O arqueólogo foi responsável pelas escavações na gruta da Aroeira, no complexo arqueológico do Almonda, em Torres Novas, que em 2014 revelaram este crânio humano de 400 mil anos, “um dos poucos dessa época encontrados no mundo”, e “o mais antigo fóssil humano encontrado até hoje em Portugal”, segundo o comunicado da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), hoje divulgado.
O achado arqueológico foi alvo de “trabalhos de estudo e restauro” na Universidade Complutense de Madrid, por uma equipa internacional liderada por Juan Luis Arsuaga, que acompanhará o momento da entrega ao Museu.
“A investigação desenvolvida a seu respeito, acompanhada em permanência pela DGPC e pelo MNA, acrescentou conhecimento ao estudo da evolução humana e gerou novos argumentos a favor da tese que defende a inclusão de todos os fósseis deste período, numa única espécie ancestral ao Homem moderno”, afirma a DGPC.
Paralelamente à “Criança do Lapedo”, achado arqueológico ocorrido na região de Leiria em 1998, o “Crânio da Aroeira” vai ser “uma das peças-chave de uma exposição sobre evolução humana a partir de achados realizados em Portugal", que está a ser preparada no MNA, instalado desde 1903 numa ala do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e que deve ser inaugurada no segundo semestre deste ano.
“Nessa mostra serão assim expostos ao público, pela primeira vez, os dois fósseis descobertos no nosso país, que contribuíram de forma muito significativa para a revisão profunda do entendimento científico da Evolução Humana, nomeadamente no que respeita à origem e destino do Homem de Neandertal”, que será comissariada por João Zilhão, adianta a DGPC.
“A exposição documentará o contexto tecnológico, cultural e paleoambiental das populações humanas representadas — as que habitaram o território hoje português entre 500.000 e 10.000 antes do presente”, acrescenta a mesma fonte.
Nesta exposição serão apresentados fragmentos de outros fósseis, provenientes da Galeria da Cisterna e da Gruta da Oliveira, em Torres Novas, e da Gruta do Caldeirão, em Tomar, também “pertencentes ao acervo do MNA”.
As primeiras conclusões destas descobertas foram publicadas em março do ano passado, no boletim da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos.
"É o mais antigo fóssil encontrado em território português e um dos mais antigos da Europa", disse, em março passado, João Zilhão à agência Lusa.
Nunca se tinha encontrado um fóssil humano da altura média do Pleistoceno, que cobre o período desde há 2,5 milhões de anos até há 11,5 mil anos, num local tão ocidental da Europa.
O arqueólogo indicou que o interesse deste fóssil é que está "muito bem datado e passa a ser padrão de referência para interpretação de outros fósseis bem completos mas com datação mais imprecisa".
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