“Actores”, que estará em cena no Teatro Municipal São Luiz, é o resultado de um trabalho coletivo de escrita dos atores Bruno Nogueira, Luísa Cruz, Miguel Guilherme, Nuno Lopes e Rita Cabaço, com dramaturgia e encenação de Marco Martins.

O texto dramatúrgico tem por base a experiência de teatro de cada um daqueles atores, de gerações e percursos distintos no teatro português. Em palco são convocados excertos de peças em que participaram, em momentos diferentes da carreira, mas também são revelados medos, falhas ou as primeiras experiências na representação.

“Apeteceu-me fazer este género de olhar retrospetivo sobre os percursos de cada ator. Achei bonito essa ideia de não ir buscar os momentos mais marcantes, não queria um ‘best of’, mas os momentos que para eles tinham sido mais significativos”, explicou Marco Martins à agência Lusa.

Marco Martins, que está presente em cena no papel de encenador, quis explorar essa “máquina emocional que é o ator”, pegando na memória de cada um deles e transformando-a em ficção.

O espectador poderá reconhecer algumas personagens ou o texto representado pelos atores, mas Marco Martins diz que na peça não interessa fazer-se distinção entre verdade e mentira.

“A verdade, seja lá qual é, está no meio, entre a ficção e a realidade. Eu jogo muito nessa confusão. Porque a nossa memória também é ela própria uma fingidora, é uma criadora de ficções”, disse.

A atriz Luísa Cruz coassinou o trabalho criativo de “Actores”, mas acabou por ter de abandonar o projeto por exaustão, por acumular outros trabalhos; uma situação que Marco Martins diz ser representativa do que é ser ator em Portugal.

Em palco, no lugar de Luísa Cruz e a contar as histórias dela, surge a atriz Carolina Amaral.

“Fazemos um teatro de grande qualidade em Portugal e em condições muito difíceis, que não se comparam com os outros países europeus, pelo menos”, opinou Marco Martins elogiando o “caráter autoral e identitário muito forte”, como no cinema português.

Mas do lado da representação, “os atores são muito vítimas da precariedade do trabalho”.

“A ideia de que tenho um espaço onde posso desenvolver o meu trabalho ao longo dos anos não existe cá. Eu acho que é extremamente violento para o intérprete. É uma versatilidade forçada”, lamentou.

“Actores” estará em cena no Teatro Municipal São Luiz, de 11 a 28 de janeiro, e está garantida apresentação também no Teatro Nacional de São João no Porto.

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