“Ramiro” é uma ficção levemente biográfica sobre um alfarrabista e uma Lisboa que já quase existem fora de tempo.
Escrita por Mariana Ricardo e Telmo Churro, a história centra-se em personagens que podiam ser reais: um poeta frustrado, uma amiga quase namorada, uma adolescente grávida, uma avó amnésica.
“Gostei do argumento por estar centrado em personagens, mais do que propriamente na história. (…) Agradava-me uma certa ideia de resistência, de uma pessoa parada no tempo, que tem uns gostos e uns prazeres que hoje em dia estão em transformação, vão desaparecendo”, contou o realizador à agência Lusa.
Além de António Mortágua, no papel de Ramiro – na primeira grande experiência do ator em cinema -, o filme conta ainda com Madalena Almeida, Fernanda Neves, Vítor Correia e Américo Silva.
Descrito como “uma comédia delicada”, quando abriu em outubro o festival DocLisboa, “Ramiro” é ainda um filme sobre uma Lisboa mais antiga, “menos óbvia, um bocadinho mais recôndita”, e que Manuel Mozos filma com a mesma abordagem de obras anteriores: guardar algo que desaparece ou está em mutação.
“Para mim não é num sentido de saudosismo ou assim, mas de tentar preservar algumas coisas que me interessam e que eu acho interessantes ficarem nos meus filmes”, explicou.
Manuel Mozos é autor das ficções “Xavier” (1992), “Quando troveja” (1999) e “4 Copas”, a par de vários documentários, como “Ruínas” (2009) e os três capítulos de “Censura: alguns cortes” (1999-2015).
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