A cidade andaluza (Sul de Espanha) foi a escolhida para acolher, este ano, a cerimónia de apresentação do Guia Michelin Espanha e Portugal do próximo ano, que contará com a presença de entidades oficiais, jornalistas, críticos gastronómicos e personalidades dos mundos da cultura e empresarial, além de dezenas de ‘chefs’ dos dois países.

Um evento que celebra também os 110 anos da publicação do Guia Michelin Espanha e Portugal, e no qual a Michelin quer “estender uma ponte ao passado, em redor do Parque de María Luisa, que acolheu a Exposição Ibero-americana de 1929”, tendo sido escolhidos o Teatro Lope de Vega e o Casino da Exposição, “dois edifícios que foram construídos para esse grande evento internacional”, divulgou a empresa em comunicado.

Coube ao espanhol Ángel León coordenar o jantar da gala de apresentação, que terá a participação de um total de oito ‘chefs’ de restaurantes andaluzes: Julio Fernández (“Abantal”, Sevilha), Xanty Elías (“Acánthum”, Huelva), Pedro Sánchez (“Bagá”, Jaén), José Álvarez (“La Costa”, El Ejido), José Carlos García (“José Carlos García”, Málaga), Juanlu Fernández (“LÚ Cocina y Alma”, Jerez de la Frontera) y Paco Morales (“Noor”, Córdoba), todos com uma estrela Michelin, além do ‘chef’ do “Aponiente” (três estrelas, Cádiz).

Portugal detém, na edição deste ano, um total de seis restaurantes com duas estrelas (‘uma cozinha excecional, vale a pena o desvio’) e 20 com uma estrela (‘uma cozinha de grande fineza, compensa parar’).

O caso Henrique Leis, o chef que renunciou há estrela que tinha há 19 anos

Uma das incógnitas para o próximo ano é saber se o Guia vai manter a estrela ao restaurante “Henrique Leis” (Almancil), depois de o ‘chef’ Henrique Leis ter decidido, este verão, renunciar à distinção que detinha há 19 anos, algo que aconteceu pela primeira vez em Portugal. A posição oficial da Michelin em situações destas tem sido a de que é o guia que decide entregar ou retirar estrelas.

Na gala da próxima quarta-feira, saber-se-á ainda se Portugal alcança as três estrelas (‘uma cozinha única, justifica a viagem’), inédito na história do guia ibérico.

A Michelin já anunciou que 2020 será “um ano excecional” para a gastronomia de Portugal e Espanha, “com um crescimento em todas as categorias”, em particular na atribuição de uma estrela.

As distinções da edição do próximo ano demonstram “a consolidação da alta cozinha” em ambos os países, afirmou a Michelin no início do mês.

“110 anos depois da primeira edição do Guia Michelin Espanha e Portugal, estamos muito satisfeitos com o panorama gastronómico”, destacou a empresa.

A equipa de inspetores da Michelin avalia a qualidade dos produtos, a criatividade e apresentação, o domínio do ponto de cozedura e dos sabores, a relação qualidade/preço e a regularidade da cozinha para decidir a qualificação dos restaurantes.

Vida de inspetor: 250 refeições por ano, 160 noites em hotéis e visita a mais de 800 estabelecimentos

A Península Ibérica conta com uma equipa de cerca de doze inspetores, de ambas as nacionalidades, que são também responsáveis pela produção dos guias brasileiros de São Paulo e do Rio de Janeiro, mas cada vez mais os estabelecimentos recebem visitas de inspetores de outras nacionalidades europeias.

Segundo a empresa, cada inspetor faz cerca de 250 refeições por ano, fica alojado em hotéis uma média de 160 noites e visita, no total, mais de 800 estabelecimentos.

Os inspetores “são um cliente como qualquer outro”: visitam os estabelecimentos de forma anónima e periódica e pagam a conta.

“Tomam as decisões de forma colegial e não há tratamentos preferenciais”, garantem os responsáveis do guia.

A Michelin edita atualmente 24 publicações, garantindo uma homogeneidade: “os critérios de classificação são idênticos em todos os países”.

O Guia Michelin surgiu em França, em 1900, e existe na Península Ibérica desde 1910.

A apresentação das edições numa gala teve início em 2009, em Madrid, quando foi anunciado o guia ibérico de 2010, para celebrar o centenário da primeira publicação em Espanha e Portugal. Desde então, já passou por cidades espanholas como Barcelona, Santiago de Compostela, Bilbao, Marbella, Girona ou Tenerife.

No ano passado, Portugal recebeu pela primeira vez o evento, que decorreu no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.