Há 10 anos que Isabel Empis realiza um curso de "psicologia aberto a todos". Tem como parceira e cúmplice a artista plástica Isabel Arantes Pedroso e as duas acreditam que este é um curso que já melhorou a vida a muitas pessoas, pelo menos às duas centenas que por lá já passaram. No dia 4 de abril arranca a edição deste ano.

Um curso de psicologia para todos significa que todos podemos, de alguma forma, ser psicólogos?

Ser psicólogo é uma coisa, ter tirado um curso de psicologia é outra. Não somos todos psicólogos, mas todos podemos usar noções da psicologia que são úteis para a nossa vida. Este curso serve também para levar as novas descobertas da psicologia a todas as pessoas que se interessem, dando pistas para um maior auto-conhecimento.

Isso torna os participantes mais aptos a tratarem ou prevenirem os seus próprios problemas psicológicos?

A psicologia não permite ao paciente melhorar por si. O que nós trazemos para este curso é uma outra forma de apresentar os temas porque acreditamos que a linguagem do senso comum é mais útil do que a linguagem científica. Porque simples não quer dizer superficial, profundo não é complicado e específico não é hermético. A nossa trilogia assenta em humor, humildade e humanidade.

Mas quais são as novas descobertas de que falam?

Tem se falado muito sobre inteligência  emocional e a nossa proposta é levar as pessoas a descobrir as dificuldades para a partir daí descobrirem as suas capacidades. O que se pretende não é levar as pessoas a discutir os conceitos da inteligência emocional - até podemos nunca pronunciar essas palavras. Queremos é levar as pessoas a passar por situações onde são confrontadas com questões que lhes fazem cliques de auto-conhecimento. Porquê? Porque o funcionamento humano é vertical, é igual em todos, e aquilo que propomos é usar o que se aprendeu através daquilo que se é.

E como é que isso se traduz na vida das pessoas?

A nenhum de nós é exigido ser melhor do que os outros. Todos somos tudo. É uma questão de consciência que nos faz não ser maus, perceber a maldade em nós e escolher ser outra coisa. A nossa reação às nossas emoções é que muda segundo a nossa consciência. E é por isso que é importante ter o auto-conhecimento.

O curso tem módulos que são apresentados por artistas, bailarinos, atores, até um agricultor, além, naturalmente, de médicos. O que faz tanta gente diferente no mesmo curso?

Queremos apresentar os temas como um romance de vida, podemos usar filmes, anedotas, vivências. Apresentamos, por exemplo, um filme sobre pedofilia e aquilo que perguntamos ás pessoas é com que personagens têm mais e menos dificuldade em se relacionar. O objetivo é sair do julgamento e entrar na compreensão. Alguns psicólogos explicam a vida sem a viver  - nós não deixamos de fora os conceitos da psicologia, mas usamo-los de outra forma. Daí a diversidade das pessoas que estão neste curso e das diferentes experiências e propostas que trazem.

Que tipo de pessoas têm passado pelo curso?

Engenheiros, pacientes de psicoterapia, professores ... mais mulheres do que homens, mas isso é Portugal, o país onde um homem não chora.