Na luta pelo Lince de Ouro, prémio atribuído a longas-metragens documentais ou de ficção que sejam primeiras ou segundas obras, está, entre outros, “Winter Brothers”, do islandês Hlynur Palmason, premiado no Festival de Locarno.

“Mobile Homes”, filme do francês Vladimir Fontenay, que abriu a Quinzena dos Realizadores, no festival de Cannes deste ano, é outra das obras a concurso, como o documentário “Photon”, do polaco Norman Leto, “Killing Jesus”, de Laura Mora, e “Blockage”, um olhar sobre Teerão por Mohsen Gharaei, entre um total de 11 filmes.

“O tema deste ano do festival é ‘fronteiras’, e sentimos que tudo isto que se passa no mundo hoje em dia, em todas as suas partes, é algo com muito forte presença no trabalho destes novos realizadores”, disse à agência Lusa o diretor do FEST, Filipe Pereira.

A “visão social destes autores é uma visão heterogénea”, sublinhou Filipe Pereira, mas tem “um fio condutor de como a nova geração vê o mundo”, como em “Sand and Blood”, documentário feito através de vídeo publicados no YouTube, sobre a guerra na Síria e no Iraque.

À margem das várias secções de competição principais, decorrem ainda várias outras atividades, como o “FESTinha”, dedicado a cinema para famílias e para os mais novos, o Grande Prémio Nacional, para curtas-metragens nacionais, um outro prémio para realizadores recém-graduados (NEXXT) e o foco sobre o cinema japonês, austríaco e sueco.

Na secção de retrospetiva, “Be Kind Rewind”, Filipe Pereira assumiu que o destaque para a Coreia do Norte é um desejo de “há muito tempo”, e tem agora um acréscimo de interesse "curioso”, pelo recente encontro de Kim Jong-Un com Donald Trump.

“Estamos a falar do único país do mundo em que era obrigatório por lei ir ao cinema, e tem algumas particularidades, sobretudo pela parte da propaganda. Teremos, por exemplo, versões norte-coreanas de clássicos do cinema, como de ‘Titanic’. É uma janela para o cinema desse país e dessa sociedade, até porque serão apresentados filmes de épocas diferentes”.

Por outro lado, o habitual programa de oficinas, ‘masterclasses’, conferências, palestras e debates sobre as várias áreas ligadas ao cinema, “Training Ground”, traz este ano a Espinho o produtor norte-americano Roman Coppola, filho de Francis Ford Coppola, a italiana Gabriella Cristiani, editora galardoada com um Óscar pelo trabalho em “O Último Imperador” (1987), de Bernardo Bertolucci, e o iraniano Asghar Farhadi.

O realizador de 46 anos já recebeu dois Óscares de Melhor Filme Estrangeiro, primeiro em 2012, por “Uma Separação”, e depois em 2017, por “O Vendedor”. Farhadi é um dos nomes mais premiados entre os convidados e palestrantes do festival.

Lançado em 2009, o espaço de formação do festival “teve, na altura, mais recetividade fora de Portugal”, enfrentando ainda “alguma resistência” ao modelo de formação contínua, não tão comum então, e tem como principal destaque “um ciclo de conferências com grandes nomes em vários tipos de áreas, de todos os âmbitos do desenvolvimento cinematográfico”.

Farhadi já era um desejo antigo, e é um dos principais nomes para a secção, que está “quase esgotada, com 400 lugares já preenchidos com pessoas de todo o mundo”, e o Training Groud já é “quase um motor de desenvolvimento do festival”, por possibilitar contornar “as verbas muito reduzidas para a organização”.

Segundo o diretor do FEST, tem sido “um grande sucesso”, com Filipe Pereira a destacar, além do realizador iraniano, também Roman Coppola e o britânico Larry Smith, cinematógrofo que trabalhou com Stanley Kubrick ou Tom Hooper.

Com a atenção do público a “crescer todos os anos”, o festival organizou este ano várias iniciativas espalhadas pela cidade, com pontos de informação e atividades para crianças e adultos, como sessões de cinema na praia, em Costa Verde, até como forma de não ser tão visto como um festival “só para os profissionais”.

Decorrendo em quatro espaços distintos da cidade de Espinho, em particular no Centro Multimeios, a edição de 2018, de segunda-feira a segunda-feira (dia 18 a dia 25) visa assim exibir e premiar "alguns dos mais inovadores e essenciais trabalhos lançados nos últimos 12 meses", em cerca de 40 países, entre as quais se incluem filmes de "mais de 50 escolas de cinema", de diferentes nacionalidades.