde a vida é muito mais barata. É incrível. Mas pode acabar por tornar-se um problema para vocês", considerou.

Até agora, Florent Pagny dividia o seu tempo entre França, Argentina e Estados Unidos, tendo já tido diferendos com o fisco francês que inspiraram a música, interpretada por ele, "Ma Liberté de Penser" (2003).

O cantor, que passou pelo cinema nos anos 1980, lançou o primeiro disco em 1990, "Merci", editou mais de vinte álbuns e está atualmente em digressão com o último disco, "Le Présent d'Abord", lançado em setembro.

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