“É com a maior tristeza que temos de anunciar que tomámos a decisão devastadora de cancelar o LGBT+ Music Festival. Lamentamos imenso anunciar tão perto do festival, mas realmente fizemos tudo o que podíamos para realizar o evento em menor escala”, lê-se num comunicado publicado hoje no 'site' oficial e nas contas do festival nas redes sociais.

O LGBT+ Music Festival, marcado para os dias 01, 02 e 03 de julho, foi anunciado como uma “celebração do amor e da música”, na Alfândega do Porto, mas com “espetáculos e experiências [que] ultrapassam o recinto do festival”.

“Os festivaleiros vão poder participar em festas que se realizam em piscinas, terraços e barcos no rio Douro, para além de recintos emblemáticos, entre os quais se destacam a Casa da Música e o Hard Club”, lia-se num comunicado divulgado em fevereiro.

Entre os vários nomes de artistas e bandas anunciados contavam-se Iggy Azalea, Melanie C, Peaches, Ludmilla, Little Boots, Blaya, Favela Lacroix, Tiga, Snap! e Todrick Hall.

Em 01 de junho, também através de um comunicado divulgado 'online', a organização garantia que o evento iria acontecer, embora “num formato diferente”.

“Enfrentámos vários problemas internos que tornaram as coisas mais difíceis para a nossa equipa. Temos estado a trabalhar 24 horas por dia para garantir que o festival vai acontecer, mas devido às atuais circunstâncias decidimos que irá realizar-se num formato diferente”, lia-se no texto partilhado na altura.

No comunicado de hoje, a organização do festival garante ter contactado todos os que compraram bilhete, “sobre o processo de reembolso”, pedindo que “verifiquem as contas de email”. Além disso, é disponibilizado um 'email' (hello@lgbtmusicfestival.com) para quem tiver questões.

O festival, cuja organização estava a cargo da empresa Apollon, tem como investidores a empresa estrangeira Galaxium Delirium.

Em 03 de junho, em declarações à Lusa, a advogada Joana Cadete Pires, da sociedade de advogados que representa a Galaxium Delirium em Portugal, explicou que “as funções de organização do festival foram delegadas em Portugal”.

De acordo com a advogada, “houve vários fatores” que levaram a empresa a ter de repensar a iniciativa, nomeadamente “questões internas”, sobre as quais se escusou a falar, e “questões externas”, como o número de bilhetes vendidos, “inferior à expectativa inicial”.

Ainda segundo a advogada, as questões internas tiveram “um grande peso”, tendo os investidores “chegado à conclusão que não estavam reunidas as condições - de logística, confirmação de artistas”. “Questões claras de má organização”, disse.

A Apollon teve como gerente, até 13 de maio deste ano, Marco Azevedo, que disse à Lusa, também em 03 de junho, ter deixado o cargo por sentir que “não podia fazer” o seu trabalho.

Uma pessoa que esteve a colaborar com o festival, de outubro do ano passado até ao início de maio deste ano, e que preferiu não ser identificada, disse à Lusa que os portugueses que o contrataram “aparentemente saltaram fora do barco a meio de maio”.

A Apollon é também promotora do Trace Made in Africa, um festival “afro-urbano, de música, moda dança e arte”, que vai decorrer entre sexta-feira e domingo, na Alfândega do Porto.

O cartaz do festival inclui, entre outros, C4 Pedro, SAuti Sol, Stonebwoy, Admiral T, Naza, NSG, Fally Ipupa, Kriol Kings e Fireboy DML.