Trata-se de uma história “atribulada e divertida” - como a descreve a Quetzal, chancela que edita o livro em Portugal - que valeu ao norte-americano Andrew Sean Greer um dos principais prémios literários e a nomeação do romance como um dos melhores livros de 2017, por publicações como o San Francisco Chronicle, o San Jose Mercury News, o New York Post ou a Paris Review.

Arthur Less é o protagonista deste romance – que começa por ser um romance autobiográfico -, um homem que está a chegar aos 50 anos, com um sobrenome que diminui a sua existência de homem de boa índole, com uma carreira de escritor discreta e demasiado mediana, que luta com as suas dúvidas e inseguranças e tenta sobreviver num meio de egos devoradores.

Uma passagem do livro faz um retrato de Less visto de fora e pelo próprio: “Uma vez, quando ele estava na casa dos vinte, uma poetisa com quem tinha estado a falar apagou o cigarro numa planta envasada e disse-lhe: ‘És uma pessoa sem pele’. Uma poetisa tinha dito aquilo. Alguém que ganhava a vida a autoflagelar-se em público tinha dito que ele, o alto, jovem e promissor Arthur Less, era uma pessoa ‘sem pele’. Mas era verdade”.

Muitos anos antes, Arthur Less fora o jovem amante de um génio da literatura e aprendera a ocupar um lugar de irrelevância ou periferia.

Um dia é convidado para um casamento que descobre ser o do seu ex-namorado com outra pessoa e assim começa o longo périplo que antecede o seu 50.º aniversário, numa viagem de mudança de vida à volta do mundo.

Tentando fugir à dolorosa cerimónia, Less aceita convites para participar em leituras, festivais literários e palestras um pouco por todo o mundo, de França à Índia, da Alemanha ao Japão, do México a Itália e a Marrocos.

Ao longo de todo este período, Arthur Less quase se apaixona, quase desiste, quase morre, mas acaba por encontrar o seu caminho de regresso a casa e à vida.

“Less” é um romance satírico sobre o amor, o avanço da idade, o desencontro e as profundezas do coração humano, descreve a editora, um livro que a crítica internacional considerou “divertido”, “maravilhoso, inesperado, tenramente cómico” e “um relato de viagem e de fraquezas, humilhações e autodepreciação, que acaba em alegria e um bom bocado de autoconhecimento”.

O júri responsável pela atribuição do Prémio Pulitzer 2018 considerou este "um livro generoso, musical na sua prosa e expansivo na sua estrutura e alcance, sobre envelhecer e a natureza essencial do amor”.

O Pulitzer é um prémio norte-americano que distingue os melhores projetos na área da composição musical, do jornalismo e da literatura.

No ano anterior, o Pulitzer de ficção tinha ido para “The Underground Railroad”, do também norte-americano Colson Whitehead, sobre uma escrava em fuga, editado em Portugal pela Alfaguara com o título “Estrada Subterrânea”, ao passo que este ano o galardão foi atribuído a “Overstory”, de Richard Powers, um romance sobre um grupo de americanos cujas experiências únicas de vida com árvores os reúnem para enfrentar a destruição das florestas.