De acordo com informação da fundação, esta iniciativa insere-se no âmbito de um programa de comemoração deste romance, que se assinala este mês e que inclui ainda um passeio pelo roteiro, marcado para dia 29, mediante inscrição prévia, bem como uma exposição temporária com materiais relacionados com o livro publicado em 1980.

O portal e a App do Roteiro Literário Levantado do Chão foi apresentado, no dia 30 de abril, no Auditório da Biblioteca Municipal “Almeida Faria”, em Montemor-o-Novo, inserido nas comemorações do 47.º aniversário do 25 de Abril.

A escolha daquela cidade do distrito de Évora para a apresentação inicial deste projeto, prende-se com o facto de José Saramago ter vivido na vila do Lavre, situada na fronteira do concelho de Montemor-o-Novo com o de Coruche, durante a escrita da obra.

“Levantado do Chão” percorre uma zona do Alentejo caracterizada pelo latifúndio, desde o final do século XIX ao período pós-revolução de 25 de Abril de 1974.

Na altura da apresentação, a presidente daquela autarquia, Hortênsia Menino, considerou que este projeto “valoriza a memória e contribui para a construção da identidade do concelho de Montemor-o-Novo, sendo mais uma ferramenta para o desenvolvimento social e económico do território”.

A disponibilização do roteiro em formato digital é mais uma etapa na implementação do projeto “Roteiro Literário Levantado do Chão”, que foi lançado em fevereiro do ano passado.

Este roteiro interliga os concelhos de Lisboa, Montemor-o-Novo e Évora, através de três percursos temáticos subdivididos em percursos rodoviários e pedestres, e que abrangem 26 pontos de interesse interpretativo sobre aquele que é considerado o “primeiro grande romance” do Nobel português da literatura.

Criado pela Câmara de Montemor-o-Novo em parceria com outras entidades, o roteiro propõe “dar a conhecer os lugares onde os episódios mais marcantes da obra se desenrolam, através de uma contextualização histórica e social” dos temas abordados e que inclui testemunhos sobre mulheres e homens que inspiraram as principais histórias e personagens do enredo.

Este percurso, que tem um total de 238 quilómetros rodoviários e oito pedestres, “convida” também a conhecer aspetos biográficos relacionados com a estada de Saramago na localidade de Lavre, concelho de Montemor-o-Novo, em 1976, com o objetivo de se documentar para escrever a obra.

O primeiro percurso, “Os levantados deste chão – A repressão da ditadura no Alentejo”, foca-se entre 1933 e 1974, e “aborda os momentos mais violentos da obra, como as prisões, as torturas e os assassinatos do regime ditatorial [da época] sobre o povo alentejano”.

Este itinerário passa por vários sítios de Lisboa, como o Museu do Aljube – Resistência e Liberdade, e de Montemor-o-Novo, como o Posto da GNR, para onde a personagem Germano Vidigal foi levada e acaba por morrer em 1945, “vítima de um cruel e bárbaro assassinato levado a cabo por dois agentes da PIDE”, a polícia política da ditadura.

O segundo caminho proposto, “A resistência: João Mau-Tempo e a luta do proletariado agrícola alentejano”, vai desde os primeiros anos até à década de 70 do século XX, e convida a acompanhar algumas fases daquela luta contada por Saramago a partir da personagem João Mau-Tempo.

Este percurso passa por vários sítios dos concelhos de Évora, como a Praça de Touros desta cidade, onde João Mau-Tempo assistiu a um comício anticomunista em 1937, e de Montemor-o-Novo, como São Geraldo, referida na obra a propósito de um encontro clandestino de trabalhadores rurais e militantes do PCP, que decorreu nas proximidades desta aldeia.

Na terceira parte do roteiro, “José Saramago em Monte Lavre”, o viajante é convidado a refazer os principais caminhos do escritor durante a sua estada em Lavre, e outras visitas que fez pelo concelho de Montemor-o-Novo, em 1976.

Este percurso passa por sítios como a Cooperativa de Consumo Vento de Leste, onde Saramago dormiu, e a casa da família Besuga, onde comia.

O roteiro está disponível em www.roteirolevantadodochao.pt.

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