Contactada pela Lusa sobre as exposições previstas para o próximo ano, a fundação revelou que receberá em março do próximo ano a mostra "Europa, Oxalá", na galeria principal do museu.

Trata-se de uma exposição com 60 obras de duas dezenas de artistas europeus cujas origens familiares se situam nas antigas colónias africanas, nascidos e criados num contexto pós-colonial, que propõem uma reflexão sobre as suas heranças, as suas memórias e as suas identidades, segundo o texto de apresentação da temporada.

"A abordagem original de temas como o racismo, a descolonização das artes, o estatuto da mulher na sociedade contemporânea e a desconstrução do pensamento colonial testemunham o poder criativo da diversidade cultural europeia contemporânea", indica um texto sobre a mostra que terá como curadores António Pinto Ribeiro, investigador na Universidade de Coimbra, Katia Kameli, artista e curadora, Aimé Mpane, artista e curador, e que irá ficar patente até 22 de agosto de 2022.

Obras de pintura, desenho, escultura, em filme, fotografia e instalação dos artistas Aimé Mpane, Aimé Ntakiyica, Carlos Bunga, Délio Jasse, Djamel Kokene-Dorléans, Fayçal Baghriche, Francisco Vidal, John K. Cobra, Katia Kameli, Mohamed Bourouissa, Josèfa Ntjam, Malala Andrialavidrazana, Márcio Carvalho, Mónica de Miranda, Nú Barreto, Pauliana Valente Pimentel, Pedro A.H. Paixão, Sabrina Belouaar, Sammy Baloji, Sandra Mujinga e Sara Sadik vão ser integradas nesta exposição.

Trata-se de uma coprodução da delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian com o Musée des Civilisations de l’Europe et de la Méditerranée (MUCEM), em Marselha, França, o Musée Royal de l’Afrique Centrale (AfricaMUSEUM), em Tervuren, na Bélgica, e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES), no quadro do Projecto MEMOIRS – Filhos de impérios e pós-memórias europeias.

A nova temporada abre antes, a 17 fevereiro, com um novo projeto de Hugo Canoilas, na galeria de exposições temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, em resultado de um convite, e que levou o artista a pegar nas profundezas do oceano como terreno fértil para o desenvolvimento de novas possibilidades poéticas, artísticas e políticas.

Na sequência dessa pesquisa, criou "uma instalação imersiva e sensorial, habitada por formas vivas e híbridas, onde a cor, as texturas e a fluidez lhes confere uma qualidade quase alquímica, como se, sob o nosso olhar, estivessem em plena metamorfose", que irá apresentar com curadoria de Rita Fabiana.

Nascido em Lisboa, em 1977, Hugo Canoilas recebeu em 2020 o prémio Kapsch Contemporary Art, que permitiu que realizasse uma exposição individual no Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig (MUMOK), em Viena.

Entre 11 de novembro de 2022 e 06 de março de 2023, o compositor, teórico, matemático, arquiteto e engenheiro franco-grego Iánnis Xenakis (1922-2001) será alvo de uma exposição, que assinala o centenário do seu nascimento.

A Fundação Gulbenkian manteve, ao longo dos anos, uma forte relação com Xenakis, tendo encomendado ao compositor um total de 11 obras, como é o caso das obras corais "Nuits" e "Cendrées" e do quarteto "Tetras", de 1983, que tem de ser interpretado na escuridão, obrigando os músicos a tocar sem verem os outros músicos nem a partitura.

Este projeto dedicado a Xenakis, um dos mais importantes compositores contemporâneos, com uma obra marcada pela arquitetura e a matemática, é uma parceria entre o Centro de Arte Moderna, a Gulbenkian Música e o Programa Gulbenkian Cultura, realizado em coprodução com a Philharmonie de Paris – Cité de la Musique, em França, com curadoria de Mâkhi Xenakis & Thierry Maniguet.

Xenakis teve uma das primeiras exposições dedicadas à sua obra, na comemoração dos seus 50 anos, na Gulbenkian, em Lisboa, em 1973.

Seis meses antes, abrirá a exposição "O Poder da Palavra IV - Sabedoria Divina: o Caminho dos Sufis", na galeria do Museu Calouste Gulbenkian, onde permanecerá até 02 de janeiro de 2023, naquela que será a quarta edição do projeto curatorial participativo sobre peças da coleção do museu.

Com coordenação e curadoria de Jessica Hallet - e tendo curador convidado Fabrizio Boscaglia, investigador em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona - nesta edição serão exploradas a relação destas peças com o Sufismo, a mística islâmica, apresentando "obras de arte que mostram como a harmonia, a unidade e a sensibilidade iluminam o caminho para o maravilhamento, a inspiração e a pacificação".

No verão, a inaugurar a 07 julho, a mostra "To go to – Jorge Queiroz | Arshily Gorky", na galeria de exposições temporárias, será um encontro imaginado entre dois artistas com uma obra singular: Jorge Queiroz, nascido em Lisboa, em 1966, visto como autor de um dos mais originais universos artísticos no panorama atual da arte portuguesa, e Arshile Gorky (1904-1948), nascido em Khorkom, na Arménia, considerado o 'pai' do expressionismo abstrato americano do pós-guerra, e uma referência da arte ocidental da primeira metade do século XX.

Quanto à grande exposição "Faraós Superstars", já anteriormente anunciada, abrirá a 25 de novembro na galeria principal do museu, no contexto das comemorações do centenário da descoberta do túmulo de Tutankhamon, por Howard Carter, e do bicentenário da decifração dos hieróglifos por Jean-François Champollion.

Esta mostra propõe uma reflexão sobre a figura do faraó e o papel que ocupa como símbolo do Antigo Egito e também como ícone de celebridade no imaginário mundial, da Antiguidade aos dias de hoje.

Das antiguidades egípcias à música pop, passando pelas iluminuras medievais e a pintura clássica, a exposição reúne 250 obras de diferentes naturezas - peças arqueológicas, documentos, obras históricas e objetos contemporâneos - provenientes de coleções europeias como as do Museu Britânico, Museu do Louvre, Museo Egizio (Turim), Ashmolean Museum (Oxford), Musée d’Orsay (Paris), MUCEM (Marselha) e da Biblioteca Nacional de Portugal.

Com curadoria de Frédéric Mougenot, do Palais des Beaux-Arts de Lille, e de João Carvalho Dias, do Museu Calouste Gulbenkian, a exposição irá também refletir sobre o núcleo de arte egípcia do Museu Gulbenkian e sobre a relação que o colecionador estabeleceu com o egiptólogo Howard Carter, que foi o conselheiro para a maioria das suas aquisições.

Produzida pelo MUCEM, em parceria com a Fundação Gulbenkian, a exposição será apresentada inicialmente em Marselha, entre 22 de junho e 17 de outubro de 2022.

A exposição "Tudo o que eu quero. Artistas Portuguesas de 1900 a 2020" - que esteve patente na Gulbenkian entre junho e agosto deste ano - irá ficar patente entre 25 março e 04 setembro do próximo ano no Centre de Création Contemporaine Olivier Debré, em Tours, na França.

Esta mostra - com curadoria de Helena de Freitas e Bruno Marchand - chegará a França no âmbito do programa geral da Temporada Cruzada Portugal-França, com 180 obras de quatro dezenas de artistas portuguesas, produzidas ao longo de um século, abrangendo diversos géneros como pintura, escultura, desenho, objeto, livro, azulejo, instalação, filme e vídeo.

Estão representados nomes de referência como Aurélia de Sousa, Maria Helena Vieira da Silva, Lourdes Castro, Paula Rego, Ana Vieira, Salette Tavares, Helena Almeida, Joana Vasconcelos, Maria José Oliveira, Fernanda Fragateiro e Grada Kilomba.

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