“Foi um dia triste em que nos despedimos do meu irmão Morgan”, anunciou hoje Craig Spurlock, em Nova Iorque, num comunicado citado por agências internacionais de notícias. “Ele deu uma grande contribuição [ao mundo] com a sua arte, as suas ideias e generosidade. O mundo perdeu um verdadeiro génio criativo e um homem especial”.
Spurlock atingiu reconhecimento internacional com o documentário “Super Size Me”, uma crítica à ‘fast food’ e às condições de vida que o impunham. Nomeado para os Óscares, o filme foi distinguido com vários prémios, desde associações de críticos e de argumentistas, nos Estados Unidos, ao festival de Sundance.
“Super Size Me” acompanhava o realizador durante 30 dias a alimentar-se exclusivamente de refeições baratas de cadeias de ‘fast food’, cedendo a promoções e a maiores formatos (‘super size’), sem ultrapassar os mil passos que o cidadão americano dava em média por dia.
Acompanhado por uma equipa médica, Spurlock atingiu uma situação clínica de risco, documentada pelo filme.
“Super Size Me” intensificou na altura o debate sobre problemas alimentares e os riscos do abuso de ‘fast food’, e serve ainda como instrumento educacional em escolas e institutos norte-americanos.
Morgan Spurlock, nascido da Virgínia Ocidental, regressou ao tema em 2019 com “Super Size Me 2: Holy Chicken”, centrando-se desta vez na pressão das grandes redes de restaurantes sobre pequenos produtores agropecuários, nos EUA.
Em 2005, dirigiu igualmente “Minimum Wage” (“Ordenado mínimo”, em tradução livre), para televisão, onde documentou a impossível vida de um casal com o ordenado mínimo então em vigor nos EUA.
O legado de Spurlock traduz-se em dezenas de projetos sobre questões-chave da sociedade norte-americana que incluem o trabalho da população migrante, abordado na série “30 Days”, a Guerra no Afeganistão (“Where in the World Is Osama Bin Laden?”), o poder do ‘marketing’ no sistema capitalista (“The Greatest Movie Ever Sold”), a moda e a idealização do corpo (série “7 Deadly Sins”).
A aposta de Spurlock e da sua produtora, Warrior Poets, foi sempre “desafiar destemidamente as convenções, usando humor e inteligência para esclarecer os problemas” sociais, disse hoje a sua família.
Morgan Spurlock morreu na sequência de um cancro. A família apelou à contribuição para o combate à doença, como forma de homenagear o realizador.
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