Este é um regresso dos Fura dels Baus Portugal, país que a companhia conhece bem e onde já se apresentou por diversas vezes, a última em 2012 por ocasião de Guimarães Capital Europeia da Cultura.
Nos primeiros preparativos daquele que será um espetáculo desenhado exclusivamente para o Super Bock Super Rock, Miki Espuma, diretor artístico e na companhia há quase de 40 anos, revelou estar entusiasmado neste regresso a Lisboa e a um festival que, diz, não se resume à música e que aposta na diversidade artística.
"Estamos a trabalhar num formato muito diferente daquele que costumamos fazer. Normalmente os Fura, neste tipo de espetáculo de grande formato, trabalha na rua, com o céu, com pirotecnia e com uma grande instalação. Desta vez vamos trabalhar no apenas recinto da Altice Arena. ‘Apenas’, não. A Altice Arena tem 25 metros de altura e capacidade para mais de 30 mil pessoas, o que para nós é magnífico", partilhou Miki Espuma pouco depois de chegar ao espaço onde, no próximo sábado, a companhia aturará.
O espetáculo que Miki apelida de "arriscado" e compara a um “ritual", contará com a presença de uma cantora "magnífica" e de um grupo de voluntários da Escola Profissional de Artes e Ofícios do Espetáculo do Chapitô - “gente jovem e valente". "Estamos perfeitamente relacionados com a cidade e creio que encontraremos uma forma de seduzir e de excitar o público", diz.
A intérprete é Mariola Membrives, conhecida cantora de flamenco que interpretará alguns temas em português e levantará voo sobre o público com as suas saias com 8 metros de comprimento.
“Voando Indoor” será um espetáculo que terá a sua ação no ar. Por essa razão Mikis aconselha, em tom de brincadeira, que "toda a gente a ponha creme no pescoço para não ficar com dores”. “Vão passar o tempo todo a olhar para cima”, diz no mesmo registo.
"Não haverá um palco cénico, todo o espetáculo decorrerá aqui, no meio do público. A Fura trabalha entre os espetadores. Gostava quando nos anos 1980 e 1990 alguém dizia 'vais sentir a respiração dos atores no teu pescoço'. Isso é básico para os Fura", explica o catalão.
E o que podemos esperar? "Os La Fura dels Baus nunca quiseram contar uma história clara, não haverá um 'rapaz encontra uma rapariga', uma história política ou uma narrativa linear.". Mikis prefere "falar de rituais". Desta forma, nos espetáculos da companhia o "público sabe o que tem de fazer, sabe quando deve virar-se, caminhar, olhar para cima... ".
A obra inicialmente intitulada de "IN-UP // OUT-UP” sofreu algumas alterações. De acordo com a informação ainda patente no site do festival, estava previsto que esta “invadisse o recinto” e acontecesse no interior e exterior do antigo pavilhão da Utopia. O encenador, a pedido da organização, prefere não adiantar detalhes mas justifica que as mudanças estão relacionadas com questões de segurança associadas à estrutura do espetáculo. "Temos fama de duros, arriscados e de loucos, mas nunca fazemos nada se não há um controlo absoluto da segurança”.
Esta não é a primeira vez que um espetáculo da companhia é inserido num festival de rock. Os La Fura del Baus já passaram pelo Wilderness Festival, em Oxford, no Reino Unido, e no Cruilla Festival, em Barcelona. "Não é que seja uma novidade, novidade é a presença no Super Bock Super Rock”, destaca o diretor.
O festival decorre entre os dias 19 e 21 de julho, no Parque das Nações, e ao cartaz de música junta-se a arte urbana com os La Fura dels Baus e uma parceria com a Underdogs, que acolherá uma exposição de Wasted Rita, de Catarina Glam e Gonçalo Mar, que coordenará workshops.
O cartaz desta edição contará com nomes como The XX, Justice, Travis Scott, Julian Casablancas, Anderson .Paak, Benjamin Clementine, um concerto de homenagem ao guitarrista Zé Pedro, e ainda Pop dell'Arte, Slow J, Ermo e Luís Severo.
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