"O que tem sido curioso é que os contactos têm sido de mercados que por norma não consomem pera rocha, como a Árabia Saudita, Ucrânia e agora da Colômbia", disse o presidente da administração da Central Frutas do Painho, Carlos Miguel Henriques, empresa especializada em pera rocha que marca presença na Fruit Logistica, que decorre até sexta-feira em Berlim.
Pelo quarto ano presente no certame, Carlos Miguel Henriques conta como empresários daqueles países se deixaram encantar pela "pera rocha": "Estiveram a ver a fruta, gostaram de provar, a nossa pera é extremamente crocante e fresca. Deixaram-nos os contactos para agora iniciarem as negociações e o processo".
A Central Frutas do Painho destina 70% da sua produção de fruta para exportação, sobretudo para Brasil, Inglaterra, Polónia, França e Alemanha, tem uma produção anual de 11 mil toneladas, mas quer chegar às 15 mil nos próximos quatro anos.
As histórias somam-se nesta feira, onde Portugal tem uma presença regular desde 2011.
A Pine Flavour começou a laborar no final de 2016 na fábrica de Grândola e tem as suas exportações de pinhão dirigidas para o norte da Europa, alguns contactos nos EUA, mas já "está a dar os primeiros passos na China".
Este ano prevê faturar entre 700 mil euros a um milhão de euros e até 2020 quadruplicar esse valor.
Pedro Amorim, responsável pelo departamento de produção da fábrica da Pine Flavour em Grândola, conta que o consumo nacional "é um pouco baixo", que pretende manter 35% da produção no mercado interno, sendo o restante exportado. Mas nem tudo corre bem.
"Infelizmente, apenas 30% da nossa matéria-prima, a pinha, fica retida em Portugal. Tudo o resto é exportado sem o valor acrescentado dela para outros países, que por vezes até vendem novamente a Portugal com valor acrescentado", revelou.
A Pine Flavour estreou-se este ano na Fruit Logistica e poucas horas após a abertura do certame já os contactos eram muitos, com algumas propostas de encomendas a superar a disponibilidade de produção.
"A participação nesta feira já está a dar os seus frutos. O meu colega até já estava a dizer que estava a ficar preocupado porque já lhe tinham levado os cartões todos e veio bem apetrechado", contou.
Mas no stand da Portugal Fresh não estão só presentes empresas portuguesas. É o caso da GreenPeas, uma empresa dinamarquesa com 40 anos, que em 2012 resolveu ir para Portugal produzir ‘snacks’ de ervilhas doces para vender no norte da Europa.
Brian Knudsen, um dos fundadores apaixonou-se por Portugal, para onde foi viver em 2011 e um ano depois a GreenPeas instalou-se em 120 hectares espalhados pelo Algarve e Alentejo, numa parceria com três produtores.
O bom clima de Portugal e as pessoas sérias, como diz, permitem à empresa uma produção em Portugal de fevereiro até junho e daí até setembro na Dinamarca, onde tem 500 hectares. Ao todo, a empresa dinamarquesa produz 3.000 toneladas anualmente.
O seu principal mercado é a Dinamarca, seguindo-se a Finlândia, mas também vende em França, Alemanha, Reino Unido e um pouco na Estónia.
Já presente em alguns mercados locais no Algarve, o seu sonho é agora entrar nos supermercados em Portugal: "Já levo daqui hoje três contactos com empresas portuguesas e depois desta exposição vou mostrar-lhes algumas amostras".
"As pessoas dizem-me ‘uau’, que bom sabor', e isso é um bom indicador", disse.
Ao todo estão presentes 42 expositores portugueses no evento, que tem este ano a Alemanha como país parceiro.
Pela sétima vez consecutiva, Portugal conta com uma participação conjunta na Fruit Logistica através da Portugal Fresh, que junta 33 expositores, onde se incluem 18 empresas portuguesas ligadas ao setor.
Entre elas, estão por exemplo a Vitacress, Bfruit, Central Frutas do Painho, Cooperfrutas, Extrafrutas e Frutalvor.
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