A primeira temporada da série Master Of None recebeu ótimas críticas, tendo inclusive ganho um Emmy para melhor guião de comédia. Passados dois anos da estreia, é por isso natural que as expectativas para os próximos episódios desta série fossem bastante altas. Ao mesmo tempo, o sucesso da primeira temporada representou a confirmação do talento do ator e comediante americano Aziz Ansari, valendo-lhe comparações a Jerry Seinfeld por fazer regressar à televisão ou aos ecrãs do computador, o humor mais analítico das rotinas do dia-a-dia no romance, nas interações sociais, na religião, na cultura e na família.
Ansari é filho de pais indianos muçulmanos que, antes de ele nascer, emigraram para o estado da Carolina do Sul. Foi aqui que viveu durante a sua infância e adolescência até ir para a NYU (New York University) estudar Gestão. Durante os seus estudos, entrou num grupo de comédia e começou a fazer stand-up e a escrever guiões para os seus espetáculos.
O seu primeiro grande projeto, após licenciar-se, surgiu em 2007, com a série da MTV Human Giant, onde fazia diversos sketches humorísticos. Daqui, saltou para a série Parks and Recreation, onde ganhou maior notoriedade com o papel de Tom Haverford, um engatatão que trabalhava numa organização responsável por parques infantis. Durante a sétima e última temporada de Parks and Recreation, começou a trabalhar com Alan Yang nas primeiras ideias para Master of None.
Grande parte das histórias contadas em cada episódio de Master of None e das personagens presentes na série são baseadas em vivências que o próprio Aziz teve durante a sua vida. Não se estranha por isso que o tom seja autobiográfico. Um dos episódios mais engraçados relatado no processo de audições para a série foi o de encontrar pessoas para representar os pais de Aziz. Desde que começou a trabalhar na série, o ator tinha como objetivo tornar os guiões e as interações das personagens o mais reais possíveis e, ao aperceber-se que não estava satisfeito com os castings que estavam a ser feitos, decidiu convidar os próprios pais, Shoukath e Fatima Ansari, para fazerem de si próprios. Esta decisão acabou por resultar, visto que, a relação de Dev, o protagonista, com os pais durante a primeira e segunda temporadas se tornou uma das imagens de marca da série.
Durante a primeira temporada, Dev é um ator em anúncios publicitários que, depois de ficar com o coração destroçado pela sua namorada Rachel que se muda para o Japão, decide ir para Itália aprender a cozinhar massa. É em Itália, mais especificamente em Modena, que começa, a preto e branco, o primeiro episódio da segunda temporada que nos mostra Dev a trabalhar num restaurante familiar com Francesca e a sua avó. Segundo Aziz, houve uma altura em que andou viciado em cinema italiano e decidiu basear este episódio no filme neorealista italiano de 1948 “The Bicycle Thief”.
Francesca é, nestes novos capítulos da série, o novo amor de Dev e é um dos fatores que traz algo de diferente não só pela introdução da língua italiana, mas também pela personalidade tipicamente europeia que não costuma ser explorada no estilo sitcom americana.
No regresso a Nova Iorque, Dev larga os anúncios de publicidade e torna-se, primeiro, apresentador de uma competição culinária e, posteriormente, junta-se a um reconhecido chef para apresentarem um programa de viagens e comida. O episódio mais original desta segunda temporarada foi intitulado “ New York, I Love You” e nele são combinadas as histórias de três pessoas - um rececionista de hotel, uma mulher muda que trabalha numa mercearia e um imigrante taxista - que no final acabam ligados por um filme que tinha estreado no cinema.
Nesta segunda temporada, Aziz Ansari mostra-se capaz de abordar novos temas e de reinventar o estilo sitcom onde o objetivo não é soltar uma gargalhada a cada trinta segundos, mas sim mostrar a perspetiva de pessoas em contextos diferentes a questões atuais da sociedade moderna.
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