Foto: Vitorino Coragem

Quem são os Madrepaz e o que fazem aqui. Pedro da Rosa e Canina respondem: “somos uma banda daquilo que a chamamos de pop xamânica, que é o resultado das nossas influências e das nossas vivências”.

Antes dos Madrepaz, outros projetos. “Eu e o Pedro estivemos nos Golpes, já tocamos juntos há quase 15 anos. O Ricardo conhecemos numa banda que o Pedro começou chamada A Armada e à qual me juntei mais tarde. O João foi meu colega no Hot Club", conta Canina. "A nossa ligação vive muito da nossa amizade. Isso transparece na nossa música", remata.

A história dos Madrepaz não se conta sem a história d' A Armada, conta Pedro. “A Armada lançou um EP chamado ‘Clássico’, em 2013, e a seguir fomos logo para estúdio gravar um disco. Esse disco chama-se ‘Espiral’ e nunca foi editado. Quando escutámos as gravações percebemos que estávamos a mudar de alguma maneira. Como homens e como músicos”, acrescenta.  A vida dos elementos mudou, de facto. Da formação original, apenas Pedro, Canina e Ricardo resistiram “à espiral”. Continuaram a trabalhar juntos, não estas músicas de ‘Clássico’, mas outras.

O novo álbum dos Madrepaz tem nome de druida, “Panoramix”. Quando questionados sobre quais eram as suas poções, a resposta foi rápida: “o conceito de beleza que procuramos em tudo o que fazemos”.

A razão do nome do álbum – o leitor provavelmente já se terá questionado se estava relacionado com os clássicos Astérix – não é desvendada, pelo menos na totalidade. “Gostávamos de guardar isso para nós”, brincam. “Na verdade este nome tem várias interpretações dentro da banda”, remata Pedro.

"Panoramix" foi gravado em Lisboa, mas composto em Zibreira, uma freguesia de Torres Novas. O Ribatejo foi uma escolha natural, contam. “A nossa ligação é com a terra, nós precisamos desse espaço e de nos retirar da cidade para compôr e para nos ligar uns aos outros”, conta Canina. Zibreira é também o pano de fundo dos vídeos da banda, "Sopra o Vento" e "Novas Pontes". Este sábado, 11 de março, vão apresentá-lo na Sala dos Geradores da Central Tejo, agora MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.

Mas a que soa “Panoramix”? Pedro e Canina fazem a visita-guiada ao álbum. “As três primeiras canções são claramente a nossa melhor tentativa de afirmação da pop portuguesa”, começam por desvendar. Nelas podem ouvir-se algumas referências como, referem, os Golpes – que por sua vez bebem de influências como os Heróis do Mar ou outras bandas dos anos 80.

O tema “Tudo Morto, Tudo Vivo” tem já influências dos franceses Air ou do trance psicadélico. “A seguir vem uma canção que nasceu depois de ouvir muito o "Sgt. Pepper's" dos Beattles. Segue-se um tema que podia ter saído do estúdio de Rodrigo Leão. Depois, surge uma adaptação de um canto popular brasileiro”, mas a viagem não fica por aqui.

“Um disparate que apareceu num ensaio foi levado tão a sério, e os arranjos tão aprimorados, que deixou de ser um disparate para ser uma coisa levada muito a sério”, contam. "E é um sucesso", garantem. Falamos de “Semifrio de morango”, uma canção de improviso quando tocada ao vivo, onde nunca se sabe “onde ela nos leva”. A fechar o álbum “um Ícaro” –  música de influência nativo-americana ou sul-americana utilizada para baixar o espírito à Terra.

Sábado, no MAAT, vai ser um concerto especial, prometem. Do videomaping aos quadros do Pedro “queremos que seja uma experiência total”, conta Canina.

As portam abrem às 21h00 e a entrada faz-se pelo Edifício da Baixa Pressão da Central Tejo. Os espectadores devem percorrer os corredores até à Sala dos Geradores. Nessa sala vão encontrar um "ambiente calmo, com uma música bonita" e uma projeção com temáticas aquáticas nas três janelas dos geradores. Vai ainda ser servido um chá de lúcia lima e haverá ainda uma banca de merchandising com t-shirts serigrafadas pelo artista Lucas Almeida. O objetivo, explicam os Madrepaz, é que seja um espaço onde as pessoas entram e ao qual se ambientam.

A escolha do espaço para o concerto de apresentação de "Panoramix" não foi ao acaso. Há uma ligação pessoal que o justifica, cada um dos elementos da banda tem uma história com o local. Pedro da Rosa trabalha numa empresa responsável pela manutenção do edifício da Central Tejo. Será o culminar de dois anos em que junta as duas facetas, o seu trabalho diário e a música. Já para Canina, a relação é menos sentimental, mas recorda com muito carinho um dos primeiros concertos que deu, exatamente naquela sala.

Os bilhetes estão à venda na Ticketline e os Madrepaz fazem o convite.