A ideia de criar este adereço inédito surgiu em 2012, quando o jovem estava a trabalhar em Espanha, no departamento comercial de uma empresa de macrobiótica.

“Era frequentemente convidado para eventos e rapidamente me fartei de usar a típica gravata ou o ‘papillon'”, descreveu à Lusa o criador, explicando que tudo aconteceu “numa manhã ao sair de casa para ir trabalhar”.

“Frente ao espelho, resolvi enrolar a minha gravata a ver no que dava e, curiosamente, deu algo interessante. Foi nesse momento que nasceu a ideia”, contou.

Foi a partir dessa primeira tentativa, considerada pelo criador como “uma experiência acertada”, que decidiu avançar com o projeto na expectativa de patentear a sua criação e comercializar o produto.

“Numa fase inicial, consegui patentear a minha gravata em toda a União Europeia e, mais tarde, decidir ir mais longe, e patenteá-la nos EUA, naquele que é o mercado número um do consumismo”, afirmou o jovem, com orgulho.

Após vários meses de espera, Valter recebeu a patente dos EUA, por correio, em Montreux, na cidade em que reside há mais de 13 anos.

“Foi um misto de incredulidade e realização. Fiquei várias horas a olhar para a patente sorrindo de alegria”, disse.

Esta invenção de assinatura lusa encontra-se patenteada em todos os países da União Europeia, Suíça, Turquia, Singapura e nos Estados Unidos da América.

créditos: VANESSA SANTOS/LUSA

O criador desenvolveu uma vasta gama de gravatas “enroladas”, especialmente destinada ao público masculino, um projeto que nasceu há mais de cinco anos e que apelidou de “La Cravate VP”.

Uma das particularidades das gravatas criadas pelo jovem empreendedor reside nos materiais que utiliza e no modo de confecção da própria gravata. Cada peça é confecionada à mão, com materiais de origem natural, tais como a seda e a fibra de ananás.

Segundo o criador, o pormenor que faz a diferença na sua gravata trata-se da pérola ou pedra preciosa que permite que a gravata se mantenha enrolada.

“Para além da cor da gravata, as pessoas podem ainda escolher a pedra que querem colocar. É completamente personalizável”, explicou.

O empreendedor, com 33 anos, é formado em Gestão Hoteleira e relatou que nunca pegou numa agulha de coser, mas nem isso foi uma barreira. “Sou um eterno sonhador e criador nato”, confessou.

Quando chegou a altura de materializar o projeto e criar o primeiro protótipo, Valter Pinteús, foi confrontado com várias dificuldades, nomeadamente na escolha do estilista.

“Contactei várias empresas de confeção e nenhuma chegava ao modelo que tinha idealizado. A determinada altura, pensei mesmo desistir mas, como sou um homem persistente, decidi ir até ao fim do processo e, foi então que, dois anos mais tarde, conheci aquela que viria a ser a costureira da minha linha de gravatas”, declarou.

Foi uma costureira alemã de 60 anos de idade, residente em Montreux, no cantão de Vaud, que ajudou o jovem criador no processo de criação e materialização da sua gravata enrolada.

“Deu-me o material para a mão, ensinou-me a trabalhar com ele e pediu-me que fizesse a gravata que eu imaginava” e foi desta forma que surgiu a minha primeira gravata, que apelidei de ‘Cravate Bigoudi’, por se assemelhar ao acessório que permite enrolar o cabelo”, recordou.

Quando questionado sobre as personalidades que o inspiraram para a criação deste modelo de gravata “vanguardista”, o empreendedor afirmou que se inspirou em si próprio e que gostava de ver o adereço ser usado por personalidades como o tenista suíço Roger Federer, o futebolista português Cristiano Ronaldo, ou o ator norte-americano Bradley Cooper por serem “figuras irreverentes e ousadas”.

“As minhas gravatas, ou se gosta ou se odeia, não há meio termo”, considerou.

Estes adereços de moda masculina estão a ser comercializados, desde 2016, na internet, por Valter Pinteús, que pretende continuar no caminho da criação sustentável e ecológica alargando e diversificando a gama de produtos de moda.

“A ideia é continuar a desenvolver o negócio, diversificando e trabalhando de forma ecológica, para proteger este planeta que tanto nos dá e a quem nós tanto tiramos”, concluiu o criador.