Calculo que devas estar farto desta pergunta, mas porquê "Só"?

Como nos Beatles, veio por acaso. Estávamos numa reunião na Valentim de Carvalho. Na altura, a minha banda chamava-se João PB e Emprestados. PB, porque me chamo João Pinto Bastos; Emprestados porque os músicos eram amigos que fui buscar a várias bandas. Mas o meu editor achou que PB não tinha muita leitura, e com razão. Então disse-lhe 'fica só João ou João Só, uma coisa qualquer'. A Rafaela Ribas, a minha agente na altura, disse 'João Só é giro'. 'Então, okay', e ficou. Ainda por cima [Só] é um disco do Palma que gosto imenso. 

...

Foi das decisões que menos tempo demorou a tomar. Ainda por isso é um pouco irónico. Por um lado, sou João Só porque realmente gosto de fazer coisas sozinho. Por outro, estou sempre rodeado por amigos, e pouco só.

Tu és um melómano, com gostos musicais muito variados. Recordo-me de uma publicação tua em que te mostras feliz porque o teu novo disco ia sair no mesmo dia do que o dos Eels. Vives de e para a música?

Completamente. Tenho um filho pequeno e ainda no outro dia lembrei-me de uma coisa que o Rui Veloso me disse e ao Miguel Araújo quando éramos pequenos, para 'não irmos para música'. Para tocar e não sei o quê, mas para não o seguir. E fiquei a pensar se era algo que dissesse ao meu filho. Mas a verdade é que ele entusiasma-se com qualquer coisa que comece a tocar. As minhas tias e a minha mãe dizem que ele é igualzinho a mim quando era pequeno. Assusta-me um bocadinho, mas por outro lado acho piada.

Mas respondendo, as minhas canções que passam na rádio são uma triagem ou um single mais orelhudo. O que oiço pode ir da Katy Perry aos Wilco. Depende se a canção for boa. Não tenho guilty pleasures já há muito tempo. E não sou daqueles que diz que é tudo bom, acho que há coisas péssimas. Mas vibro a sério. Ainda há pouco vinha do ginásio a ouvir um disco dos Killers que gosto imenso, o "Battle Born". Mais americano, assim mais Bryan Adams. Eu sou um grande fã do Bryan, mesmo à séria. Acho que o "Reckless" é um best of que não é best of, todas as músicas são boas.

O que é que tens andado a ouvir?

O novo dos Eels; o meu, para ver se não me baldo nos temas que tenho de cantar sozinho [no concerto desta quinta-feira]; piquei o que já saiu da Carolina Deslandes, porque produzi um disco dela e gosto sempre de saber o que é que a malta está a fazer; tenho estado numa fase Bruce Springsteen, outra vez; o álbum do Ray La Montagne de 2010, que adoro; e o novo do Jack White, estou a tentar perceber aquilo, venderam-me uma coisa terrível mas até estou a gostar. Este último comprei em vinil para me obrigar a ouvir, que o tempo é pouco e esse é um formato ao qual tens de te dedicar. Ah, e uma coisa é certa, há sempre um best of do Elvis por perto. 

Acho que conseguíamos fazer desta uma conversa em que falávamos só sobre discos, lançamentos e histórias de estrada...

De certeza. Até porque tenho uma coleção grande de discos. Através de uma das minhas tias, a Teresa Lages, que agora trabalha na RFM, mas que na altura trabalhava na EMI/Valentim de Carvalho, recebia imensos discos. Até escrevi no texto deste meu novo disco que aos dez anos já tinha uma coleção maior do que um jornalista a meio da carreira. A principal razão para um jornalista escrever sobre música é para ter discos de graça, isso já vem do "Almost Famous".

Quando dizes "desde miúdo", é mais ou menos desde que idade? É esse período que está retratado na capa do teu novo álbum, "O Bom Rebelde?"

Nessa foto tenho quatro anos. Nasci em 1988. Nunca ninguém me deu a escolher se queria gostar de música. Não tive nenhuma epifania... Em minha casa, as primeiras memórias que tenho são musicais. Sempre se ouviu muita música, desde o Cat Stevens aos Eagles, passando pelos Beatles, claro. A minha mãe diz que as primeiras palavras que disse foram uma tentativa de dizer "Ob la di, ob-la-da".  

créditos: Capa do álbum "O Bom Rebelde"

Quando pensaste em ser músico já o eras?

Ainda outro dia o contei na Rádio Comercial. Havia uns anuários na escola em que andava em Coimbra onde perguntavam 'O que é queres ser quando fores grande?'. E se fores ler, eu com cinco anos, já dizia 'músico'. A minha irmã dizia que queria ser rainha [ri-se]. É um bocado como aquele disco do Tony Carreia, "A vida que eu escolhi", ao contrário. Foi a vida que me escolheu a mim. Ando aqui um bocado ao sabor do vento e não me imaginaria a fazer outra coisa. Gosto mesmo disto.

Há quem diga que o Dave Grohl, para além do músico mais simpático, é um trabalhador do rock and roll. Tu tens esse lugar no panorama musical nacional, não paras e estás sempre envolvido em projetos. Seja a compor para outros músicos ou a preparar a banda sonora de uma série...

Apesar de, para algumas pessoas, ter ficar colado a um tema. O problema de ter um êxito grande, "A Sorte Grande", como o que tive com a Lúcia Moniz, é que depois acham que só fizeste aquilo. Agora estou aí com um grande single da série que fiz com o Markl, em que a Ana Bacalhau canta, "Pensamos no Futuro Amanhã".

Como é que foi trabalhar na série do Markl, a “1986”? Tu ainda não eras nascido nesse ano.

Nasci em 1988, mas a minha alma é para aí de 61. Acreditas que foi fácil? No sentido em que não houve nada que ele me tivesse falado, de géneros e referências, que não conhecesse. Depois, ele foi-me enviando sinopses e referências para cada personagem e construí as canções a partir de aí. Estava de férias nessa altura, em Caminha, com a família da minha mulher. Como o meu filho era bastante bebé, tínhamos de fazer turnos em casa para ficar com ele. Para mim foi um sonho, que gosto de praia duas horas por dia e dentro de água. Quando estamos com muita gente parece mal- estar de headphones na praia, mas é tudo o que quero fazer. Aquela socialite de areia não é para mim.

Então levar a guitarra para a praia não é para ti?

Zero. Eu faço muitas músicas sem a guitarra, só com a cabeça. Sou uma alma velha, mas adoro gadgets. Tenho tudo sincronizado. Desabituei-me a escrever à mão. A minha vida está nas notas do telemóvel, até os menus do restaurante chinês perto do estúdio estão lá.

Passas muito tempo no estúdio? É uma segunda casa?

Passo. Muito tempo mesmo. Gosto da ideia de ser um escritório, das nove às sete, e às oito estou em casa. Vou todos os dias para lá, é o meu quartel-general. O estúdio começou por ser um capricho, agora investi nele a sério. O Sérgio Godinho já lá gravou o disco. O Samuel também. O Miguel misturou lá o dele. Gosto da parte técnica e da sonoplastia. Por carolice, porque não sei nada. Sou autodidata nessa matéria.

Como é ter o Sérgio Godinho a gravar em tua "casa"?

É indescritível. Era fã do Sérgio Godinho - músico; agora fiquei fã do Sérgio Godinho - pessoa. Fartámo-nos de falar sobre música. Nunca mais me esqueço de um momento em que ele me liga a queixar-se "então e o documentário do 'Sgt. Pepper's Lonely', nunca mais me mandas isso, falámos disso". Tipo, tive o Sérgio Godinho a ligar-me por um documentário que lhe falei.

Tens algum sonho, alguém que gostasses de ter no teu estúdio? Por lá já passaram o Rui Veloso, o Sérgio Godinho...

O Rui. Conheço o Rui há muito tempo. Temos uma linguagem musical, e não só, muito parecida. Acho que consigo contribuir para a música dele e ele, sem dúvida, tem contribuído para a minha. Lembro-me perfeitamente do dia em que me disse que estava sempre a cantar à frente do tempo e desde aí tenho tentado não o fazer. Eu gosto muito de ouvir os outros... e sou bastante coscuvilheiro...

Como assim?

Não posso ir jantar fora com o meu pai porque nós não falamos, somos iguaizinhos. Se a mesa ao lado estiver perto... nem imaginas a quantidade de músicas que já fiz a ouvir conversas. Há conversas com amigos meus que terminam num: 'Eu vou usar isto numa letra e tu vais achar piada'. 

Por falar em amigos. Sobes esta quinta-feira ao palco do Teatro Tivoli BBVA, onde decididamente não estás só… Rui Veloso, Miguel Araíjo, Lúcia Moniz, André Sardet, Nuno Rafael, Benjamim, Joana Almeirante e Nuno Markl vão estar ao teu lado. Elenco de luxo.

Estou entre amigos, antigos amigos. Conheci o Benjamim quando ambos fazíamos parte da banda do David Pires, dos Pontos Negros, onde ele era teclista e eu guitarrista. Vê lá, isto em 2010. Estou sempre a dizer, adorava ser guitarrista de uma banda. Só. Uma coisa assim simples, dez concertos por ano, que não desse muito trabalho mas tivesse ensaios. No fundo, que me deixasse sair do papel de cantor. Mas voltando atrás, finalmente este ano eu e o Benjamim iremos colaborar, estamos a combinar produzir uma música juntos. Com o Miguel já estou farto de fazer coisas. O André foi o primeiro artista a ligar-me, tinha eu 20 anos, a dizer que queria que produzisse o disco dele. 

E que papel terá o Nuno Markl neste espetáculo, irá cantar?

Talvez, não sei muito bem. Talvez... É capaz de chegar atrasado, tem uma coisa no Algarve.

A palco vais levar o teu mais recente álbum, que saiu no passado dia 6 de abril. Que trabalho é este, não é um disco de originais? Pelo menos na totalidade.

Este álbum, costumo dizer, é tipo um quadro onde vais colando fotografias como se estivesses a resolver um crime e tens de ligar as peças todas. Mas algumas dessas fotografias estão um pouco mais desfocadas e por isso vais dar uns toques. Como a recriação do "A Marte" que fiz com a Joana Almirante, a convidada do concerto que conheci mais recentemente. 

Como é que a conheceste?

Num concerto do Miguel [Araújo], no passado verão. Ele tem por hábito quando vai tocar a algum lado ligar-me a dizer 'olha, vem cá ter'. Quando me propuseram fazer um dueto na "A Marte", pensei imediatamente na Joana. Se não aceitasse, não o quereria fazer.  Não é por nada, mas já tinha tudo encaixado na cabeça. Fiz o arranjo do tema a pensar na voz dela.

A Joana é uma voz a acompanhar?

Acho que sim, uma voz e um talento incrível. Faz canções altamente, está agora a dar os primeiros passos nas letras e toca guitarra maravilhosamente. E depois é uma pessoa divertida como tudo. É de Santa Maria da Feira com o carimbo, mesmo à séria. É rock and roll.

E porquê a escolha destas fotografias, como lhe chamas, e não outras? Como foi o processo até estes 21 temas que compõem o álbum?

Começámos pelos singles, mas depois pensei nisto como se fosse o alinhamento de um concerto. E a Valentim de Carvalho deixou-me fazê-lo assim. "A Sorte Grande" é para aí o número dez no disco, se fosse há não sei quantos anos era para aí a três. Depois havia coisas que não faziam parte de nenhum álbum, como o "Cara a Cara". Um single que lancei sobre um amor real na era das redes sociais. Isto também é irónico, é que tenho sempre as pessoas que trabalham comigo a dizer-me: 'João, tens de alimentar as redes'. Não tenho jeito nenhum, mas de vez em quando meto umas coisas no Instagram. Ainda assim nunca me lembro de ir trabalhar números. Nem faço ideia dos números do YouTube. Estreei um vídeo na semana passada e nem faço ideia de quantas pessoas é que viram aquilo. Sei das pessoas que gostaram porque me enviaram uma sms a dizer. Ainda sou uma alma muito velha, volto a dizer.

São os novos canais de promoção...

Sim, sim, okay. O meu canal de promoção ainda é a minha música. 

O vídeo que referias é o do tema "Quando Te Calas", uma música nova para os nossos ouvidos mas que já tem alguns anos. Certo?

É um dos meus primeiros temas, esteve quase para entrar no meu primeiro disco. 

E porque é que ficou de fora?

Porque não estava bem acabado. Foi uma das músicas que nem chegou à primeira maquete que enviei para a editora. Quando foi para fazer este disco veio-me à ideia uma coisa que uma das minhas cunhadas um dia me disse, que este tema era um dos preferidos dela. Já nem me lembrava de quantos anos tinha a música. Refiz as estrofes e achei que faria sentido num disco como este. Para toda a gente é nova, para mim não é nada novo. 

Já agora, porquê o “O Bom Rebelde”?

A primeira vez que usei essa expressão foi num e-mail que enviei para a editora. Assinei "O Bom Rebelde está de volta". Eles diziam sempre que o Samual Úria chamava-me — e chama-me — de o beto rocker português. Faz todo o sentido e acho piada. A sensação de não encaixar em lado nenhum, mas por isso ter espaço em todo o lado. “O Bom Rebelde” ficou.

Quando é que começaste a compor os primeiros temas?

Para aí aos catorze ou quinze anos. Quando estudava, ali no Colégio São João de Brito, no Lumiar, consegui que me elegessem presidente da associação de estudantes para organizar os meus próprios concertos. Numa das festas que há todos os anos, em maio, arranjámos maneira de ter patrocínios, montámos um PA e fizemos um festival mesmo à séria.

Quais eram as bandas em 'cartaz'?

Nós, os DAMA que ainda não tinham a formação que têm hoje mas que andavam um ano abaixo do meu, e Os Velhos, que tinham outro nome na altura. O som era miserável, mas pronto, era o que tínhamos. Estava tanto sol que um dos timbalões começou a derreter. Hoje isso seria impossível, com todos os cuidados com o material que tenho. Já é patológico. Não consigo sequer ensaiar sem um copo de água ao lado. 

Histórias como essa deves guardar várias. De estúdio, de estrada, de palcos... Há alguma que possa servir de ilustração a um destes temas que compõem o álbum?

Há coisas incríveis. Já toquei numa festa, no princípio do João Só e os Abandonados, onde o técnico de som se esqueceu de desligar a música ambiente. Então fiz o concerto todo com a Diana Krall de fundo nos meus in-ears. Estava a tentar cantar e só ouvia "aaaa aahh ahaaa". Também já apanhei um choque quando peguei no micro e pisei o pedal de guitarra. E uma vez, no Marés Vivas, ligaram-me a dizer "faz aí post no Facebook e a primeira pessoa a responder vai cantar a 'Sorte Grande' contigo". Foi demais, a pessoa safou-se mesmo bem a cantar, mas veio vestida de forma incrível com um vestido de lantejoulas. De repente tinha a Ariana Grande no palco e eu de t-shirt do Paul McCartney.

E porque é que dizes que este é o teu melhor disco?

Isso é uma piada, claro. É o meu melhor disco porque tem as minhas canções todas.

Ficou alguma de fora? 

Tenho pena que alguns temas não tenham entrado. Como uma canção nova que está gravada e que até vou tocar no Tivoli , "O rock and roll não morreu". Os meus amigos são todos, à sua maneira, roqueiros, e quando se fala de pop... bem, há que pensar que o pop é melhor género de todos porque cabem lá todos [os géneros]. Ainda no outro dia estava a dizer isto à Joana, que ela está a estudar jazz. E ela: "ah, mas o jazz também...". Não, [Joana] estás enganada. Porque um artista pop pode fazer um disco de jazz, mas um artista de jazz não pode fazer um disco de pop porque é logo crucificado. Por isso é quando me acusam de ser um artista demasiado pop, acho que é o maior elogio que me podem fazer.

Há pouco tempo falava com o Jimmy P e ele dizia-me algo semelhante: "quando me acusam de ser um artista demasiado mainstream…”

É que parece que uma pessoa está a fazer algo mal. Se me disserem que sou um artista mainstream até fico contente porque não quero que a minha música não chegue a algumas pessoas. O que acontece muitas vezes é: "Não, os Coldplay no primeiro disco é que era". Isto é um exemplo típico. Qual é o mal? Uma banda não pode evoluir um bocadinho que é logo uma ganda treta. 

Eels, Wilco, The Killers, Bryan Adams, Coldplay. Já fizeste referência a uma data de nomes internacionais. Mas sei que os Beatles é que são mesmo A tua banda, verdade?

Máxima. O meu pódio só tem um lugar, os outros vêm todos bastante abaixo. Mas com muito respeito. Porque os Beatles inventaram tudo o que gosto. Todas as músicas que faço, todas as referências que tenho... os Beatles estão lá.

E quem é o teu Beatle favorito? Esta é aquela pergunta que não dá para fugir.

É o McCartney. Desde sempre. Foi ele que levou a banda às costas, gosto desse lado workhalocic.

Já tiveste a oportunidade de o ver ao vivo?

Três vezes, já gastei bastante dinheiro à conta disso. Fui vê-lo a Liverpool, em 2003, com a minha mãe e a minha tia. Foi incrível, especialmente por ser na Fátima dos Beatles. Era um pacote daqueles mesmo para fãs em que corrias tudo e depois terminavas no concerto.

Qual foi a tua maior excentricidade, foi esta?

Não sei. Hum. Sei, sei bem. Foi uma guitarra. Nunca achei que iria ter uma guitarra de cinco mil euros. Tu não pensas... mas depois. Ganhei uma necessidade de ter um som igual aos discos que gosto. Tinha trinta guitarras e agora tenho só quinze ou dezasseis. Mas são todas muito boas. 

Já falaste várias vezes na tua mãe, nas tuas tias e na tua mulher e filho. A família tem um peso grande na tua vida?

McCartney dizia que rock n roll era casar e ter filhos. Acho que não há nada mais exigente e roqueiro do que ter uma família. 

É assumido que alguns dos teus temas são dedicados à tua mulher. E ao teu filho?

Ainda não me saiu grande coisa. Já fiz várias tentativas. Ser pai ainda é tão recente e ocupa tanto espaço na minha vida interior que ainda não senti essa necessidade. Mudou muita coisa, desde que ele nasceu. Deixei de me preocupar com o que é que vai acontecer daqui a dois ou três anos ou com a carreira. Estou muito mais preocupado com o facto de saber se o meu filho tem o que comer amanhã ou se tenho dinheiro para as fraldas. Se para isso tenho de aceitar alguns trabalhos... Gosto dessa ideia da música de como quem vai para o escritório. É um trabalho. Por isso é que tenho um disco com o Miguel Araújo, nós somos parecidos. Falamos de Aptamil ou horas de sono, temos montes de conversas de casa. Um tipo que esgota salas, mas pode ter a mulher a ligar-lhe a dizer: 'Olha, vem para casa, tens três filhos, isto não é só rock and roll'.

Isso quer dizer que deixaste de fazer planos?

Não. Eu adoro lançar discos, porque no dia seguinte a ele sair começo logo a pensar no seguinte. E quero mesmo lançar um disco de originais. Não sei se vai ser disco. Pode ser uma coleção de canções, algumas até já comecei a fazer. Será uma nova fase. Algum deste material ainda era do meu tempo de solteiro. Agora estou sem material e isso é bom, está a apetecer-me fazer coisas fresquinhas.