Do Porto a Roterdão com uma paragem simbólica em Los Angeles. Numa conversa via Zoom viajamos por aqui e no tempo. A viver há mais de uma década nos Países Baixos (Holanda), Maria Mendes lançou em 2019 o álbum "Close to me", com reinterpretações de fados à luz do jazz e com a participação da Metropole Orkest e produção do pianista John Beasley. O disco valeu um prémio Edison e duas nomeações para os Grammy — primeiro para os latinos (que tiveram lugar a 20 de novembro), depois os norte-americanos.
A portuguesa está está indicada para o Grammy de Melhores Arranjos, Instrumentais e Vocais, com o tema "Asas Fechadas", de Amália Rodrigues (do álbum "Busto", de 1962). Considerado um dos principais galardões da indústria (o Grammy está para a música como os Óscares estão para o cinema), é a primeira vez que uma cantora nacional está nomeada em nome próprio (o produtor André Allen Anjos foi o primeiro a vencer um destes prémios, em 2017). Se os Grammy latinos (que já distinguiram Carlos do Carmo ou José Cid) celebram apenas música latino-americana, os entregues pela Academia Nacional de Artes de Gravação e Ciência dos Estados Unidos celebram "maioritariamente o trabalho cantado em inglês (...) um mercado bastante complexo e difícil de se entrar". Por outras palavras, são o sonho de qualquer artista.
"É surreal que estas coisas me tenham acontecido num ano tão atípico, tão desencorajador, e em que musicalmente não me senti nada inspirada", conta em jeito de retrospetiva de um 2020 que lhe permitiu riscar três itens na lista de coisas que gostaria de fazer antes de morrer (a nomeação era uma delas).
Os Grammy foram adiados de 31 de janeiro para 15 de março e a 63.ª cerimónia dos prémios decorre em Los Angeles à porta fechada e sem atuações. O que a impede de saborear no todo a experiência, mas não a deixa triste. Perde apenas a "oportunidade de conhecer tantas pessoas que adoro (...) e dizer: 'é uma honra estar nomeada na mesma categoria contigo, adoro o teu trabalho'".
Maria Mendes está indicada juntamente com Jacob Collier ou Pat Metheny, e caso ganhe? "Não sei como é que iria reagir num próximo encontro com o Pat Metheny, que é para mim um deus na terra (...) O que é que lhe iria dizer? Finalmente conhecemos-nos cara a cara, adoro-te, gravei as tuas músicas e olha ganhei-te no último Grammy…", brinca.
Ainda sobre reações, fica o registo da ausência por parte das entidades culturais nacionais. "Não me faz diferença", responde quando lhe perguntamos se recebeu algum tipo de contacto.
Na agenda de 2021 está um regresso a Portugal, com um concerto no festival de Jazz de Matosinhos, a 3 de julho, e, antes, o arranque da digressão europeia com Orquestra (2021-2022) no Muziekgebouw, em Amesterdão, a 8 de abril. Até lá, antecipa estar a preparar material para um novo disco, maioritariamente de canções originais. Sem revelar muito mais, avança ao SAPO24 que terá canções cantadas em português "e quem sabe se algumas serão também do léxico do fado".
Como é que uma menina que queria ser cantora de ópera acaba no jazz?
Por paixão pela liberdade. Sinto que o jazz, em comparação com música clássica, tem um potencial de expressão criativa muito imprimida de liberdade. A música clássica tem um formato muito exigente, muito dedicado ao que o compositor escreveu... É quase como seguir uma lista de regras, com o trabalho de expressão artística a ter de ser bem dimensionado dentro dessas regras — o que demonstra uma enorme capacidade criativa do intérprete. No jazz também há essa exigência, mas há um maior poder expressivo do momento, do que nos apraz e do que a música e os músicos nos dão. É um ato momentâneo de liberdade que nunca será igual [à música clássica]. E isso foi uma das coisas que me motivou a fazer a troca.
"Não pretendo fazer um jazz extremamente intelectual que só demonstra how cool I am"
Esse ímpeto pela liberdade está, de alguma forma, associado ao período em que decide fazer a troca da clássica pelo jazz? Isto é, pela fase da adolescência?
Nunca pensei dessa forma, para ser sincera. É possível que tenha tido algum impacto... Responderia um 'sim' sem pensar muito se tivesse uma família que não me tivesse apoiado ou que nunca me tenha dado a liberdade que sempre deu. Não acho que foi um ato de rebeldia, de todo. Foi uma sensação interna que nunca senti. Sou a mais nova de três filhas, e sempre tive um comportamento exemplar e uma educação fantástica. Tinha liberdade, mas era da minha personalidade ser muito 'direitinha'. E a música clássica estava em concordância com isso.
O jazz proporcionou-me um feeling de liberdade, mas com grau de exigência — e de regras, não vamos agora pensar que no jazz é tudo uma loucura. Feeling que nunca tinha sentido até então e que ainda continuo a ter. E eu gosto disso, gosto do desconforto do ato de criação. A troca foi, de certa forma, sendo alimentada pela curiosidade e pela perceção de que há sempre muito mais para procurar — enquanto arte e enquanto ser humano.
Como descreve o jazz que canta?
Uff, isso é muito complicado. Aos olhos dos outros, e com base nas críticas que recebi, posso descrever como algo exótico, com um valor muito virtuoso e cantado por uma voz muito cristalina. Enquanto criadora, descrevo-o como um jazz que celebra a pureza do som do instrumento, um jazz criativo que abraça a canção melódica, mas que também dá fruto a uma liberdade de expressão criativa menos mainstream. Isto é, algumas das escolhas que faço afastam-se do mainstream, do que passa nas rádios, e aproxima-se de um conceito mais experimentalista. Mas, acima de tudo, é um jazz que celebra a vida e a vulnerabilidade. Porque o que nos une é a partilha, de forma sincera, das nossas vulnerabilidades. Não pretendo fazer um jazz extremamente intelectual que só demonstra how cool I am.
Os estudos na área da música começaram ainda por cá, no Porto. Por que saiu de Portugal?
Queria aprender mais e aprender num ambiente que fosse menos caseiro. Estudar na ESMAE [Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo] foi fantástico; a escola sempre teve muita qualidade e sempre tratou os cantores como músicos, uma coisa que às vezes não acontece. Não saí por sentir que havia alguma falha ou falta de qualidade, foi pura e simplesmente pela curiosidade. Enquanto jovem quis ganhar mundo, é essa a expressão que uso. Quis ser filha do mundo. Vim para a Holanda porque a minha professora de canto jazz era holandesa e vinha uma vês por mês à ESMAE. Quis experimentar, vim cá por seis meses de Erasmus e adorei. Era um ambiente muito internacional com muitos outros estilos musicais que a ESMAE não oferecia. Essa fusão dos estilos fez-me ter a certeza de que gostaria de experimentar mais antes de voltar. Candidatei-me ao mestrado, mas não fiquei aqui em Roterdão. Fui fazer seis meses a Bruxelas, num ambiente académico também muito diferente, e, de certa forma, mais experimental, mais jazz europeu. Depois, acabei por passar umas temporadas em Nova Iorque e no Rio de Janeiro. Sempre com o mesmo intuito: ganhar mundo, não ficar confortável no meu ambiente de trabalho e ser desafiada por novas oportunidades.
"Se tivesse ficado em Portugal tinha acabado por seguir uma linha de jazz que não seria tão diversificada como a que tenho agora"
Foi nesse espírito que escolheu como tema da sua tese de mestrado as novas formas de improvisação na música brasileira?
Foi. Quando estudava na ESMAE não havia muito espaço para conhecer o latin jazz, mas na Holanda era muito celebrado. Tenho família brasileira, do lado da minha mãe, e senti que era o universo que estava a dar-me uma oportunidade para conhecer mais da música brasileira. Mas nunca quis fazer música brasileira como ela é. A minha tese de mestrado foi não só uma tentativa de conhecer mais a música brasileira, mas também tentar extrair dela algo que pudesse alimentar o meu espírito jazzista. Foi muito interessante e afectou muito positivamente a minha improvisação vocal. Continua a afectar, aliás.
Sente que a carreira que construiu tinha a mesma margem de crescimento se o percurso tivesse sido feito em Portugal?
Não, digo-o com 100% de certeza.
Como é que justifica esse 'não' tão pronto?
Quando uma pessoa faz a escolha de ir para outro país, há certas condicionantes. Essas condicionantes são geralmente dadas pelo apoio, ou falta dele, do governo; ou pela educação, que gera a curiosidade no público por saber mais ou para ter experiência com uma diversidade cultural maior. Sendo que este é um dos pontos onde sinto que há grande diferença entre a Holanda e Portugal.
Sou muito portuguesa ainda, e tenho muito orgulho na minha alma portuguesa. Temos tantas e maravilhosas qualidades, mas às vezes sinto que há um certo estigma a coisas que são feitas de forma diferente. Se tivesse ficado em Portugal tinha acabado por seguir uma linha de jazz que não seria tão diversificada como a que tenho agora. Daí achar que não teria as mesmas oportunidades.
Cantaria fado se ficasse em Portugal?
Não, pois nem mesmo agora canto fado. Ter gravado, neste meu último disco, alguns fados numa leitura jazz deveu-se à minha vontade de encontrar uma forma diferente de ligação afetiva a Portugal. E isto repercutiu-se no meu trabalho enquanto música e compositora.
Outras vozes, como a Cristina Branco, relatam o carinho do público holandês. O que tem a música portuguesa, ou cantada em português, de tão especial para esse público? Ou não acontece só com a nossa música e é transversal à forma como acolhem outras sonoridades, com outras raízes?
Vou responder de duas formas.
Começando pela língua portuguesa. A nossa língua tem uma sonoridade muito específica. Refiro-me também ao Brasil e a África. Independentemente de ser cantada na morna, no fado ou no samba, em países como a Holanda — e noutros que não têm uma cultura worldmusic como temos —, a língua portuguesa é super bem recebida. Talvez porque a sonoridade é exótica e não é usual de se ouvir.
Sobre a Holanda receber bem a música portuguesa ou outras músicas do mundo... Acho que está relacionado com a aculturação e com a celebração da diversidade cultural (o que não acontece tanto em Portugal). E é verdade que o fado e a música de expressão africana têm muito público. Não nos podemos esquecer que a comunidade cabo-verdiana é enorme, especialmente em Roterdão. Isso também ajuda. Há duas ou três décadas que são organizados vários festivais de morna e de fado e o mercado holandês orgulha-se de já ter proporcionado oportunidades a vários artistas destes géneros. Acho isso muito interessante.
"Se ganhar o Grammy, o que é que [ele] irá alterar na minha carreira? Não mudaria nada. Poder-me-á trazer algumas oportunidades? Sim. Mas acredito que só o o facto de estar indicada também"
Está nomeada para o Grammy de Melhores Arranjos, Instrumentais e Vocais, com o tema "Asas Fechadas", de Amália Rodrigues. Como é receber uma nomeação, seja ela para um Grammy Latino ou norte-americano?
É muito estranho. É complicado explicar, no sentido em que é tanta coisa junta... É uma honra, para começar. Sempre tive a perceção de que um Grammy Nominated, um artista indicado a um Grammy, especialmente o norte-americano (isto porque o Grammy Latino, por vezes é desconsiderado, o que acho muito triste). Se o disco tiver um cunho latino e se tiver muita qualidade, tem chances de ser nomeado para um Grammy Latino. Já um Grammy norte-americano é mais complexo. Porque celebra maioritariamente o trabalho cantado em inglês e que tem boa recetividade nos EUA, um mercado bastante complexo — e de certa forma difícil de se entrar.
Por esta lógica, quando recebi a nomeação para o Grammy Latino fiquei honradíssima, chorei. Não estava à espera. Mas o Grammy norte-americano é uma honra ainda maior. Saber que é a única música portuguesa no meio de todas as outras cantadas em inglês e de tantos artistas americanos... É a única música que celebra uma língua diferente, uma essência diferente, no meio de tantos outros nomes e de artistas fantásticos. Quer dizer, eu gravei Pat Metheny nos meus dois discos anteriores, e agora estou nomeada com ele. É uma dádiva.
Falamos do “Close to Me”...
Tenho enorme orgulho no meu disco, acho-o lindíssimo — e ainda bem que acho porque fui eu que o criei. Mas quantas vezes ouvimos, lemos, sabemos de histórias, de artistas que não foram bem recebidos, que não tiveram a receptividade que mereciam? Quando faço um trabalho nunca o faço a pensar nos prémios. Se assim fosse seria desolador o resultado. Fazer um disco destes, independentemente de ser com ou sem Orquestra, é como dar à luz um filho. [O "Close To Me"] saiu em 2019, mas comecei a trabalhar nele em 2017. O disco teve um trabalho de produção enorme, com uma envolvência de outro nível, não só a nível de energia, mas também financeiro. Com esse esforço todo, são raras as vezes que recebemos, do público ou do mercado, em proporção aquilo que damos.
Assim, quando recebo o 'ok' de uma entidade internacional, que já ouviu tanta coisa, tão boa e tão bonita.... Só o facto de saber que passou por esse escrutínio e merecer uma nomeação, é uma sensação surreal. Não foi dada de qualquer forma, o disco foi julgado, foi avaliado e comparado. Tanto o Grammy Latino como o norte-americano são avaliados por uma comunidade de membros votantes, que é maioritariamente composta por músicos, o que para mim ainda é uma valorização maior. Porque é avaliado pelos meus pares.
Noutro contexto haveria uma cerimónia onde os artistas estariam presentes. No atual, estão em casa, e é lá que sabem se venceram ou não. Como é que foi aquando dos Grammy latinos, em novembro, e como será agora com os Grammy norte-americanos, em março? Sente-se de forma diferente?
Sou uma pessoa muito extrovertida e extremamente transparente. Com toda a honestidade, o momento em que estou a ver a cerimónia e estão a chamar pelo meu nome... esse momento não seria diferente na forma como iria reagir. O ter o coração a bater ou o 'pronto, não fui eu'. Seria igual. Não interessa se estou sentada no meu sofá se num outro lugar qualquer. Ou se estivesse com a minha banda ou lá. Não acredito que a reação fosse diferente.
Pensando no agora, se não existisse Covid, poderia usufruir da cerimónia, dentro do seu glamour. Um glamour imaginário, porque só saberei como é quando lá estiver. Até lá não estar vou continuar a criar expetativas. E é estranho, sinto que uma parte da... Não vou dizer felicidade, porque essa ninguém me tira, ganhando ou não. Mas [perco a] oportunidade de conhecer tantas pessoas que adoro e respeito e que gostaria tanto mas tanto de dar um abraço e dizer: 'é uma honra estar nomeada na mesma categoria contigo, adoro o teu trabalho'. Isto não tenho oportunidade de fazer cara a cara, e deixa-me um pouco triste. Essa parte humana de celebrar em conjunto, junto da comunidade jazz que é bastante unida e que celebra a diversidade — especialmente na América. Mas é como digo, não tenho razões para ficar triste. [Estas nomeações] dão-me muita motivação para continuar.
Se ganhar o Grammy, o que é que [ele] irá alterar na minha carreira? Não mudaria nada. Vou ter de continuar a inspirar-me para continuar a trabalhar. Poder-me-á trazer algumas oportunidades? Sim. Mas acredito que só o o facto de estar indicada também.
"É em parte esta consciência criativa, que defendo e que sinto que a Holanda a celebra, que cada vez me dá mais o feeling de que estou muito bem onde estou"
As nomeações são o que guarda de 2020?
2020 trouxe-me coisas fantásticas. Grande parte do que tinha na minha lista de coisas que gostaria de fazer antes de morrer, realizações pessoais e profissionais, pelo menos três aconteceram. Ficar noiva e casar são duas delas, na questão pessoal. Na questão profissional, era realmente ser nomeada para um Grammy, não interessava se fosse Latino ou norte-americano, e fui. Além do mais, o ano passado recebi o Prémio Edison, um dos maiores entregues na Holanda, na categoria de melhor disco de jazz vocal, e com um disco cantado em português. É surreal que estas coisas me tenham acontecido num ano tão atípico, tão desencorajador, e em que musicalmente não me senti nada inspirada.
E tem um sabor especial por acontecer no ano do centenário do nascimento de Amália Rodrigues?
Também tem. Foi no ano do centenário, mas isso é algo que os amantes [do fado, da Amália] e os portugueses sabem. Mas é uma comunidade pequenina, comparando com a comunidade pop mundial. É interessante que o álbum não tenha sido assim tão bem recebido em Portugal. [O seu lançamento] não potenciou tantas oportunidades como está a potenciar fora do país. Não fazendo nenhuma crítica a ninguém, mas é o que é...
A celebração do centenário acabou por recair no dar oportunidade ao fado, mas senti um pouco a falta, olhando para os convidados, de dar uma oportunidade a outro género de projetos que envolvem o fado. Foram feitos convites a outros artistas que celebram o fado na sua forma e sonoridade tradicional - mas e de outra forma? Não vi nada. Uma vez mais, nós, portugueses, poderíamos expandir esta linguagem tradicional abraçando e celebrando outras formas de o fazer. De certa forma é o que sinto que acontece aqui na Holanda, uma aceitação de que a tradição desenvolve para outras “margens criativas”. É em parte esta consciência criativa, que defendo e que sinto que a Holanda a celebra, que cada vez me dá mais o feeling de que estou muito bem onde estou.
Teve o contacto do Ministério da Cultura ou de alguma das entidades culturais portuguesas após as nomeações?
Não, nada.
Nenhum telefonema?
Nada mesmo.
"Não me vou agarrar só a Portugal porque o meu público não é apenas o português, o meu público é o mundo"
Gostava de ter tido?
Não me faz diferença. O facto de estar nomeada faz-me sentir que não estou isolada e que a minha comunidade se interessa pelo que faço. Continuo a dizer, o ato de se fazer arte é individualista; e é mágico quando alguém é tocado e gosta. A ideia de se fazer arte para o público é uma ideia que entra mais pelo entertainment [entretenimento]. Que é também respeitável, e há vários estilos de arte que o fazem dessa forma e para alimentar as massas. Tem a sua qualidade, mas não me vejo nesse perfil. Não sei se alguma vez o farei; neste momento não é isso que procuro.
Não querendo insistir neste tema, mas porque achei engraçada a expressão. Já disse que o "Close to Me" era uma carta de amor a Portugal. Teve resposta?
[risos] Tive, mas não foi como esperei. Continuo a ter um público que me é muito fiel em Portugal. Honestamente pensei que, por ser um trabalho tão diferente do que já foi feito, por ter certas pessoas envolvidas... Pensei que por ser um trabalho tão audaz e tão grande, que iria chamar mais a atenção a determinadas entidades e determinados públicos. E não chamou.
Faço discos para crescer e para partilhar o que acredito. Isso está a ser celebrado entre o público português que já me segue; e no público que entretanto ganhei. A carta que recebi de volta de Portugal é maravilhosa. Se foi dentro dos conformes do que tinha imaginado, não — mas também nada é. Não pensei que ganhasse um Edison ou fosse nomeada para Grammys com este disco. Não me vou agarrar só a Portugal porque o meu público não é apenas o português, o meu público é o mundo. O que estou a receber de volta é muito maior do que pensei que iria receber. Isso vale, sinto-me honrada pelo que vem.
Não sei se vou ganhar [o Grammy norte-americano], mas tenho a mesma chance que os outros têm, que é 20%. Caso ganhe não sei como é que iria reagir num próximo encontro com o Pat Metheny, que é para mim um deus na terra. O que é que lhe iria dizer? Olá Pat, finalmente conhecemo-nos cara a cara, adoro-te, gravei as tuas músicas e olha ganhei-te no último Grammy… [risos] Não estou a contar ganhar, quase de certeza que será o Pat Metheny, que merece muito. E 'tass bem, eu própria votaria nele.
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