O momento é delas, mas a noite foi deles. Bruno Mars conquistou com "24K Magic" a distinção de gravação do ano e álbum do ano, Já “That’s What I Like" ganhou o prémio de canção do ano, na 60ª edição dos Grammy Awards, que teve lugar este domingo, no Madison Square Garden, em Nova Iorque.

Mars negou a Kendrick Lamar e Jay-Z a honra de serem o primeiro artista em 14 anos a vencer o prémio de álbum do ano.n Lamar, de 30 anos, é considerado um dos rappers mais inovadores da sua geração, tendo vencido cinco prémios, sobretudo em categorias de rap, com o álbum "DAMN" e o single "Humble". Já Jay-Z, um veterano, saiu de mãos vazias nesta edição dos Grammy, apesar de estar nomeado para oito categorias.

O cantor Leonard Cohen, que nunca ganhou um Grammy enquanto foi vivo, foi distinguido, a título póstumo, com o prémio para a Melhor Atuação Rock, com a música "You Want it Darker", na qual dizia estar pronto para morrer. O seu álbum "You Want It Darker" foi lançado três semanas antes da morte do cantor, que faleceu em novembro de 2016, aos 82 anos.

Também a atriz Carrie Fisher, uma das protagonistas da Guerra das Estrelas, recebeu, a título póstumo, o prémio para o Melhor Álbum Falado, com "The Princess Diarist", a versão áudio da sua autobiografia.

Este ano, tal como aconteceu em 2017, a música pop, mais inclusiva, acabou por superar a musica mais incisiva ou de intervenção.

No que às mulheres diz respeito, Alessia Cara conquistou o prémio revelação. Apenas 17 prémios, de um total de 86, foram para mulheres ou bandas lideradas por mulheres. Um dos momentos mais emocionantes da noite, todavia, foi protagonizado pela estrela pop Kesha, que cantou "Praying", um tema onde aborda a sua própria experiência sobre abuso sexual.

"A todos os que se atrevem a tentar silenciar-nos, dizemos duas palavras: Time's Up. Acabou a desigualdade de salário, a discriminação, o assédio sob todas as suas formas e os abusos de poder", disse Janelle Monae ao apresentar Kesha, que luta há vários anos nos tribunais contra o seu ex-produtor, Dr. Luke, a quem acusa de violação.

O tema esteve bem presente, com grande parte dos artistas na passadeira vermelha a usar uma rosa branca, símbolo do seu apoio a movimentos como #MeToo e #TimesUp, que visam alertar para o assédio e abuso sexual e para a desigualdade de género.

Outro dos momentos mais marcantes foi o do tributo às vítimas dos ataques de Manchester e Las Vegas, com os nomes das vítimas a serem projetadas no palco durante a atuação de Maren Morris, Eric Church e dos Brothers Osborne que tocaram "Tears In Heaven" de Eric Clapton.

A política também não passou ao lado dos Grammy. Hillary Clinton, John Legend, Cher, Cardi B e Snoop Dogg leram excertos do livro "Fire and Fury", que trata momentos polémicos do primeiro ano de Trump na Casa Branca. Já a jovem cantora Camila Cabello lembrou dos "Dreamers", os quase dois milhões imigrantes que chegaram aos Estados Unidos pela mãos dos pais e de forma ilegal, e que estão agora sob ameaça de deportação pelo governo de Donald Trump.

Veja a lista dos vencedores nas principais categorias do Grammy, ou consulte a lista completa

ÁLBUM DO ANO:

"24K Magic", Bruno Mars

GRAVAÇÃO DO ANO:

"24K Magic", Bruno Mars

CANÇÃO DO ANO:

"That's What I Like", Bruno Mars

(Compositores: Christopher Brody Brown, James Fauntleroy, Philip Lawrence, Bruno Mars, Ray Charles McCullough II, Jeremy Reeves, Ray Romulus & Jonathan Yip, songwriters

ARTISTA REVELAÇÃO:

Alessia Cara

MELHOR INTERPRETAÇÃO POP INDIVIDUAL:

"Shape Of You", Ed Sheeran

MELHOR INTERPRETAÇÃO POP DUO/GRUPO:

"Feel It Still", Portugal. The Man

MELHOR ÁLBUM DE POP VOCAL:

"÷ (Divide)", Ed Sheeran

MELHOR ÁLBUM DE RAP:

"DAMN.", Kendrick Lamar

MELHOR ÁLBUM DE ROCK

"A Deeper Understanding", The War On Drugs

MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA ALTERNATIVA:

"Sleep Well Beast", The National

MELHOR ÁLBUM ELETRÓNICO:

"3-D The Catalogue", Kraftwerk

MELHOR ÁLBUM URBANO:

"Starboy", The Weeknd

MELHOR INTERPRETAÇÃO DE ROCK

"You Want It Darker", Leonard Cohen