Cidade com história, remonta ao tempo dos romanos, tendo sido definitivamente reconquistada aos mouros, no ano de 1057, por Fernando Magno Leão. Terão decorrido em Lamego, na Igreja de Almacave, as Cortes onde D. Afonso Henriques foi aclamado Rei de Portugal. Lamego é sede de Diocese, sendo a única Diocese do país que não é, em simultâneo, capital de distrito.

Se procura coisas giras para visitar está no sítio certo. A cidade, protegida pelas muralhas do castelo e pela torre de menagem contra o inimigo muçulmano, cresceu em seu redor ao longo dos séculos. Para além da privilegiada vista sobre a cidade, o castelo foi recuperado recentemente, reconstituindo as suas origens. E merece uma visita! Concelho recheado de monumentos religiosos, nos quais destaco a Sé Catedral, a Igreja de São Pedro de Balsemão e o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

A sul do castelo, as avenidas Visconde Guedes Teixeira e Doutor Alfredo de Sousa estendem-se até a um monumental escadório que, 686 degraus depois, é encimado pelo santuário da Nossa Senhora dos Remédios. Pode fazer batota e chegar ao Santuário de carro, mas perde um passeio fantástico pela mata dos Remédios. E a subida vai custar um bocadinho, mas para baixo vai ver que todos os santos ajudam. É à Senhora dos Remédios que são oferecidas as festas da cidade, na “Romaria de Portugal”, que culmina no dia 8 de setembro, feriado municipal. Neste dia é realizada a Procissão do Triunfo em honra de Nossa Senhora, em que os andores são puxados por juntas de bois.

Entre as avenidas acima referidas, encontra-se a estátua que homenageia os “mortos da grande guerra”, datada de 1932 e vulgarmente conhecida por “Chico do Pinto”, constituindo-se como um dos melhores pontos de referência da cidade. Anteriormente uma rotunda movimentada, hoje, num esforço de aliviar o trânsito no centro da cidade, une ambas avenidas. A partir dele, para Oeste, sobe a avenida 5 de Outubro, cujas árvores de fruto foram sendo substituídas, ao longo dos anos, por estacionamentos e edifícios. No seu topo, e após se passar pelo Paço Episcopal, situa-se a Câmara Municipal e o Jardim da República.

Não poderá deixar de visitar o Museu da cidade de Lamego, onde encontrará obras únicas, como os painéis de Vasco Fernandes, nem o Teatro Ribeiro Conceição. Por toda a cidade encontram-se palacetes e casas brasonadas.

Se procura uma das melhores vistas da cidade, não pode deixar de visitar a Serra das Meadas. Daqui poderá também usufruir de paisagens fantásticas sobre o rio Douro.

Lamego, ainda que se situe a sul do Rio Douro, mas sendo um dos municípios do Alto Douro, possui um clima (e não só) tipicamente transmontano, que molda as suas gentes. Traduzindo: se nos decidir visitar no verão, existe a grande probabilidade de derreter com o calor; no inverno, não vai querer sair da frente da lareira, porque vai estar um friozinho daqueles em que deixa de sentir tudo.

Depois de tanto sobe e desce pelos monumentos da cidade, sobretudo se se aventurar a subir e descer o escadório da Nossa Senhora dos Remédios, vai necessitar de repor energias. E não é que a gastronomia lamecense é do melhor que há?! Comecemos pelos enchidos, mais concretamente pelo presunto, cuja fama advém de, diz-se, se alimentar os porcos com figos, fruto muito abundante na região em determinada altura. Para o almoço recomendo o prato típico, o cabrito assado com batatas e arroz de forno (pese embora a dificuldade de, atualmente, se encontrar um restaurante, na cidade, que confecione tal refeição), bem com o coelho assado. Para o lanche, vai perder-se com a bôla, outra iguaria da cidade, cujos recheios mais comuns são o presunto, salpicão, fiambre, vinha d’alhos e bacalhau, ou a doçaria tradicional, encabeçada pelos Biscoitos da Teixeira, que são facilmente encontrados nas diversas pastelarias da cidade, espalhadas, principalmente, ao longo das avenidas. Nascem, também, nas freguesias do município, as uvas que criam alguns dos melhores néctares do país, desde os espumantes da Raposeira e Murganheira aos vinhos finos do Douro (“vinho do Porto”), passando pelos vinhos maduros.

Seja qual for o caminho pelo qual siga para visitar Lamego, vai perder-se em fantásticas paisagens, desde os socalcos do Douro vinhateiro, ao Rio Douro e aos mais belos montes. Os meus montes, os mais belos do mundo.

Tatiana Medeiros nasceu em 1983 e é natural da freguesia da Sé, concelho de Lamego. Atualmente, reside em Mafra. É professora de Educação Moral e Religiosa Católica e de História. Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e licenciada em Ciências Religiosas pela Universidade Católica Portuguesa.

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