A entrada, entre as 10:00 e as 19:00 de sexta-feira a domingo, é gratuita, mas exige inscrições que, como sempre, esgotam muito rápido: hoje à tarde, as inscrições na plataforma eletrónica http://galeriasromanas.cm-lisboa.pt/terminado.php já estavam encerradas, uma vez que apenas são admitidos cerca de três mil visitantes.

As Galerias, descobertas após o terramoto de 1755, foram construídas no início do século I, provavelmente no tempo do imperador Augusto, e servem hoje o mesmo propósito de então: sustentar de forma firme os edifícios na zona da Rua da Prata e da Rua da Conceição, na Baixa lisboeta.

Por razões de segurança e de conservação, a estrutura abre duas vezes por ano ao público, por ocasião Do dia Internacional de Museus e Sítios, em abril, e pelas Jornadas do Património, no último fim de semana de setembro.

De acordo com Joana Sousa Monteiro, diretora do Museu de Lisboa, este criptopórtico “é uma estrutura muito bem feita, aliás, brilhante do ponto de vista da engenharia, que permitiu criar uma plataforma horizontal e segura num solo altamente instável, lodoso, com água, para que por cima pudesse ter sido construído um grande edifício de uso público, eventualmente uma plataforma para vários edifícios, tal era a sua dimensão nessa época”.

Lisboa, ou Felicitas Iulia Olissipo, como lhe chamaram os romanos, “era uma cidade francamente importante, sobretudo do ponto de vista económico e comercial”.

“Éramos um porto muito importante desta parte a Oeste do Império Romano, sobretudo pelo fabrico de pasta de peixe e também pelas olarias e pela circulação comercial. Portanto, o que é extraordinário é que esta estrutura aqui por baixo, onde estamos neste momento está, até hoje, a ter a mesma função de criptopórtico”, sustentando hoje, tal como há 2.000 anos, a malha urbana de traça pombalina da superfície, num local onde o solo não era muito estável, salientou.

Quando não estão acessíveis ao público, as Galerias têm cerca de um metro de altura de água limpa proveniente dos lençóis freáticos, e que, no início do século XX, até se pensava que teria propriedades medicinais.

A água entra por uma fissura numa das galerias, que terá sido aberta no solo “provavelmente na sequência de um terramoto” e que se dirige para o Tejo, a sul.

“Todas as medidas de segurança e de conservação são fundamentais e, por isso, o que é que é necessário para as pessoas poderem cá vir é bombear a água, temos duas bombas em constante funcionamento, a limpeza do espaço, a ligação elétrica e o corte do trânsito”, explicou Joana Sousa Monteiro.

Durante os três dias de abertura das Galerias, o trânsito será cortado na Rua da Conceição, onde se localiza a entrada, que é feita através da abertura de um coletor de esgoto.

Apesar de abrir apenas em abril e em setembro, a Câmara de Lisboa (através do Centro de Arqueologia de Lisboa e o Museu de Lisboa) está a projetar um centro de interpretação sobre as Galerias Romanas, aproveitando uma abertura descoberta um pouco mais a sul, junto a um edifício com uma entrada normal, na Rua de São Julião.

“Aí teremos, de facto, explicações museológicas sobre o que é este edifício. Não temos a certeza ainda se poderá haver ou não a vinda em permanência, mas isso já requer uma quantidade de estudos técnicos que estão a ser levados a cabo por especialistas”, sublinhou.

A inscrição para acesso às Galerias, que voltarão a abrir em abril do próximo ano, é feita através da plataforma http://galeriasromanas.cm-lisboa.pt/terminado.php.