“Eu fico obviamente muito feliz por receber este prémio. É um prémio de grande prestígio internacional e concorrem escritores de vários continentes, incluindo da África. Não fui o único africano concorrente nesta edição nem em outras. Portanto, essa atenção que se está a dar ao continente africano e a outras escritas com outras sensibilidades é algo que me orgulha muito”, declarou Mia Couto à Lusa, em reação à atribuição do prémio.
O júri decidiu atribuir o prémio por unanimidade, algo que “diz tudo quanto ao reconhecimento da obra [de Mia Couto], do que significa literariamente, para a língua portuguesa e para quem escreve literatura nesse subúrbio da língua portuguesa que é Moçambique”, referiu o ensaísta e professor português Carlos Reis, que integrou o júri e a quem coube anunciar o nome do vencedor.
O vencedor, que recebe um prémio de 150 mil dólares, foi escolhido entre 49 autores de 20 países, que escrevem em seis línguas: catalão, castelhano, francês, italiano, português e romeno.
Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955, tendo sido jornalista e professor – atualmente é biólogo e escritor.
Prémio Camões em 2013 e José Craveirinha em 2022, Mia Couto é autor, entre outros, de “Jesusalém”, “O Último Voo do Flamingo”, “Vozes Anoitecidas”, “Estórias Abensonhadas”, “Terra Sonâmbula”, “A Varanda do Frangipani” e “A Confissão da Leoa”.
Traduzido em mais de 30 línguas, o escritor foi igualmente distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2011, pelo conjunto da obra, entras outras distinções.
“Terra Sonâmbula” foi eleito um dos 12 melhores livros africanos do século XX, e “Jesusalém” esteve entre os 20 melhores livros de ficção mais publicados em França, na escolha da rádio France Culture e da revista Télérama.
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