Os “lóbis do cimento, da celulose e da eletricidade” foram, ao longo da vida de Gonçalo Ribeiro Telles, de 96 anos, “os três monstros” contra os quais “nunca se cansou de alertar”, afirmou hoje Luis Coimbra, numa sessão de homenagem ao arquiteto e ambientalista, realizada em Óbidos.
Luis Coimbra, que ao lado de Gonçalo Ribeiro Telles foi fundador do Partido Popular Monárquico falou hoje sobre o percurso do arquiteto que “conseguiu juntar a ciência, a cultura e a política em torno de um conceito universal dele: a perenidade de tudo”.
O ambientalista conhecido por “ter razão antes do seu tempo” deixou como marcas do seu percurso político propostas de criação legislação para “a auto-produção de eletricidade” ou visando “o ordenamento florestal”, temas que, lembrou Luis Coimbra, em 1982 “eram impensáveis”.
A luta contra o nuclear e as posições em defesa do ambiente por parte do homem que defendia não se dever contrariar a natureza foram hoje lembradas em Óbidos na sessão que terminou com a entrega de uma medalha do município para ser entregue ao arquiteto cuja presença no Folio foi anunciada pela organização mas acabou por não se confirmar.
Nascido em Lisboa, a 25 de maio de 1922, Gonçalo Ribeiro Telles foi um dos pioneiros da defesa do ambiente, em Portugal e autor de projetos emblemáticos como os jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian, que assinou com António Viana Barreto, e que recebeu o Prémio Valmor em 1975.
Em 2013, Gonçalo Ribeiro Telles foi distinguido com o 'Nobel' da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, que lhe seria atribuído em Auckland, na Nova Zelândia, pela federação internacional do setor, a Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas (IFLA).
Foi galardoado em 1969 com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, em 1988, pelo Presidente Mário Soares, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo, em 1990, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, e, em 2017, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Gonçalo Ribeiro Telles é o segundo homenageado na quarta edição de Folio (depois de Eduardo Lourenço) que decorre na vila até domingo.
Dividido em cinco capítulos (Autores, Folia, Educa, Ilustra e Boémia), O Folio integra 831 horas de programação envolvendo 554 participantes diretos, entre autores, pensadores, artistas e criativos protagonistas de 26 mesas de escritores, 25 concertos e 13 exposições, num programa com mais de 185 atividades.
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