A edição portuguesa, com tradução de Paula Neves, acontece alguns meses depois da publicação em língua inglesa, por ocasião do 150.º aniversário do nascimento de Beatrix Potter, com ilustrações inéditas de Quentin Blake, 84 anos.
Esta edição ilustrada do conto infantil chega agora aos leitores, mais de um século depois de Beatrix Potter o ter escrito, em 1914, mas que nunca conseguiu publicar. A par do texto, a autora e ilustradora deixou apenas uma aguarela completa, que revela uma gata vestida com casaco e botas de caçador, com uma espingarda ao ombro e um rato numa das patas.
O manuscrito foi descoberto em 2013, nos arquivos do Victoria & Albert Museum, por uma responsável da editora Penguin Random House, que leu correspondência de Beatrix Potter, de 1914. Nela se fazia referência a um conto sobre uma gata preta, bem-comportada, que tinha uma vida dupla, porque saía para caçar nas noites de lua cheia vestida como o Gato das Botas.
"Escrita num tempo muito diferente daquele em que nos encontramos, esta narrativa, que relata as aventuras e desventuras de caça de uma gata, evoca o encanto britânico da vida no campo em inícios do século XX", lê-se na nota de editor da obra.
Além da gata, que se chama Catherine St. Quintin, embora seja carinhosamente apelidada de "Kitty" pela dona, nesta história entram ainda outros gatos, furões, uma raposa, um coelho e um ouriço-cacheiro.
"Pode ter demorado um século para a 'Gata das Botas' ter visto a luz do dia, mas o momento atual não podia ser mais oportuno, num tempo de 'Transparent' [série televisiva norte-americana cuja personagem é transgénero] materializado por uma gata que desafia o género binário".
Beatrix Potter, que morreu em 1943 aos 77 anos, é uma das mais célebres autoras britânicas de livros para a infância, sendo o mais conhecido "A história do Pedro Coelho", hoje um clássico da literatura.
De pendor naturalista, protagonizados por animais, os contos de Beatrix Potter - que começaram por ser recusados pelas editoras da época - somam atualmente mais de cem milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.
Apesar de ter histórias publicadas de forma dispersa, as obras completas da autora só começaram a ser editadas na íntegra e em conjunto em Portugal em 2016 pela editora Pim!. Este ano a Relógio d'Água deverá também fazer uma edição semelhante.
Comentários