Atwood, que venceu em 2000 com “O assassino cego” (editado em 2009 pela Bertrand em Portugal), e Rushdie, recipiente do galardão em 1981 com “Os filhos da meia-noite” (editado pela Círculo de Leitores em 1989 e republicado pela Dom Quixote, com várias edições, desde então), lideram a lista, a que se juntam as britânicas Lucy Ellmann, Bernardine Evaristo e Elif Shafak, de ascendência turca, além do nigeriano Chigozie Obioma.
Margaret Atwood é finalista do Booker com a sequela de “A história de uma serva”, intitulada “The Testaments”, livro-sensação do outono, que a Bertrand disse à Lusa, há algumas semanas, não saber ainda se vai ou não editar.
A história de “The Testaments” é narrada por três personagens femininas e passa-se 15 anos após a cena final de Offred, a protagonista do primeiro livro, o momento em que a porta da 'van' preta bate e a personagem está prestes a ser levada para um futuro incerto ou de liberdade, ou de mais tortura e prisão, ou até mesmo de morte.
O seguimento de "A história de uma serva", um romance distópico no qual as mulheres eram obrigadas a obedecer a regras rígidas e de subjugação, tem publicação internacional prevista para 10 de setembro, ainda que sejam conhecidos escassos detalhes sobre a obra, mantida em segredo até ao lançamento.
"Há um prazer estranho em saber o segredo do colosso literário que é 'The Testaments', e uma agonia requintada em não o poder partilhar já", comenta o membro do júri Peter Florence, citado pela organização.
Por seu lado, Rushdie concorre com “Quichotte”, um “Dom Quixote” para a era moderna, já com publicação garantida em Portugal, em 2020, pela editora D. Quixote, que detém os direitos de publicação das obras deste autor.
Neste livro, que homenageia uma obra imortal da literatura e, ao mesmo tempo, conta uma história moderna sobre a demanda pelo amor e pela família, Salman Rushdie criou a personagem Sam DuChamp, um escritor medíocre de ‘thrillers’ de espionagem, que cria Quichotte, um vendedor obcecado pela televisão, que se apaixona por uma estrela televisiva.
Quichotte parte com o seu filho (imaginário) Sancho numa busca picaresca por toda a América para provar que merece a mão da sua amada, enfrentando os perigos tragicómicos de uma época em que tudo pode acontecer. Paralelamente, o seu criador, numa crise de meia-idade, enfrenta desafios igualmente urgentes.
Assim como Cervantes escreveu “Don Quixote” para satirizar a cultura do seu tempo, Rushdie leva o leitor num passeio selvagem por um país à beira do colapso moral e espiritual.
Lucy Ellman apresenta “Ducks, Newburyport”, sobre uma dona de casa do Ohio preocupada com a descida à barbárie, o ambiente e os tiroteios em escolas, enquanto Bernardine Evaristo, uma das principais ativistas da inclusão no mundo literário no que toca à cultura africana, chega à lista de finalistas com “Girl, Woman, Other”, que segue 12 personagens, a maior parte mulheres negras no Reino Unido.
Obiama é finalista do Booker pela segunda vez, desta feita com “An Orchestra of Minorities”, história de um jovem agricultor na Nigéria que salva uma mulher do suicídio, e Elif Shafak, a mulher mais lida na Turquia, surge na lista com “10 Minutes 38 Seconds in This Strange World”, que olha para o mundo das vítimas de violência sexual.
O leitor mergulha na mente da trabalhadora sexual Tequila Leila, que está a morrer num contentor de lixo nos arredores de Istambul.
À medida que o seu cérebro começa a fechar-se, Leila, assumindo os papéis de contista digressiva e de sua própria biógrafa, volta atrás no tempo para traçar a história da pequena rapariga das províncias que acaba como uma história de crime de duas colunas nos jornais da cidade.
A lista de finalistas foi escolhida pelo júri de entre 151 livros submetidos, abrangendo o universo de livros escritos em inglês e publicados no Reino Unido e na Irlanda entre 01 de outubro de 2018 e 30 de setembro de 2019.
O vencedor de 2019 será anunciado no dia 14 de outubro, numa cerimónia em Londres. Em 2018, o Booker foi atribuído a "Milkman", da escritora irlandesa Anna Burns.
Com um valor monetário de 55.760 mil euros, o prémio literário Booker foi criado em 1969 e é atribuído a autores de qualquer nacionalidade desde que tenham escrito uma obra em língua inglesa e publicada no Reino Unido.
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