Vila Nova de Mil Fontes, localidade no litoral alentejano, é um local de eleição para o descanso sazonal. Ali, um caminho alternativo liga as duas principais praias, Aivados e Malhão. “Para os dias de férias necessitava de um carro para conseguir fazer esse troço”, informa Francisco Empis, empresário da comunicação e surfista nas horas vagas. E foi por isso que comprou um Jeep, por causa de um “caminho que faço uma ou duas semanas por ano”, sintetiza, rindo.
A entrada deste elemento no seio da família é tema de conversa. “O meu marido é forreta, uma pessoa muito poupada e quando me disse que ia comprar um Jeep as minhas expetativas eram baixas. Pensei logo num com muitos anos e muito antigo”, dispara Carolina Andrade Sousa, empresária. A supressa desembrulhou-se à primeira vista. “Quando comprei (a Carolina) pensava que era um calhambeque”, intromete-se Empis, uma descrição que estava nas antípodas da realidade. Apareceu em casa com um automóvel “lavadinho, preto, com umas linhas bonitas e modernas”, recorda. “Ficou surpreendida”, reforça.
O prazer da condução e sesta num carro de família
Carolina assume o prazer da condução, “sinto que vou a descansar do rebuliço do dia a dia”. Em particular, sente-se “mais importante, mais alta”, quando olha para o asfalto do alto do Jeep na posição do banco do condutor. “Mais dificilmente vendo eu o carro que ele (Francisco Empis). Pode até dar para as miúdas (duas filhas) quando tirarem a carta”, avisa.” Se derem toques num lado e noutro, pelo menos estão bem seguras num carro que as protege”, explica, soltando uma gargalhada.
“É um carro que estará muitos anos na família”, seja em férias ou fins de semana “podemos explorar caminhos mais difíceis” e “leva a tralha toda que precisamos de levar” onde se inclui as “pranchas de surf e paddle”, no presente, “os berços e cadeirinhas”, num passado recente. Por esses motivos, “é um carro de família”, sintetiza.
Carolina abre a porta da conversa ao agregado familiar. “As viagens de família, quem as faz ao volante sou eu. Faço as viagens grandes. Adoro guiar. O Francisco gosta de fazer sestas”, sorri.
Quando saem todos juntos com destino a parte incerta, “se me perguntarem qual é o carro que quero levar, é o Jeep que quero”, assegura. “É muito espaçoso e confortável”. Não só na mala, mas também vai muita coisa no tejadilho. Tem espaço para o condutor e para quem vai atrás”, descreve.
Um picnic na mala do carro entre as memórias
Francisco Empis acelera e assume as rédeas. “É um carro familiar, mas é sobretudo o meu carro. Gosto muito quando posso sair dois ou três dias sozinho e ir fazer surf e relaxar dessa forma”, informa. É verdade que “é o carro da família porque é o carro que as minhas filhas mais gostam, mas é acima de tudo, o meu carro para ir onde eu quiser”, reforça a ideia. “Eu e a família”.
As memórias surgem em primeiro plano. Empis recorda a primeira viagem, nas famosas "férias grandes". Duas crianças, pequenas, na fase “de levar tudo atrás”, a somar às “pranchas, uma mala em cima do carro e lá dentro ia tudo atolado”, descreve.
O princípio do desconfinamento, no ano passado, traz boas reminiscências para o elemento feminino do casal. A praia foi o destino do “nosso primeiro passeio higiénico”, lembra. Numa altura em que ainda não se podia, então, “estender a toalha”, enquanto “o Francisco foi fazer surf”, Carolina e as filhas abriram a mala do carro montaram um picnic, com "elas (as filhas) sentadas dentro do carro”, recupera. “É a memória visual que tenho. Sair e fazer um picnic na mala do carro”.
O silêncio do campo e do carro elétrico
“Mudámos há dois anos e meio da cidade para o campo. Ao fazermos distâncias maiores ajuda-nos a pensar antes de pegar cada um no seu carro”, reconhece. Entra na equação a preocupação com a “poluição” provocada pelos carros. Talvez só necessitem de “um só carro” ou andar em “sintonia”. E se antes a proximidade das escolas das crianças era uma benesse, hoje “demoramos, sem trânsito, 15-20 minutos até à zona onde trabalhamos. Mas mesmo assim há uma distância física. Ali é cidade. Aqui não é”, atesta Francisco Empis.
“Tenho um horário flexível e consigo fazer surf durante a semana". Por essa razão, ou leva tudo quando deixa as crianças na escola e segue para o trabalho ou vai trabalho e interrompe para o surf. A rotina é “casa, escola das crianças, trabalho e surf”, sublinha. “Os quatro pontos cardeais”, desenha na mente.
E nessa rota de mobilidade, assume que os carros são um “hábito muito difícil de quebrar”. Abre a porta a alternativas que possam “melhorar a forma como temos esse hábito e os elétricos são uma dessas melhorias, são bem-vindas”, destaca. “Ou há mudança radical e deixamos de ter esta mobilidade individual, o que acho muito difícil, ou a solução dos carros elétricos parece a mãos adequada”, exemplifica.
“Um híbrido poderia encaixar-se na nossa rotina. Pegando no carro daqui até ao trabalho. Aí estaria a carregar”, pensa Carolina. “Em casa, como vivemos com bastante espaço, até podemos ter energia natural para carregar o carro e assim poluir e gastar menos”, acrescenta.
“Gostava de ter um carro elétrico. Pelo consumo, pela poupança ambiental, pelo silêncio”, conclui Francisco Empis.
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